Paula Carballeira: “Somos umha sociedade que fala muito, narra pouco e escuta menos”

Entrevista de Lara Rozados a Paula Carballeira no Portal Galego da Língua:
“Paula Carballeira é umha das mais ativas narradoras orais da Galiza na atualidade. Além disso, é poeta, romancista, dramaturga, atriz e membro desde a sua formaçom da companhia Berrobambán. Recentemente publicou na Através Editora o seu ensaio, tam certeiro para os tempos em que vivemos, E continuaremos a contar. A narrativa oral como ato de visibilidade e sobrevivência. Sobre ele falamos nesta conversa.
– Portal Galego da Língua (PGL): De que doenças pode curar-nos continuarmos a contar? Da falta de escuta, por exemplo?
– Paula Carballeira (PC): A doença fundamental que cura continuar contando é o esquecimento. Para mim, umha das doenças mais perigosas. O esquecimento apaga a identidade, as lembranças, o aprendido, as alegrias e as tristezas. Contar oferece-nos um espaço de liberdade para que se ouça o que temos a dizer, as ficçons que criamos sobre a realidade que nos rodeia, o nosso ponto de vista, único e individual, umha ponte com a comunidade, com o imaginário coletivo. Contar afasta a soidade.
A escuta é um ato de rebeldia contra um ritmo marcado, o ritmo do consumo rápido do tempo, com a produtividade mal compreendida. Quando alguém ouve umha história, pára o relógio, rompe os limites, tam delimitados, das possibilidades que som factíveis apenas por imaginá-las. A escuta dá valor a quem fala, a quem cria, a quem brinca com as palavras, faz-nos sentir responsáveis polo que dizemos e para quem o dizemos. Ouvir demonstra respeito.
– PGL: Como é contar em tempos de pandemia? Quais som os grandes reptos?
– PC: Contar em tempos de pandemia é recuperar um espaço intangível, seguro e confortável onde esconjurar os medos. A comunicaçom direta, a presença da narradora ou narrador que cria umha história olhando nos olhos do público, fai-nos recuperar a capacidade de evocar, a ilusom. Cada vez que fago umha sessom de contos, recebo um enorme agradecimento, em voz alta ou no sentir.
As máscaras cobrem o rosto, escondem esses matizes gestuais que ajudam a conformar a informaçom de se a história é bem recebida, se há algumha interferência. Da perspetiva da narradora ou narrador, o “feedback”, a resposta, fica um pouco mais escura. A distância pode-se salvar amplificando a voz, favorecendo umha boa visibilidade. O poder sugestivo dos contos vence sem problemas os dois metros ou três da distância de segurança e as palavras tocam igual, com a sutileza de um sopro de ar. Porém, quando se conta com máscara, empobrece-se a transmissom oral. O facto de nom ver os lábios dificulta a compreensom e duplica o esforço de quem narra. É fundamental poder jogar com as pausas, os silêncios, os volumes, os gestos.
– PGL: Há algum conto / história / personagem que seja para ti como um talismam, que sintas que traz sorte? Ou “palavras mágicas”?
– PC: Os contos tradicionais tenhem para mim um forte componente simbólico. Uso-os para poder recriá-los segundo os meus interesses. Por diversos motivos, o conto do Capuchinho Vermelho acompanhou toda a minha vida e a história de Barbazul, nas suas diferentes versons, representa para mim o triunfo da inteligência sobre a brutalidade. As palavras mágicas só as uso em sessons com público infantil ou familiar, para expressar a importância dessa entrada no mundo das possibilidades infinitas.
– PGL: “É importante poder transmitir ficçons que nos resgatem da nossa luta contra os medos”, dis. Necessitamos contar para fazermos frente a todos estes discursos de medo em que vivemos na atualidade? E o discurso do esquecimento, também…
– PC: Acho que nesta sociedade em que vivemos o medo está a ganhar força, precisamente porque nom nos atrevemos a falar, a contar, a dar-lhe forma.
A partir do momento em que assumimos discursos alheios, nos quais nom nos fazemos perguntas, nos que simplesmente assentimos com a cabeça e procuramos proteger-nos sem saber de quê, adotamos umha postura defensiva. Do meu ponto de vista, a narraçom oral oferece umha postura construtiva. Distanciamo-nos dos medos, pomos-lhe nome e assim volvem-se abarcáveis.
Procurar as nossas palavras para os medos resgata-nos do anonimato e, ao mesmo tempo, oferece-nos respostas para as grandes perguntas, prováveis e improváveis.
Contando recriamos. Contando fazemos-nos ouvir, damos valor à nossa voz, nom deixamos que ninguém nos silencie. Contando procuramos um caminho alternativo.
– PGL: Somos umha sociedade que escuta?
– PC: Somos umha sociedade que fala muito, narra pouco e escuta menos.”

