Desde o blogue de Ramón Nicolás, Caderno da crítica, este Cuestionario Proust a Mário J. Herrero Valeiro:
“1.– Principal trazo do seu carácter?
– A inconstância. A persistência. Não são incompatíveis.
2.– Que calidade aprecia máis nas persoas?
– A adaptação amável às circunstâncias. A compreensão da dor alheia. A calidez.
3.– Que agarda das súas amizades?
– Que existam. Que tenham paciência comigo.
4.– A súa principal eiva?
– A inconstância (e todos os seus falsos sinónimos).
5.– A súa ocupación favorita?
– Não fazer nada. Mas habitualmente não tenho tempo para isso. Olhar as árvores e as pedras. Também não tenho tempo.
6.– O seu ideal de felicidade?
– A solidão na montanha. Os meus filhos ao fundo. O silêncio. Os risos deles ao fundo.
7.– Cal sería a súa maior desgraza?
– Fracassar como pai. Porém, não sei demasiado bem o que isso significa.
8.– Que lle gustaría ser?
– Gostaria de ser, sim. Sujeito de razão. Não chegarei a sê-lo.
9.– En que país desexaría vivir?
– Nos Ancares. Talvez nas Highlands escocesas, que jamais pisarei.
10.– A súa cor favorita?
– O negro, sem matizes.
11.– A flor que máis lle gusta?
– O alecrim. Mas prefiro qualquer árvore.
12.– O paxaro que prefire?
– Uns dias, o papo-ruivo. Outros dias, o falcão.
13.– A súa devoción na prosa?
– Henry Miller. Também Jorge Luis Borges. A prosa é a minha particular tortura.
14.– E na poesía?
– Leopoldo María Panero. Herberto Hélder. Arthur Rimbaud. Sem ordem nem concerto. No futuro, Amadeu Baptista.
15.– Un libro?
– Três. Trópico de Capricórnio. Poemas del Manicomio de Mondragón. Poesia Toda.
16.– Un heroe de ficción?
– Ethan Edwards, interpretado por John Wayne em The Searchers, de John Ford. Para compensar, também gosto de Luca Torelli, protagonista da banda desenhada Torpedo 1936, de Enrique Sánchez Abulí (guiões) e Jordi Bernet (desenhador).
17.– Unha heroína?
– Tracy Lord, interpretada por Katherine Hepburn em The Philadelphia Story, de George Cukor. Não confundir com Traci Lords, que também.
18.– A súa música favorita?
– Sempre, Tom Waits. Às vezes, The Doors e Nick Cave and The Bad Seeds. Tudo aquilo em que esteja envolvido Enrique Villareal, El Drogas. Sou musicalmente eclético. Até tenho momentos para Puccini, quando me sinto grandioso e eterno. Qualquer forma de rock and roll clássico.
19.– Na pintura?
– Não tenho sensibilidade para a pintura. Só me emociona um pouco O Grito, de Munch. Lembro que gostei de El Greco ou de Durero. Mas eram épocas em que me sonhei culto.
20.– Un heroe ou heroína na vida real?
– Todas e cada uma das mulheres que luitam num mundo concebido por e para homens. Além disso, sinto uma simpatia especial por Pilar Manjón.
21.– O seu nome favorito?
– Cósima. Elias.
22.– Que hábito alleo non soporta?
– Tudo aquilo que implique ver refletido noutra pessoa o pior de mim. Tudo aquilo que não suporto em mim.
23.– O que máis odia?
– Não odeio. Tento não odiar. Quero não odiar. A hipocrisia. A social-democracia. Sejamos sinceros: o autoritarismo, o miserabilismo.
24.– A figura histórica que máis despreza?
– Qualquer social-democrata, escolham vocês um ou uma. Hoje, Felipe González, por exemplo.
25.– Un feito militar que admire?
– A barbárie como objeto de admiração? Talvez as correrias dos almogávares polo Mediterrâneo no século XIV. Sou intermitente leitor de história militar. Adoro, por exemplo, A Queda de Constantinopla 1453, de Sir Steven Runciman. Nada é mais humano do que a barbárie.
26.– Que don natural lle gustaría ter?
– A inteligência musical.
27.– De que maneira lle gustaría morrer?
– Responder a isso implicaria pensar que estou vivo. Suporto mal a dor física. Pior a psíquica. Que seja rápido, por favor.
28.– Cal é o seu estado de ánimo máis habitual?
– A indiferença militante. O cansaço ativo.
29.– Que defectos lle inspiran máis indulxencia?
– Todos os defeitos resultantes do cansaço causado polo trabalho assalariado.
30.– Un lema na súa vida?
– Resiste. Insiste. Persiste.”