Susana Sánchez Arins: “Se fez isso aos da casa que faria aos de fora”

EntrevistaSusana Sánchez Arins AELG a Susana Sánchez Arins en Sermos Galiza:
“(…) – Sermos Galiza (SG): seique é un libro difícil de definir e sen embargo parece que está a resultar un éxito editorial, que che comentan os lectores a respecto do seu interese por unha obra inclasificábel?
– Susana Sánchez Arins (SA): O que chegou a mim nos lançamentos e encontros com leitoras foi a familiaridade da história que conto. Literalmente. Muitos comentários começavam com um “também na minha casa, na minha aldeia…”. Até a frase que o coro repite insistente era pronunciada noutros lugares. Creio que esse é um dos acertos do livro: contar a estória que escondia a minha família e que vem sendo uma estória semelhante a tantas outras que escondem outras casas. E fazê-lo respeitando o estilo oral em que essas estórias foram contadas às agachadas, nos escanos das cozinhas ou na escuridade da invernia. Isso reforçou a sensação de proximidade na leitura.
– SG: En que medida a literatura permite achegarse a unha verdade que na historiografía ten un acceso vedado?
– SA: Inicialmente eu quigem escrever História, assim com maiúscula. Mas encontrei um obstáculo para fazê-lo: a ausência de fontes. A historiografía requer dados verificados e contas bem botadas. As historiadoras não podedes afirmar nada sem um documento que vos garanta. E isto é um problema em contextos como o da repressão franquista, em que as acções paralegais, como os passeios, não constam nenhures e na que os arquivos foram limpados e saqueados e muitos dos documentos mentem mais que qualquer testemunho oral. Sem ir mais longe, o único que aparece documentado sobre o tio Manuel são essas louvanças morais das forças vivas do lugar e os seus nomeamentos como alcalde. Se atendemos à papelada só podemos afirmar que foi um cidadão sem tacha.
Na literatura não estamos coutadas por essas servidões e, mesmo correndo o risco de não ser verídicas, as nossas narrativas podem chegar a ser mais verdadeiras. Todo isto sem entrarmos no debate de se é possível a historiografia fugir à literatura, que eu acredito que não. (…)”