Xurxo Souto: “Considero o binormativismo umha proposta luminosa e inteligente”

Entrevista a Xurxo Souto no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Qual foi a melhor iniciativa nestes quarenta anos para melhorar o status do galego?
– Xurxo Souto (XS): A incorporaçom do galego ao ensino, e a criaçom de meios de comunicaçom públicos -rádio e televisom- que tenhem o galego como língua veicular.
– PGL: Se pudesses recuar no tempo, que mudarias para que a situação na atualidade fosse melhor?
– XS: Em primeiro lugar, recuperar todo o trabalho que se tinha desenvido a prol da língua antes da Guerra Civil, e que se ignorou dum jeito absolutamente interessado. Falamos dum grande esforço intelectual –com epicentro, por dizê-lo rápido, na Geraçom Nós- que procurou a criaçom dum registo culto para a língua, e que tinha como referente necessário outro registo culto do nosso idioma, ou seja o português.
Em lugar disso (isto é, a tradiçom e o trabalho que representava, como figura central, Ricardo Carvalho Calero) optou-se por recorrer diretamente à fala. Oficializou-se a norma do castelhano como norma do galego, ignorando, insisto, toda a história da língua.
Este foi o grande erro: a supeditaçom do galego ao castelhano. A partir de aqui mudaria as sucessivas políticas linguísticas que foi desenvolvendo o Partido Popular. Esta formaçom nunha acreditou, ou nom lhe interessou, que o galego chegasse a se consolidar como umha língua culta. Sempre defendeu (refiro-me aos factos, nom ao discurso) umha posiçom de dependência a respeito do castelhano. E também derrubárom muitas conquistas alcançadas anteriormente, e atrevêrom-se a situar o galego no ensino –via mandato legal – diretamente como umha língua de segunda. Falo da proibiçom expressa de utilizar o galego em determinadas matérias, como as matemáticas. Tal política nefasta para a língua continua.
Os meios públicos, a Rádio e a Televisom que deveriam ser o referente dum registo culto do galego oral, renunciam definitivamente a esse mandato. Cada vez em mais programas da sua grelha escutamos um galego popular inçado de castelhanismos. Esse é o seu modelo de língua. A leitura profunda é evidente: Nom precisamos dum galego culto, para esse tipo de contextos já temos o referente dumha língua culta: o castelhano.
– PGL: Que haveria que mudar a partir de agora para tentar minimizar e reverter a perda de falantes?
– XS: Acho que já respondim na pergunta anterior. Políticas linguísticas decididas que ponham em valor a língua, e que esta abranja todo o tipo de registos. Cada vez a gente nova fala menos galego, sabemo-lo. Mas ao mesmo tempo é o segmento da populaçom que mais valoriza a língua. O problema nom está pois na mocidade, está na preguiça das pessoas adultas que aceitam com indolência estas políticas galeguicidas.
– PGL: Achas que seria possível que a nossa língua tivesse duas normas oficiais, uma similar à atual e outra ligada com as suas variedades internacionais?
– XS: Considero-a umha proposta especialmente luminosa e inteligente. Por desgraça a possibilidade dum achegamento entre a posiçom isolacionista e a reintegracionista é mui pequena. Sobretudo porque o debate intelectual está mediatizado polo poder político que atualmente nos governa, e que apoia dum jeito decidido a primeira das posiçons. Portanto o que procede, já que devemos conhecer essa norma por “imperativo legal”, é que podamos chegar a dominar também a norma do galego internacional, isto é, a norma portuguesa.”

