Entrevista a José Jackson Coelho Sampaio en Sermos Galiza:
“Poucas pessoas enchem tão claramente de conteúdo a palavra intelectual como o brasileiro José Jackson Coelho Sampaio, reitor da Universidade Estadual do Ceará, renovador da psiquiatria no seu país, doutor honoris causa pela Universidade de Budapest, escritor e ele próprio tradutor da obra do poeta galego Cesáreo Sánchez Iglesias. A Universidade Estadual do Ceará outorgou a Cesáreo Sánchez Iglesias a medalha do mérito artístico Alberto Nepomuceno. Quem é responsável da introdução da obra do escritor de Dadín‑Irixo no universo cultural brasileiro é José Jackson Coelho Sampaio, a quem entrevistamos via correio electrónico.
– Sermos Galiza (SG): Que significado dentro da cultura brasileira tem a medalha de mérito artístico Alberto Nepomuceno?
– José Jackson Coelho Sampaio (JJCS): A Universidade Estadual do Ceará‑UECE tem 44 anos e, hoje, agrega 13 campi, distribuídos em 10 cidades, englobando 28 mil estudantes nos 72 cursos de graduação e 42 cursos de pós‑graduação
Seja no Webometrics e no Times Higher Education‑THE, rankings internacionais, ou na classificação geral de cursos do Ministério da Educação‑MEC e no Ranking Universitário do Jornal Folha de São Paulo‑RUF, rankings nacionais, a imagem da UECE é muito boa, pois nos colocam em primeiro lugar entre as universidades públicas estaduais das regiões Centro‑Oeste, Norte e Nordeste do Brasil.
Então, o primeiro significado da medalha deriva da importância da instituição que a outorga.
O segundo significado vem da história da medalha e, neste caso, a UECE tem sido muito tímida em criar e outorgar medalhas. Já foi na minha gestão, como reitor, que, na oportunidade do sesquicentenário de nascimento de Alberto Nepomuceno, grande compositor cearense da transição entre os séculos XIX e XX, que a medalha Alberto Nepomuceno foi criada, com duas categorias: mérito artístico e mérito cultural.
O terceiro significado deve derivar do rigor com o qual a medalha seja concedida e da qualidade do outorgado. Interessante destacar que a primeira outorga foi ao poeta Cesáreo Sánchez Iglesias.
Portanto, estamos construindo essa história. O tempo dirá dos erros e acertos, de essencial ou acidental em nossas escolhas. (…)
– SG: Que valores viram na obra de Cesáreo Sánchez Iglesias para o distinguir com esta medalha?
– JJCS: Desde o início de minha vida profissional, como médico, exercendo a psiquiatria clínica, e como professor‑doutor, exercendo o ensino e a pesquisa no campo da medicina social, eu tenho produzido textos científicos, nas formas de artigos e de livros. Mas, desde a adolescência tenho escrito contos, crônicas, textos jornalísticos e poesia. A poesia tem sido para mim forma de expressão afetiva, erótica e política, sem muita preocupação técnica e sem necessidade de carreira literária. Coloquei a poesia como lugar de liberdade. Daí, eu faço anotações a partir das impressões e experiências –são mais de 800 textos com a pretensão da poesia–, mas cultivo a voracidade da leitura, o gosto por conhecer o modo como a poesia acontece em outras culturas, em outras línguas, pois entendo a poesia como aventura da linguagem, identificada com a infância e a loucura.
Já traduzi, ousadamente, sem formação técnica de tradutor, do espanhol, do italiano, do francês, do inglês e do russo. Parte dessa produção está publicada no livro Transvida, pela oportunidade de um prêmio de publicação, denominado Caetano Ximenes Aragão, da Secretaria de Cultura do Ceará.
Então o professor Jackson Renner Rodrigues, um amigo cearense/galego, numa de suas viagens ao Ceará, hoje fazendo pós‑doutorado na UECE, presenteou‑me com alguns livros do Cesáreo: Tempo Transfigurado, Evadne, O Rumor do Distante, As Bolboretas do Mekong e o Caderno do Nilo.
