Entrevista a Susana Sanches Arins en aRi[t]mar:
“(…) – aRi[t]mar: Como valoras a situaçom atual da poesia galega?
– Susana Sanches Arins (SA): Acho que se numa cousa somos boas as galegas é na poesia. É um tópico e uma realidade a um tempo. Às vezes eu fago a piada de que na Galiza, se levantas uma laje, sai-che nom uma lagarta, mas uma poeta. Contamos com uma enorme variedade de vozes, de estilos diversos, com trajetórias longevas e experimentadas a combinar-se com novos talentos, das quais a seleçom do aRi(t)mar é um bom exemplo: aparece a merecidíssima Prémio Nacional (sic) de Poesia Pilar Pallarés a carom de Carlos Lixó, voz novíssima entre as novas, ou Celso F. Sanmartín, a voz nascida da tradiçom oral, a carom de Lucía Aldao, que traz o mundo urbano nos seus poemas.
Há uma figura retórica a que lhe dizem sobrepujamento. Consiste em falar muito bem das contrincantes para elevar o teu próprio valor. Pode parecer que é o que estou a fazer eu agora e nom há detrás essa intençom, mas a de manifestar o meu orgulho por fazer parte de um sistema tam produtivo e rico e diverso.
– A: Que fortalezas encontras no uso do idioma galego como escritora?
– SA: A de utilizar a ferramenta que melhor domino e que mais me liga com o mundo, pois é a minha língua. Nom pensei nunca em termos de fortaleza e debilidade, que é algo que se deduz da pergunta. Nom fiz uma análise DAFO antes de decidir que língua usar para a escrita. Uso a minha língua de vida, a do meu quotidiano, aquela com me relaciono com o meu entorno.
Sei que também há implicaçons políticas, pois ao ser utente também do castelhano, há uma escolha, um posicionamento, mas essas reflexons vêm depois da passagem natural de escrever na língua com que leio e apreendo a vida. A fortaleza? Nom há melhor maneira de fundir o pessoal com o global: só a partir do teu eu mais eu (e isso inclui a língua) podes chegar aos eus de qualquer outro lugar.
– A: Que transmitirias à gente que está a começar na poesia?
– SA: Que escreva. Muito. Que leia. Muito também. Mas que, sobretodo, atenda ao mundo. Que observe. Que abra olhos, orelhas, boca e pele. Porque é no quotidiano mais aparentemente banal onde se aparecem os melhores versos. (…)”