Entrevista a Ramiro Vidal Alvarinho: “Sou filho do êxodo rural”

Entrevista a Ramiro Vidal Alvarinho en Diário Liberdade:
“(…) – Diário Liberdade: É usual que apareça o teu nome em diferentes atos políticos-sociais do país. Segue a ser a poesía esse arma carregada de futuro?
– Ramiro Vidal Alvarinho: A poesia no pensamento é fundamental, mesmo tenho refletido internamente sobre esta questom, e às vezes fago mençom na minha escrita a conclusons que tiro, a partir do meu, se quigeres, modesto entender, dessa reflexom interna. É freqüente as pessoas com umha consciência política clara, com um compromisso nacional e de classe claro, fazerem alarde do seu desprezo pola poesia como meio de expressom, e eu acho que há que distinguir; umha cousa é estar disconforme com a presença que se concede aos poetas em determinados atos de massas e outra cousa é desprezar a poesia. Na filosofia, há poesia, com certeza; desde o Tao até Niestzche, passando polos filósofos da Grécia clássica. Na religiom, indubitavelmente, e nom há mais que dar umha vista de olhos ao al-Corám ou à bíblia. E na política, claro. Que líderes revolucionários como Agostinho Neto, Amílcar Cabral, o Che Guevara ou Ho chi min cultivassem a poesia nom é um acaso. E no Livro Vermelho de Mao, nom há poesia? Isto para nom falarmos da influência literária e estética do que para mim é o paradigma do poeta revolucionário galego: Curros Enríquez. Na cultura moderna, a poesia tem umha presença inegável, desde os cantores de intervençom que musicárom poetas de todos os tempos, até a cultura pop e rock. No niilismo do punk, na épica do heavy metal, no culto ao indivíduo e à liberdade do rock and roll nom há poesia? (…)”