Susana Sánchez Arins: “Já nos tempos de Maria Castanha havia mulheres a rebelar-se contra a opressom”

Entrevista de Montse Dopico a Susana Sánchez Arins en Dioivo:
“(…) – Dioivo (D): A noiva é o navio é a história dumha viagem por mar. Mas semelha, em realidade, umha metáfora da viagem que é a vida: as suas dificuldades, os medos e as dúvidas, o amor e o desamor… Definiria-lo assim? (Nom pudem evitar pensar em Manuel António ao lê-lo…)
– Susana Sánchez Arins (SSA): A noiva e o navio é um livro que fala de amor e mar, como bem transparenta o título. Quigem fazer meu aquele tópico clássico do HOMO VIATOR, mas centrado no amor e mudando os caminhos polas rotas marítimas. Porque se algo tenhem em comum o amor e o mar é que ambos provocam dificuldades, medos, dúvidas, paixões e desamores. Mas em realidade essa foi a segunda escolha: a primeira foi linguística. No começo o que quigem foi apropriar-me dumha língua que me era desconhecida mas que é minha desde sempre, pois faz parte do património galego: a língua marinheira, neste caso do Mar da Arouça. E claro, sempre que alguém escreve em galego sobre o mar, indefectivelmente aparece Manuel António. E mais no meu caso, em que escrevo desde a outra banda do mesmo mar que ele habitou. Porém, dá-se um cruzamento curioso: Manuel António, no começo do século XX, literaturizou nos seus poemas o mar mais moderno da época, a navegaçom de altura, os pailebotes, vapores, guindastres, stocks e ortodrómicas; eu, no século XXI quigem dar entrada à navegaçom tradicional, a que hoje está em perigo de extinçom, abatida polo ferro e o poliéster. (…)
– D: Por outra parte, e no que diz respeito à evoluçom do teu modo de escrever desde o primeiro livro, manténs um estilo muito limpo, mas se calhar nom tam directo como no primeiro. Está como mais trabalhado… e tem ademais um tom um pouco irónico, nom é?
– SSA: Ui, a ironia penso que me acompanha desde que nascim… Acho que já havia ironia em [de]construçom. Em aquiltadas é provável que esteja mais presente e n’a noiva e o navio colonizou -porque foi umha ocupaçom inicialmente nom consentida- a voz que se expressa nas notas finais de cada capítulo. Se houvo mudança de estilo nom foi intencionada, porque sinto que esse é o que quadra comigo e nom busquei modificá-lo. Em realidade, a noiva e o navio foi escrito no último lugar ao tempo que revisava aquiltadas, e combinando as duas tarefas gostei de comprovar como alguns poemas poderiam fazer parte de um ou outro, ao tempo que outros textos pertenciam por força a um único lugar. Cada poemário é diferente e tem umha música pessoal, mas penso que se dá umha continuidade nos três que os identifica como meus. Se os dous últimos parecem mais trabalhados quiçá é porque ambos exigem certos conhecimentos para submergir-se em todos os seus matizes. Alguém que conheça a história das explorações marítimas ou as partes dumha dorna e todos os seus nomes, há sacar mais gosto d’a noiva e o navio que alguém sem esse acervo cultural; o mesmo acontece com o mundo do patchwork e a costura em aquiltadas. Porém, para mim nom fórom mais trabalhosos que [de]construçom, porque esses som materiais que tenho interiorizados e naturalizados.”

Vilaboa, Culleredo: presentación de A noiva e o navio, de Susana Arins e Mordida, de Eugénio Outeiro

A sexta feira 16 de novembro, ás 19:30 horas, no Pazo de Vila Melania (Vilaboa, Culleredo), preséntanse as obras A noiva e o navio, de Susana Sánchez Arins, e Mordida, de Eugénio Outeiro, publicadas por Através Editora. No acto participa tamén Mário Herrero.