Entrevista a Susana Sánchez Arins no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): seique é o novo livro da susana. que vão encontrar as e os leitores em seique?
– Susana Sánchez Arins (SA): as leitoras vão dar, de entrada, com uma estória de família, de um tio manuel que foi de meu pai e foi mui mau, seique; para de aí dar, passo a passo, com a história mais terrível do país: parto das maldades familiares para tratar do horror da repressão franquista. de passagem, encontrarão uma reflexão sobre a importância da memória e da dignidade na derrota. [sei que não é muito padrão o termo estória, mas se mia couto pode, eu sinto-me autorizada para o utilizar também, e ademais neste caso quadra estupendamente] (…)
– PGL: seique é uma historia poderosíssima. como está sendo recebida?
– SA: acho que mui bem, muito melhor do que eu contava.
eu estou orgulhosa do resultado final do livro, não vou exercer aqui a falsa modéstia. estou orgulhosa porque é desses estranhos casos em que o produto final saiu mais rico e formoso que o produto planificado por mim no início. adoita acontecer ao invés [quando menos a mim]: aquilo que sai publicado não é tão bom como tu sonhaste, sempre escreves pior na realidade que nos teus pensamentos. porém neste caso não foi assim: no processo de escrita dei com uma multidão de ideias e recursos com que não contava, que melhoraram o produto final.
mas também sou realista. sei como se move o campo literário. sei que escrever com nh pecha portas e janelas, que resta visibilidade às obras. e ver o seique entre os dez mais vendidos no mês de outubro para mim foi um shock, pois não contava com tal cousa.
em todo o caso, o mais agradável estão a ser os comentários das leitoras: gostam da forma e o fundo, seique ficam seduzidas pola narrativa e ando a roubar-lhes horas de sono. e, sobretodo, seique está a despertar conversas nas cozinhas, a eliminar silêncios familiares noutras casas, e esse era o objetivo final da escrita. (…)
– PGL: seique é um livro memorialístico. que achega ao campo da memória histórica?
– SA: para mim achega a justiça poética de fazer conhecidos os maldosos anónimos da repressão. a destruição do silêncio cúmplice. após a grande preocupação dos últimos anos por recuperar os nomes das vítimas e devolver-lhes a dignidade arrebatada, creio que é tempo de dizer bem alto, também, os nomes dos vitimários. em 2016 farão-se os 80 anos desde o golpe de estado fascista, a vaga de terror que o seguiu e a repressão da ditadura. 80 anos são avondos.
e reclamo a atenção às estórias frente à história. na atualidade é complicado fazer história daqueles tempos. a história exige fontes documentais contrastadas e, com grande sucesso, o fascismo preocupou-se mui muito de apagar qualquer pegada documental das suas muitas feitorias. e tanto protagonistas como testemunhas diretas estão, quase todas, mortas. porém a tradição oral, as memórias familiares, guardam muita informação do que em verdade sabemos que (sei que) aconteceu. eu animei-me a contar as memórias familiares dessa repressão. e animo outras netas, outros netos, a fazerem o mesmo.”