Entrevista en Galiza Livre a Contos Estraños:
“(…) Galiza Livre (GL): Contos Estraños Editora, além de ser um projeto empresarial, nasce com a finalidade de finalidade “ajudar a normalizar o panorama da literatura fantástica em língua galega, principalmente mediante a promoçom de autores e ilustradores do país”. Pensades que o campo literário galego continua sem diversificar-se e monopolizado pola narrativa de temática galega e a poesia –cobrindo os ocos, claro, com o espanhol–?
– Contos Estraños (CE): O sistema literário galego mudou muito na última década, por fortuna, com a geralizaçom de fenómenos como o best seller, ou a traduçom literária. A impressom a demanda também favoreceu a apariçom de difussom de projetos editoriais modestos, como o nosso, que procuram preencher ocos que antes havia que preencher com o espanhol. De todos os jeitos, fica muito por fazer, e o nosso sistema segue a estar dominado por uns poucos que possuem critérios editoriais muito definidos e pouco diversificados. Polo geral, publica-se para um público militante do livro galego que já está ganhado e já participa da nossa cultura literária, sem abrir o abano, se calhar por temor a nom chegar ao outro público, por conservadurismo ou comodidade. (…)
– GL: Tem-se falado ultimamente muito da crise do setor editorial galego. Vós, como um projeto pequeno e que nasce desde baixo, que opinades? O futuro passa por projetos como o vosso, mais “artesanais”, ou polas grandes editoriais?
– CE: Conjugando a primeira e mais a segunda resposta, o mercado editorial galego é como pescar num estanque fechado onde os peixes nom se reproduzem. Estamos a consomer recursos, sem criar novos leitores interessados na nossa literatura. A fim de contas, som os novos os que configurarám o futuro do mercado editorial, e os que o controlam actualmente semelham anquilosados na ideia de forçar o gosto pola leitura. Na nossa opiniom o problema está aí, em dar-lhe ao público no o que quer, senom o que um quer que consomam. Evidentemente há crise no mercado literário galego, mas é umha crise sistémica, derivada, entre outras cousas, de décadas de malas políticas do livro por parte das administraçons. Se só pensamos nos subsídios, nas compras institucionais e nos docentes, ao melhor somos nós mesmos os causantes dessa crise. Por fortuna, ideias nom faltam, e os meios de produçom som de cada vez mais accessíveis e baratos. Ao melhor o futuro do nosso sistema literário nom será só dos pequenos projetos, mas que estes jogarám um papel fundamental, disso nom temos nenhumha dúvida. (…)”
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Isaac Alonso Estraviz: “Os inimigos da Galiza são, infelizmente, os próprios galegos”
Entrevista a Isaac Alonso Estraviz en Galiza Livre:
“(…) – Galiza Livre (GL): Como membro da AGLP, que supom para a Galiza a inclusom do seu léxico nos dicionários comuns? Dá a impressom de que todo o trabalho militante da AGLP está a deixar nas últimas datas um cúmulo de fitos históricos dos que nem somos conscientes.
– Isaac Alonso Estraviz (IAS): Esse léxico galego que se está a introduzir nos dicionários portugueses e brasileiros, ainda que pareça estranho, existe também em Portugal e no Brasil. Só muito poucas palavras parecem exclusivas da nossa zona.
– GL: Viajando no tempo, você participou na reuniom do Acordo Ortográfico do Rio de Janeiro em 1986, graças às gestons de Guerra da Cal. Como lembra aquele acontecimento? Vê mais cumplicidade por parte do Brasil para a entrada da Galiza na lusofonia do que de Portugal?
– IAL: Aquele acontecimento teve muita mais importância da que se pensa. E a nós, os galegos de Irmandades da Fala, deve-se-nos muito. O Acordo era entre Portugal e Brasil. Os portugueses prescindiam dos países africanos de língua portuguesa. Nós fomos os que prisionamos para que fossem convidados todos os países de língua portuguesa conhecendo as consequências que de não os convidar iam seguir-se. Além disso, eu mesmo lhe recordei ao representante português de como um africano falara no Congresso da Língua Portuguesa no mundo, celebrado em Lisboa no ano 1983, depois de uma hora falando, foi aplaudido por todos durante quinze minutos e de como depois ainda continuou por mais de meia hora. Em princípio e como convidados, parecia que nós o íamos ter fácil. Mas não foi assim. A Galiza esteve presente polos brasileiros que aceitaram a nossa Comissão pagando todas as despesas que o tal evento provocava. Numa das primeiras reuniões na sala da Academia de Letras do Rio eu disse que me explicassem por que, sendo nós originários do território onde nasceu a língua cuja normativa estávamos a elaborar não estávamos como eles com pleno direito. Os portugueses ficaram com a boca aberta e os brasileiros assumiram a realidade ali levantada. Intervimos em todo momento e votamos como todos eles. O de convidados ficou esquecido. Por parte do Brasil nunca houve problemas em nenhum momento. Mesmo há intelectuais brasileiros que prefirem falar em galegofonia em vez de lusofonia. Mas isso não tem a mínima importância e nesta altura seria embaraçoso andar mudando de nomenclaturas. Acho que todo o mundo conhece como são recebidos Carlos Núñez, Uxia Senlle, etc. Uma língua não tem proprietários individuais, ela é de todos os que a falam. (…)”.