As identificações estéticas, éticas, políticas foram imediatas. Percebi a capacidade feliz de integrar melodia, metáfora e ideia num fluxo de sentido que revela o mundo a partir do local e o local a partir do mundo.
Uma identificação amorosa intensa aconteceu com o Caderno do Nilo. Minhas paixões históricas e mitológicas devem ter ajudado nesse processo. Mas, decisivo, foi o texto em si, sua fluência rítmica, sua evocação simultaneamente mágica e concreta, o rio Nilo carregando você pelo tempo e pela paisagem atual, pelas mãos de um ilusionista e de um pintor impressionista.
Precisei ouvi‑lo, mesmo que fosse apenas dentro de minha cabeça, em português. Precisei torná‑lo meu. Precisei torná‑lo eu.
Após análise da obra poética de Cesáreo, além de sua obra política em associações literárias e sindicato de servidores públicos; após a conclusão da tradução do Caderno do Nilo; após demanda do nosso Curso de Letras e do Núcleo de Línguas Neolatinas do Centro de Humanidades, que propunham retomar a realização da Semana da Cultura Galega que a UECE promovia no passado; após o resultado positivo para a possibilidade de encerrar este evento com um show de Uxia, gentil dama da canção galega; após a conclusão da editoração do livro Caderno do Nilo em português, por parte da Editora da UECE; surgiu a ideia de convidar o Cesáreo para o lançamento da tradução brasileira e outorgar‑lhe a medalha. O nosso Curso de Música também aderiu, ao tomarem conhecimento do livro Tempo Transfigurado, onde Cesáreo dedica um texto a cada um dos grandes compositores que ele ama, entre eles o brasileiro Villa‑Lobos. O nosso Conselho Universitário analisou e aprovou. (…)”
Arquivos da etiqueta: Caderno do Nilo
Estado do Ceará, Brasil: Semana das Letras Galegas 2019
Concesión da Medalla Alberto Nepomuceno, da Universidade Estadual do Ceará-UECE (Brasil), a Cesáreo Sánchez Iglesias, presidente da AELG
A Universidade Estadual do Ceará – UECE (Brasil) vén de lle conceder a Medalla Alberto Nepomuceno, na modalidade Mérito Artístico, dada a súa actuación a prol da Cultura, das Letras e das Artes galegas, ao poeta Cesáreo Sánchez Iglesias, presidente da Asociación de Escritoras e Escritores en Lingua Galega.
A entrega farase no marco dos diversos eventos culturais e académicos en conmemoración do Día das Letras Galegas, organizado polo Gabinete da Reitoría da UECE, en parcería co Núcleo de Extensión de Ensino de Lingua Galega, do Centro de Humanidades-CH/UECE, na semana do 20 ao 24 de maio de 2019.
A programación contará coa presentación da versión brasileira libro de poesía Caderno do Nilo, de Cesáreo Sánchez, por parte do Profesor Doutor José Jackson Coelho Sampaio, que terá lugar no Cine Teatro São Luiz, nesta cidade, no día 24 de maio de 2019, ás 18:00 horas, onde actuará a cantora Uxía en Fortaleza, co acompañamento da Orquestra Sinfónica da UECE.
A estadía do autor incluirá unha conferencia por el impartida no curso de Letras da Universidade, co obxectivo de dar a coñecer os recursos dixitais que a AELG ofrece a través da súa web para o ensino da literatura galega.
A Coruña: lectura pública de poesía de Cesáreo Sánchez Iglesias
Actividades destacadas na Feira do Libro de Bos Aires para o luns 25
Do 19 de abril ao 9 de maio desenvólvese en Bos Aires a Feira do Libro, onde Santiago de Compostela é a cidade convidada neste 2016. Cesáreo Sánchez Iglesias e Ledicia Costas, como presidente e vogal da AELG respectivamente, desenvolven un programa de traballo onde, entre outros actos, o presidente da AELG participará nunha mesa redonda titulada Diálogo de autores arxentinos e galegos, que compartirá con Graciela Aráoz, da presidenta da Sociedad de Escritoras y Escritores de Argentina (SEA), o luns 25 de abril, ás 18:00 h. Farán unha presentación das respectivas entidades e compartirán as inquedanzas das dúas entidades e as ferramentas de traballo e interconexión entre os profesionais das palabras. Dúas visións desde as dúas beiras do Atlántico.
