Viver (morrer) é tomar partido, por Susana Sánchez Arins

Artigo de Susana Sánchez Arins na Plataforma de Crítica Literaria A Sega:
“(…) Margot Sponer. Do galego antigo ás fronteiras da resistencia é, na aparência, um ensaio para filólogas entusiastas (para mim, vamos): uma pesquisa para recuperar o trabalho, muito especializado, duma investigadora de inícios do século XX. Mas, no avanço da leitura o que encontramos é o relato dum compromisso. Um compromisso claro com a diversidade, com as indefesas, com as perseguidas.
A primeira escolha de Margot Sponer é o objeto de estudo. Era filóloga românica. Podia centrar o seu trabalho em grandes línguas. É provável que todo corresse mais fácil, em recursos e prestígio, se isso fizesse. Porém, escolheu a língua pequena, uma dessas que nem sequer foram levadas ao campo científico, de tão desprezadas e ignoradas. Decidir-se pola língua galega foi uma maneira de tomar partido. De escolher a luz.
Mas não foi a única. Margot Sponer escolheu ficar em Berlim quando outras iam embora, caminho do exílio. E escolheu ficar em Berlim porque desde aí podia ajudar, às rebeldes, às judias, às comunistas. Às anti-nazistas. E novamente luz.
E depois nem sequer sombra. Só trevas.
Assassinada pola Gestapo, provavelmente, o seu nome foi esquecido, o seu trabalho arrombado no faio e a luz apagada. Como a de tantas mulheres que antes que nós foram.
Neste sentido, o trabalho de Antón Figueroa foge das margens da filologia para instalar-se no da memória histórica. Mesmo precisa de recorrer às fontes das que bebe esta última. No rastejo de hemerotecas e fundos de arquivos e cartórios notariais são-nos furtadas informações, falta verdade, mesmo dando com os feitos. Por isso deve recorrer às fontes orais, aos documentos privados, aos testemunhos familiares. (…)”