Artigo de Susana Sánchez Arins na revista A Sega:
“As agulhas que tecem, as peles cicatrizadas, as paredes caladas aguardando unhas que as rabunhem e escrevam, as agulhas espinheiras, o frio glacial, os velenos inoculados como genêtica, as feridas abertas, a louça que escacha, o azul das florinhas do linho nas mãos da sinha maria, os fios invisíveis, as carabunhas das fruitas, a poética do zercido, os versos que estouram em vulcões e reconstruem um mundo fendido na raíz.
Todos os anteriores são motivos que reconhecemos na obra de poetas à Sega traídas ou por traer, em personagens fictícias dignas de ser resenhadas. Motivos que não dão mostra de reiteração, de monotonia ou de simples remedo, mas que transparentam uma reinterpretação e, sobretodo, uma comunicação de estirpe. Quantas mais poetAs lemos, mas fácil é perceber na sua escrita os rastos duma tradição subversiva. Porque estamos cosidas polas beiras do corpo umas a outras.
E todos aqueles primeiros são motivos presentes em Raíz da Fenda, um poemário de Berta Dávila que ganha matizes e riqueza de o lermos acompanhadas dos poemários doutras autoras, um em especial, o Catálogo de Velenos, de Marilar Alexandre.
Obra estruturada em cinco partes, cada uma delas recorre uma experiência de feridas que supuram e marcam, mas necessárias para a protagonista construir-se ou, quando menos, conseguir malabitar-se. Uma palavra simples, derruba. (…)”