Dentro do programa completo da delegación galega, destacamos as seguintes actividades para o luns 24 de abril:
– 10:00 h. Diálogos con estudantes: encontro con Manuel Rivas e entrega do premio literario Rosa dos Ventos, no Instituto Argentino-Gallego Santiago Apóstol.
– 17:00 h. Presentación de Caderno do Nilo, de Cesáreo Sánchez Iglesias, publicado por Xerais. No Stand.
– 18:00 h. Mesa redonda Diálogo de autores arxentinos e galegos, con Cesáreo Sánchez Iglesias, presidente da AELG, e Graciela Aráoz, da presidenta da Sociedad de Escritoras y Escritores de Argentina (SEA). Presentación das respectivas entidades e compartirán as inquedanzas das dúas entidades e as ferramentas de traballo e interconexión entre os profesionais das palabras.
– 19:00 h. Presentación de Historia de Galicia, de Ramón Villares, publicado en Galaxia e Mar Maior. Xunto ao autor participa Víctor F. Freixanes. No Stand.
– 19:00 h. Conferencia de Fina Casalderrey, na Biblioteca Guido y Spano, presentada por Anxo Lorenzo.
– 19:00 h. Encontro cos lectores de Domingo Villar, na Biblioteca Casa de la Lectura.
– 20:00 h. Encontro con lectores de Ledicia Costas, na Biblioteca Guido y Spano.
– 20:00 h. Poesía escrita por mulleres, con Yolanda Castaño. No Stand.
“Un libro como unha viaxe: Caderno do Nilo“, artigo de Teresa Seara
Desde Xerais:
“Reproducimos o texto coa intervención de Teresa Seara sobre o poemario Caderno do Nilo, de Cesáreo Sánchez Iglesias, lido o 16 de xaneiro na libraría «A lus do candil» de Arteixo:
Desde o momento exacto en que abrimos os ollos á vida, crávasenos profundamente o aguillón da curiosidade, un forte desexo por desentrañarmos os segredos e marabillas do entorno. Arelamos así descubrir outros espazos quizais porque levamos inscrito, na espiral máis recóndita do ADN, o rumor do distante -parafraseando o título dunha obra previa de Cesáreo. De aí que o misterio que reside en lugares remotos nos atraia cun engado irresistible e que experimentemos o feito de descubrilos como unha grande e gozosa aventura.
Así lle sucede a Cesáreo con Exipto pois, tal e como confesa no texto que antecede aos poemas de Caderno do Nilo, o río convócao ao seu carón por terceira vez por efecto dunha forza misteriosa que o adentra nas augas que flúen, asemade, polo seu propio interior. Deste xeito os novos signos que o eu descubre nas ribeiras falan tamén da súa propia intrahistoria xa que, como nos ensinou Fernando Pessoa, “As viaxes son os viaxeiros. O que vemos non é o que vemos, senón o que somos”. Polo tanto, no proceso da viaxe, o eu reencóntrase coa auténtica dimensión de si mesmo, coa súa orixe primeira que percibe, sobre todo, cos ollos do corazón. E así advírtenos:
leo os signos que queren ser da luz
a súa delgada transparencia.
Unha luz que “vén no pregamento dos séculos” e transita pola historia desprazándose do pasado ao presente, sinalando a crónica das viaxes como parte fundamental da memoria da humanidade que só progresa coa busca do intuído, por máis irracional que este poida parecer a priori. Desde aquela primeira migración dos homínidos -hai máis de 100.000 anos- desde África até Eurasia, a historia foise enchendo cos nomes dos que elixiron indagar nos segredos incógnitos ao ancho e longo da Terra. Marco Polo, Cristóbal Colón, Helen Stanhope, Núñez de Balboa, Cabeza de Vaca, Freya Stark, Livingston, Amundsen e tantos outros abriron rutas que nós percorremos, ou percorreremos, nalgún momento da nosa vida pois un nunca emprende só a súa viaxe senón que pousa os pés sobre as pegadas dos que o precederon. Por iso, en Caderno do Nilo, sentimos a calor de Flaubert, George de la Tour, Pierre Loti ou Nagib Mahfuz emanando aínda con forza nas areas do río xa que todos eles, como o noso poeta, difundiron os seus misterios para así preservalos dunha perda irremediable.
