Marcos Abalde: “Temos que escolher entre consumo de ansiolíticos ou a organizaçom da barricada”

Entrevista de Montse Dopico a Marcos Abalde en Magazine Cultural Galego:
““Este é um sistema criminal baseado na exploraçom do ser humano polo ser humano, na irresponsabilidade mais absoluta com a terra e as geraçons futuras e na administraçom da fame e o medo”. Asim explica o dramaturgo Marcos Abalde, e toda a sua obra é denúncia desse facto. Como ele mesmo o define, teatro-sabotagem. Rutura, colapso. Fenda no miolo do poder. E assim é A cegueira, (Xerais), o texto com o que ganhou o XX prémio Álvaro Cunqueiro. Falamos com ele desta e do resto das suas obras.
– Montse Dopico: A cegueira remite-nos, em primeiro lugar, ao extermínio do povo palestino, mas poderia ser qualquer outro povo massacrado pola barbárie administrada polo Estado. Qual é a cegueira à que aponta, em relaçom com isso, A cegueira?
– Marcos Abalde: É a cegueira da que fala Günter Anders. A cegueira desta Idade Escura, destes Tempos Sombrios que padecemos, onde o industrialismo e a tecnocracia chegárom a semelhante expansom que já nom nos permite ser conscientes das consequências dos nossos atos. A desproporçom é tam grande que apenas umha minoria pode intuir a monstruosidade que implica o trabalho e o consumo. Ao mesmo tempo, o regime tenta desacreditar todas as ferramentas colectivas de defesa para que a maquinária do mal poda funcionar a pleno rendimento. No século XIX pensava-se que a educaçom das classes populares ia resolver de maneira automática as injustiças. Depois da passagem do século XX hoje sabemos que há um novo tipo de analfabeto com um conhecimento técnico altamente especializado e que passa as tardes a jogar com a Wii. O horror nom se ignora, prefere-se ignorar. (…)”