Entrevista a Pilar García Negro no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Qual foi a melhor iniciativa nestes quarenta anos para melhorar o status do galego?
– Pilar García Negro (PGN): Permitam-me, antes de mais, umha pontualizaçom: nom é adequado falarmos de “oficialidade” do galego e, portanto, do 40º aniversário da mesma. Tal efeméride, neste 2021, leva-nos à promulgaçom de umha lei orgânica espanhola, o “Estatuto de Autonomia da Galiza” (Abril 1981), dependente, a fortiori, da Constituiçom aprovada e promulgada em 1978. O que em ambos textos legais se permite é um regime de cooficialidade. A tal cooficialidade (verbal, terminológica) nem sequer é real, quer na sua modalidade territorial, quer como direito pessoal. E nom existe, como exercício possível, porque a supremacia da língua oficial do Estado, o espanhol, elimina de raiz qualquer possibilidade de igualdade ou de equiparaçom legal.
As melhores iniciativas (em plural) para melhorarem o status do galego nascerom (des)de abaixo, quer dizer, do mesmo povo galego organizado em diferentes porçons políticas, sindicais ou associativas. Reluzem de jeito singular a atividade, propostas, denúncias de incumprimento de mínimos legais e relaçons internacionais, da Mesa pola Normalización Lingüística. O grande paradoxo-drama é que levamos décadas acumuladas dumha actuaçom governamental-“juntística” que agita com frequência o cocktail da passividade-indiferença-hostilidade-agressom no tratamento sociopolítico da língua galega, com particular ênfase negativa na última década, onde se chegou a conceituar o galego como “barreira” ou a proibi-lo, diretamente, em várias disciplinas do temário escolar.
– PGL: Se pudesses recuar no tempo, que mudarias para que a situaçom na atualidade fosse melhor?
– PGN: Várias cousas. A principal: a utilizaçom da cativa (no duplo sentido) legislaçom e competências autonómicas a prol do galego, para o fazer mais visível e audível socialmente; para ir conquistando e consolidando espaços de uso público; para lhe procurar asociaçons novas e rupturistas; para soldar sentimentos de galeguidade tradicional com pensamentos e atos de galeguidade consciente. Também mudaria táticas de sociopedagogia, que, se calhar, utilizamos com a melhor intençom mas sem a devida inteligência. E, por suposto, encareceria muito mais a necessidade dumha nova didática no ensino da língua, no ensino em geral, e na procura de usos nom redundantes ou consabidos (literatura, efemérides…). (…)”