É certo que hoxe en día a viaxe ten cambiado moito nas súas formas e obxectivos. Viáxase por pracer, por mero turismo, para escapar do cotián… pero estes son periplos baldíos que impiden achegarse ao outro co respecto e mesmo coa devoción que Cesáreo profesa, e demostra, neste libro. Armado con papel e lapis, o poeta captura marabillas, curiosidades e estremecementos; adéntranos nos templos míticos (Elefantina, Tebas, Karnac, Luxor, Assuán, Gizeh…) ou aliméntanos nos bazares e cafés con aromas de especias, té e doces. Porque, en definitiva, Cesáreo segue a consigna do primeiro historiador, Heródoto de Halicarnaso –tamén el viaxeiro reincidente polo Nilo-, cando confesaba que escribía para que “os logros humanos non se perdan no tempo”.
Así indaga o noso poeta nos mananciais ocultos, nesa corrente subterránea, moito máis copiosa ca el mesmo, que se di que contén o Nilo. As augas freáticas, orixinais, son as que sucamos en cada verso cando o eu anuncia:
Navego o río
que se fai escrita e luz sen corpo e corpo sen tempo.
Vou cara ás fontes.
Xa que logo procura o primixenio pero antes debe “desaprender o que está aquí”, na casa de Liáns, o punto cero deste seu “Camiñar o aínda invisíbel”.
A ritmo lento desfilan polos textos de Cesáreo as ribeiras, a fauna e a flora fluviais, os pescadores e as mesquitas pois, como el di,
xentes de aquí e acolá deletrean os nomes do río
son o río que non acaba de pasar.
Mais o Nilo evidencia curiosas dualidades: é externo pero tamén subterráneo, contén o presente e preserva o pasado, une terra e ceo como quen pasa do plano real ao mítico nun segundo, pon en contacto ás persoas e aos deuses pois as súas augas son ruta derradeira das almas migrando cara ao reino de Osiris tras da morte. Con paciencia e entrega, o eu, sobrecollido de beleza, desenmaraña estes significados, captura a luz dos materiais pétreos, o silencio reverente dos templos, as mensaxes inscritas nos xeroglíficos, o misterio das construcións ciclópeas e convérteos logo en versos que manan, como o propio río, polas veas deste libro-cauce. Descubre entón que “Todo é signo e símbolo contra o esquecemento” pero tamén debe enfrontarse á profunda dúbida de
Como ler a luz
no frío e branco silencio da noite coas súas sombras?
Mais a viaxe posúe tamén unha dimensión existencial, ontolóxica, que ameaza con afogar ao ser baixo o seu desmesurado peso. E así:
Son un pequeno ser no interior do celeste
que transita o alto ceo
no escuro, na alta luz sen sombra no rumor do ar
na claridade que non sabe do voo.
Todo retorna do seu nacer.
Escoito os soños das estrelas. Sobrevoo a quietude.
Veño a ser inacabada calandra, pequena ave
sen destino.
De non existiren imprevistos, toda viaxe remata co regreso á casa. A de Cesáreo por Exipto tamén. Pero cabe preguntarse se volvemos igual a como marchamos. Di Paul Morand que “Unha viaxe é unha nova vida, cun nacemento, un crecemento e unha morte, que nos é ofrecida no interior da outra”. E así o viu tamén o noso poeta quen nos outorga, neste Caderno do Nilo, a oportunidade de transcendérmonos desde a nosa fráxil existencia en algo máis duradeiro. De certo, tampouco nós somos xa os mesmos despois de ler esta obra pois, en palabras de José Vasconcelos, “un libro, como unha viaxe, comézase con inquedanza e remátase con melancolía”.”
