Cuestionario Proust: Teresa Moure

Desde o blogue de Ramón Nicolás, Caderno da crítica, este Cuestionario Proust a Teresa Moure:

«1.– Principal trazo do seu carácter?
– A paixão.
2.– Que calidade aprecia máis nas persoas?
– A lealdade.
3.– Que agarda das súas amizades?
– Tudo. Tudo e ainda mais.
4.– A súa principal eiva?
– A paixão também; é virtude e falta.
5.– A súa ocupación favorita?
– Com efeito, não respostar entrevistas. E a maioria das que se me vêm à cabeça agora mesmo rebordam o que é correto numa entrevista.
6.– O seu ideal de felicidade?
– Nem sonho que exista a felicidade.
7.– Cal sería a súa maior desgraza?
– Que não me amassem aquelas pessoas a quem amo.
8.– Que lle gustaría ser?
– Pipi Calzaslargas
9.– En que país desexaría vivir?
– Em Libertária, alguma vez tenho escrito sobre ela. Visto desde a terra, numa Galiza libertada e libertária.
10.– A súa cor favorita?
– O lilás pelo que significa. O negro por contê-las todas.
11.– A flor que máis lle gusta?
– Passei a minha infância num jardim peculiar, duma beleza absoluta. Daquele paraíso conservo vivas as imagens de flores exóticas. Desculpem-me, que não pretendo fazer-me a rara. Mas, se devo ser sincera, as minhas flores são amarilis de Ceilão, estrelícias e medinilas.
12.– O paxaro que prefire?
– Um mamífero sempre. Porque um pássaro?
13.– A súa devoción na prosa?
– Tenho muitas devoções. Adoro as histórias entrelaçadas de Amin Maalouf ou de García Márquez e o lirismo despido de Clarice Lispector o de Hiromi Kawakami. Vejo-me marcada por textos de John Coetzee, de John Berger, de Marguerite Duras… Mas na prosa sou inconstante: quanto mais leio, mais gosto do último que acabo de ler. Autores e obras que li nos últimos anos como A elegância do ouriço de Muriel Barbery, A mulher que mergulhou no coração do mundo de Sabina Berman ou o esplêndido O museu da inocência de Orhan Pamuk estão entre as minhas mais caras preferências.
14.– E na poesía?
– Sempre é difícil reduzir as preferências a nomes, mais ainda na poesia onde às vezes fico atada a uns poucos versos. Sem dúvida, Alejandra Pizarnik, Mario Benedetti, Fernando Pessoa e Wislawa Szymborska, mas nem só.
15.– Un libro?
Cien años de soledad. Foi uma noite sem dormir porque não podia fechar as páginas.
16.– Un heroe de ficción?
– Satanás, que disse «não servirei».
17.– Unha heroína?
– Lilith, que também não foi obediente.
18.– A súa música favorita?
– Adoro a música brasileira, por exemplo, de Adriana Calcanhotto ou os fados de Carminho ou de Gisela João e o estilo refinado da música portuguesa de Madredeus ou Rodrigo Leão. Mas também gosto de REM, Queen, os Ramones e os Cramberries. Sem nada a ver com o anterior, escuto com frequência, para escrever, música clássica e gosto com delírio das árias das óperas de Verdi. Gosto das baladas de Silvio Rodríguez e de todos os sons possíveis em Eric Clapton… Vejo que, quando me ponho a escolher, sai um pouco de tudo e nada muito definido para uma resposta.
19.– Na pintura?
– Para dar uma referência terão que ser as Guerrilla girls, pintando o mundo doutra perspectiva, mas anônimas e, portanto, inacessíveis. Sabemos que eram mulheres da pintura, sabemos o que queriam da pintura, mas nem sempre sabemos exatamente o que pintavam por aquilo de não sabermos bem quem eram. Dos famosos-famosos Magritte ou Klimt.
20.– Un heroe ou heroína na vida real?
– Qualquer avó que cuida das netas, quem reserva na horta um espaço para as flores, qualquer um que limpe um quarto e siga a respeitar a quem o sujou. E, com efeito, todas as pessoas que se erguem enfermas, rotas, angustiadas, ou com poucas esperanças, mas prestas a mudar o mundo para quem vier detrás.
21.– O seu nome favorito?
– Hmmm, o nome dizem os antigos que abre as portas da alma, assim que os nomes importantes devem ser calados.
22.– Que hábito alleo non soporta?
– Não sou exigente nesse ponto. Os hábitos são apenas culturas e eu vejo-me bem como nômade que observa e aceita todas as culturas.
23.– O que máis odia?
– A apatia.
24.– A figura histórica que máis despreza?
– Judas. Não suporto a hipocrisia.
25.– Un feito militar que admire?
– Embora eu seja das poucas pessoas que acham justificadas as armas nalguns contextos de violência do sistema, não simpatizo com o mundo militar, com a sua disciplina férrea e a sua habitual forma de pisar por riba das pessoas por atender um mandado. Assim que, postas e escolher uma revolta armada, igual a preferida era uma que vi a outra noite num muro de facebook, quando Eva lhe disse a Adão: «Que eu saí da tua costela? Tu saíste da minha cona!». Assim, sem armas nem vontade de causar feridas… mas rebelde e carregada de razão.
26.– Que don natural lle gustaría ter?
– A frialdade, a capacidade de tomar as coisas com distância.
27.– De que maneira lle gustaría morrer?
– Vivendo. Sem trégua.
28.– Cal é o seu estado de ánimo máis habitual?
– Efervescente.
29.– Que defectos lle inspiran máis indulxencia?
– Os atos espontâneos, as saídas de tom que derivam do excesso de energia pessoal.
30.– Un lema na súa vida?
– Já descansarei quando estiver morta.”