Entrevista a Moncho Iglesias Míguez na Palavra Comum:
“(…) – Palavra Comum (P): Que é para ti a poesia?
– Moncho Iglesias Míguez (MIM): Um jeito de expressar-se, de insultar ou louvar com musicalidade ou com estridências; um jeito de berrar, uma protesta, uma declaração de princípios, um desnudo.
– P: Como é, no teu caso, o processo de criação literária?
– MIM: Escrevo por momentos, em papéis que misturo, entre os livros, em bilhetes, em folhas soltas… Gosto imenso de escrever na praia, onde trabalho muito e onde fiz mui boa parte das traduções que tenho feito. Necessito papel e lápis, e ruído para acompanhar o meu silêncio. Escrevo nas viagens longas espécies de diários dum protagonista que imagino nesses lugares que descubro, e escrevo versos como uma constante quase diária. Os contos som mais repousados, numa mesma folha ou caderno, sem horário, mas sim cum esquema. (…)
– P: Como vês a literatura galega nestes momentos?
– MIM: Viva e entusiasmada, com muita gente fazendo cousas maravilhosas, mas penso que temos que perder o medo a criticar-nos e a dizer-nos uns aos outros do que não gostamos. Necessitamos algum Jodorowsky que nos insulte e nos avergonhe e assim non cuspamos com tanta vaidade o que todos os colegas nos aplaudem. (…)
– P: Tens experiência como tradutor… Como afrontas esse trabalho? Que representa para ti?
– MIM: Representa um entretimento e uma necessidade de partilhar cousas das que gosto na minha língua. Há livros que leio e desejo que todo o mundo leia, e por isso o recomendo e às vezes mesmo proponho que se traduza.
Afronto-o com respeito, com lentidão, com ilusão por poder explicar cousas que vivo ou que adoro á hora de ler. Tenho muita sorte, porque escolho o que traduzo, assim que é um prazer, ainda que às vezes é frustrante e desisto por momentos. Há momentos em que uma palavra pode atascar-se num trabalho dias e dias, e aí as amizades podem ajudar e também os autores, aos que sempre que podo pergunto qual é a sua ideia original. (…)”