Betanzos: Exipto, experiencia no Nilo, conversa da experiencia creativa de Cesáreo Sánchez Iglesias con Xosé Luís Sobrino
Arteixo: presentación de Caderno do Nilo, de Cesáreo Sánchez Iglesias
O venres 16 de xaneiro, ás 20:00 horas, na Libraría Á lus do candil (Rúa Historiador Vedía, 3) de Arteixo, preséntase Caderno do Nilo, de Cesáreo Sánchez Iglesias, publicado en Xerais. No acto, xunto ao autor, intervirá Teresa Seara.
Cesáreo Sánchez Iglesias: “A poesía permite chegar ás capas máis profundas do que ves e sintes”
Entrevista de Carme Vidal a Cesáreo Sánchez Iglesias en Sermos Galiza:
“(…) – Sermos Galiza (SG): Caderno do Nilo evoca, pola viaxe e a descuberta das raíces culturais, o percorrido polos camiños históricos do noso país de O rumor do distante.
– Cesáreo Sánchez Iglesias (CS): Só é posíbel escribir este libro e entrar con nudez e humildade noutra cultura se un percorreu xa a propia, se ten os alicerces fondamente chantados na propia cultura. Só así se abrirá o camiño para ir tamén á propia soidade. Finalmente, é aí onde conduce toda viaxe, ao centro da propia soidade.
– SG: Na viaxe e no libro, atópase coa inmensa cultura e historia que atesoura o Nilo. Esa é a realidade que quixo reflectir nos seus poemas?
– CS: Achegueime, de maneira especial, á natureza humanizada, aos monumentos que volveron ser natureza anónima. As cidades, ao seu xeito, nacen, viven e morren como seres humanos. As marxes do Nilo son un grande patio de viciños e ao mesmo tempo forman parte da sacralidade do territorio. Que o río fose expropiado da súa divindade, que non se lle permita ter crecidas, significa tamén que o propio río volve ser unha natureza derrotada. Por iso permite un diálogo moi humano. Ao tempo, é un ser vivo, con hortas nas súas beiras, no linde do deserto, sen dúbida, o territorio máis fondo de reflexión posíbel. A nosa terra é moi fértil, humanizada, e iso atopámolo nas beiras do Nilo, non no deserto. Alí o concepto de noite e tamén de luz son distintos, producen certo desamparo. No alto Nilo estamos noutro hemisferio, as estrelas xa non son as mesmas que vemos todos os días e o concepto de soidade multiplícase. (…)
– SG: Esa referencia á historia e ás expresións artísticas fan que a súa sexa unha poesía culturalista?
– CS: Os alicerces culturais están aí mais non gosto da erudición na poesía, só as referencias necesarias como elementos de humanización, o arredor cultural do propio poema. Gusto que os libros teñan biografía. Vivín a transformación que a viaxe produciu en Flaubert ou Paul Klee e sentinme atraído polo efecto de oriente, do Nilo na súa obra. Levo décadas buscando a Safo polo Mediterráneo e o Exeo, tentando entender como é posíbel que hai dous mil anos nacera unha poesía que semella recén escrita.
– SG: Por que esa experiencia se transforma en poesía e non noutra fórmula de caderno de viaxes?
– CS: É a miña forma de comunicarme co mundo, unha forma de coñecemento. Pola poesía podes chegar á alma das cousas, ás capas máis fondas do que ves e sentes. Para min é a maneira de entrar no profundo do ser humano. A comunicación que se establece cos que len dáse nun territorio interior.
– SG: Río, memoria, silencio… hai conceptos que na súa poesía son recorrentes.
– CS: A relación do ser humano coa natureza tamén determina a memoria. A miña poesía procura buscar nas capas máis profundas, tamén como a memoria, como forma de ir ao lugar primeiro. Ao meu ver, as poéticas non son únicas, son a suma de poéticas. Na nosa propia realidade, a historia e a memoria teñen moita relevancia, son determinantes para coñecer o que somos.”