Programa María Victoria Moreno A Escena!, organizado pola Deputación

Galaxia promove dúas obras teatrais sobre novelas de María Victoria Moreno e outra sobre a súa vida

Desde a Real Academia Galega:
“Ubú Teatro, tras adaptar o pasado ano A galiña azul de Carlos Casares, volver levar aos escenarios da man de Galaxia unha obra da figura á que a Real Academia Galega lle dedica o 17 de maio. Desta volta será a historia do can Leonardo, Antón e os seus compañeiros de curso, os fontaneiros, galardoada en 1985 co 3º Premio Barco de Vapor. Limiar Teatro asume o reto de adaptar a novela máis recoñecida de María Victoria Moreno, Anagnórise, que narra a fuxida de Nicolau, un adolescente que escapa da casa, acompañado da muller que o recolle facendo autostop.
Limiar Teatro representará ademais unha segunda obra baseada na vida de María Victoria Moreno, unha traxectoria que tamén poderá percorrerse a través das páxinas da biografía que preparou para Galaxia a profesora Montse Pena Presas. O libro sairá do prelo a finais de xaneiro baixo o título A voz insurrecta: María Victoria Moreno, entre a literatura e a vida. Máis adiante, en colaboración co Consorcio de Santiago, a editorial publicará nunha edición especial É a lúa que baila, un estudo de María Victoria Moreno sobre os poemas de Federico García Lorca prologado polo académico Xesús Alonso Montero.
Galaxia está a reeditar desde 2017 títulos de María Victoria Moreno que son parte do seu catálogo. É o caso das novelas xa mencionadas, A festa no faiado (1983), ¿E haberá tirón de orellas? (1997) ou Guedellas de seda e liño (1999), así como Onde o aire non era brisa, novela escrita nos anos 60 en castelán e traducida ao galego en 2009.”

“Lambetadas na cara”, por Susana Sánchez Arins

DesdeSusana Sánchez Arins a Plataforma de Crítica Literaria A Sega:
“Em 1985 eu tinha onze anos. Lembro-me sentada nas escadas da casa, incomodada com o mundo, ou simplesmente com a minha irmã, e escoltada pola Rina e as suas lambetadas. Ela consolava a minha raiva e entendia perfeitamente (e dava-me a razão, é claro) o sozinha que podia sentirme. Bem, pode que não fosse a Rina e fosse a Cati, ou a Blanca. Não poderia dizer qual das três cadelas que acompanharam a minha neinice, mas em todo o caso eram lambetadas de cadela e olhos solidários que me acarinhavam nessa memória vaga que guardo de mim mesma.
Também era imprecisa a memória que tinha do Leonardo. Só sei que gostara dele mais que de Anagnórise, que aquele despertava um sorriso na lembraça entanto este suscitava uma suspeita. Por isso foi o escolhido para eu recensionar no ano de Mª Victoria Moreno. Porque eu era menina em 1985 e uma das leitoras primeiras de Leonardo e os fontaneiros.
A primeira surpresa, a estrutura esquecida. Leonardo e os fontaneiros propõe-nos uma leitura activa, na que podemos decidir o caminho a seguir. Eu, como já ando adultecida perdida, figem a leitura tradicional, lineal. Mas podia combinar de uma outra forma as três linhas argumentais: a amizade entre Leonardo e Antón, as andanças de Antón na escola, e as relações de Antón na casa. Foi aí que aprendim que as leitoras não temos por quê obedecer aquilo que as escritoras mandam? Que podiamos ser criativas no ato de ler?
A segunda surpresa, a poesia. Nem lembrava quem era Leonardo. O protagonista. O cadelo. Se uma cousa mantém vivo e vigente Leonardo e os Fontaneiros é o fundo lirismo que acolhe a narração da amizade entre neno e cadelo: – A que sabe a man dun can? Que se sente ao trabar nela? […/…] – Sabe a millo torrado. Os pés tamén lles cheiran a millo torrado a tódolos cans. E é peludiña, esbara entre os dentes. São sem dúvida os melhores trechos do livro, e eu pergunto-me se seria neles onde eu aprendim a entender[-me] a Rina, a Cati, a Blanca. Onde reparei que não era bom ser especista.
A outra surpresa, a escola. As aventuras dos fontaneiros (novamente deslembrava o sentido do título da narrativa) são assim tão inocentes e divertidas como podem ser as de qualquer criança de hoje. Lembro-me com os meus irmãos libertando ratinhos (meus pobres!) que mamá nos pedia matar. Igual que os fontaneiros com as ratazanas. Solidariedade animalista total. Seria aí que a aprendemos?
E a ausência de happy end. Surpresão numa narrativa para crianças. A morte tem presença na vida das protagonistas e assalta, como bandoleira, a estabilidade de Antón, a tranquilidade das pubescentes tardes, mostrando que crescer é assumir a sua companha constante. Seria aí que aprendim que a melhor amiga da vida não é outra que a morte? (…)”