Entrevista de Montse Dopico a Charo Lopes en Nós Diario:
“Os limites do enquadramento. O que nom é representado. O que nom sae na foto. É o eixo em torno do qual gira o álbum, o novo livro de Charo Lopes, com o qual ganhou o Prêmio de Poesia Cidade de Ourense. A autora revelou-se como umha das vozes essenciais da recente poesia galega com De como acontece o fin do mundo. Este é um projeto diferente. Feito a partir do íntimo, o micro, o retrato de pessoas e afetos. Mas não menos político, menos de intervençom no coletivo. Fronte à saturaçom da imagem que esconde o que fica nas margens.
-Nós Diario (ND): Por quê o livro é como um álbum de fotos?
-Charo Lopes (CL): Trabalho como fotógrafa e esta condiçom fai-me refletir sobre o sentido da criaçom fotográfica, em que convivem hoje os novos usos -no sentido que define Joan Fontcuberta a posfotografia- com os velhos usos, da fotografia como memória e documento. Num contexto de imensa saturaçom de imagens, cumpre pensar quais representaçons abundam e quais faltam. Interessa-me também a relaçom da imagem com o texto, como se complementam e se pode jogar com a ambiguidade da imagem ancorando com as palavras.
– ND: De que jeito se relaciona album com a memória pessoal e coletiva?
– CL: É um logro do capitalismo que pensemos que o nosso potencial está no que nos diferença das outras, favorecendo o individualismo e a competitividade. As pessoas somos parecidas, partilhamos condiçons sociais, físicas, emocionais… e o potencial emancipatório fica em reconhecer-nos a nós próprias e identificar o que, e com quem, temos em comum. Aí surge a solidariedade e a cooperaçom. Ademais, a memória pessoal sempre tem um contexto, portanto sempre é coletiva. (…)”