Artigo de Susana Sánchez Arins na Plataforma de Crítica Literaria A Sega:
“Quem tivesse alguma vez interesse no historia da bruxaria, saberá do Malleus maleficarum, o tratado mais completo sobre as bruxas, contemporâneo à época de caça mais frutífera. Era o guia de inquisidores e torturadores para fazer um trabalho bem aprimorado. Quem tivera alguma vez interesse na historia da tortura saberá da cadeira das bruxas, ferro a se cravar nas entranhas reclamando confissão, saberá das tatuagens em ferro candente, do rapado de cabelos e pêlos, todos, saberá da submersão em águas frias e caldas. Quem tivera alguma vez interesse na história das infâmias saberá nomes: saberá de Martín del Río e do seu Disquisitionum magicarum libri sex, saberá do processo de Zugarramundi, saberá de Alfonso de Salazar e a sua crítica às torturas.
Todo isto, e mais, demonstra conhecer fundamente, no seu Palabra de bruxa, Andrea Barreira Freije, mas com a mestria de não o mostrar.
Um dos grandes perigos dos romances históricos, ou daqueles que sem ser históricos, são colocados em épocas distantes da nossa, é o excesso expositivo. A abundância explicativa. A cornucópia contextual. Contar-nos como comiam, dormiam, sentavam, caminhavam naquelas idades para que nos fique claro o fundo trabalho documental da escritora. Que é um tribunal inquisidor. Como funciona um moinho. Que peças de roupa veste cada grupo social. Quanto lhe leva a uma carruagem fazer uma posta entre Queixumes e Naibaco. Informações desnecessárias que empecem a leitura da trama. (…)”