Pepe Carballude: “É un luxo para Carballo ter unha libraría do nivel da Brañas Verdes”

Entrevista a Pepe Carballude en La Voz de Galicia:
“Pepe Carballude amosou o venres 18 de xuño en Carballo que, como el ten dito nestas páxinas, é fillo da tradición oral, fillo dos contos. Só un bo escoitador destas historias faladas e un bo orador pode ser quen de contar tanto e darlle unha forma amena, sen que os oíntes perdan bocado nin fío. A tertulia posterior á presentación de A pintora libertaria resultou realmente entretida. Dar a coñecer esta obra, publicada por Galaxia, foi o pretexto que trouxo a este estradense de volta a Carballo, onde ten sido director do IES Alfredo Brañas e onde residiu uns anos. Tivo Carballude palabras de agradecemento para a editorial e para Elena e Moncho, almas da libraría Brañas Verdes, que foi o espazo que o acolleu, na compaña de Xosé Ameixeiras, delegado de La Voz en Carballo e presentador do acto. «É un luxo para Carballo ter unha libraría coma esta. Recórdame moito á Cervantes de Salamanca», abundou. Viaxou de aquí a acolá para falar de espacios abertos, de lugares onde un pode gozar dos libros e onde o libreiro fala, aconsella, resistente a ser engulido por unha máquina.
En A pintora libertaria quixo o autor, dun lado, homenaxear á emigración, a eses centos de persoas que marcharon por motivos de traballo ou perseguidos polas súas ideas. Lembrou Pepe a outro Pepe, Neira Vilas, e ás súas memorias da emigración. Lembrou a tanta xente anónima, como Xosé María Silva, de Montillón (A Estrada), que chegaría a ser en Montevideo fotógrafo de Gardel, ou a Ramón Verea, emigrado a Bos Aires, creador da base da calculadora. Carballude expuxo asemade a creación de centos de escolas para a alfabetización das aldeas por parte destes emigrantes e, por suposto, explicou que nesta súa obra quere reivindicar e rescatar a figura da transgresora Maruja Mallo, quen pola súa condición de muller e pese a o seu talento nas artes plásticas, non chegou a ter o éxito de Picasso ou Dalí. Unha cousa e outra deulle para falar da falsificación da arte ou da inversión nela sen ter moito criterio.
Mesmo quedou tempo na Brañas Verdes para dar unhas pinceladas de In Memoriam, obra publicada por Xerais na que aborda a loita pola recuperación da memoria histórica nunha vila galega, casos de paseados durante a Guerra Civil que quedaron «ciscados polo noso país». Tivo para iso asesoramento de Carmen García Rodeja. Carballude é un bo conversador.”

Camilo Franco: “A arte que máis se parece en calquera cousa á vida é o teatro”

Entrevista a Camilo Franco desde a Mostra Internacional de Teatro de Cangas:
“Unha conversa con Camilo Franco está chea de retranca e da sabedoría que dan tantos anos de oficio. A organización da XXXVIII MITCFC concede o Premo Xiria ao Labor Teatral ao narrador, xornalista e crítico teatral, Camilo Franco, en recoñecemento ao seu importante labor como xornalista cultural e, particularmente, polo exercido como crítico teatral. Con el falamos antes de recibir o galardón e isto foi o que nos contou:
– Mostra Internacional de Teatro de Cangas (MITCFC): Como recibiu a noticia do Premio Xiria ao Labor Teatral?
– Camilo Franco (CF): Aínda que semelle unha frase tópica, con sorpresa. Sorprendinme porque non é habitual e case nunca sucede que se premie a un crítico.
– MITCFC: Como cualificarías o traballo da Mostra de Teatro de Cangas nestas xa 38 edicións?
– CF: A Mostra, ao igual que o resto dos festivais, están a facer un importante exercicio de resistencia a favor do público porque o teatro é, sen dúbida, o máis importante. Durante unha época, os festivais cumprían o papel de exhibir os espectáculos que non era habituais. Agora, sen embargo, en moitos casos case están obrigados a programar o que é habitual, o que xa tería que estar nunha programación cotiá. Por varias circunstancias, e non só pola pandemia, os festivais teñen que facer este traballo e asumir as carencias que vai deixando a programación cotiá e, ademais, teñen o compromiso de traer as obras máis extraordinarias.
Non debemos esquecer que os festivais e as programacións teatrais non están para defender ás compañías de teatro, aos actores e ás actrices, senón o dereito dos espectadores de ir ao teatro. Parecera que estes eventos só lle interesasen aos profesionais, pero o dereito é dos espectadores. (…)
– MITCFC: Narrador, xornalista e crítico teatral. De que xeito chegou o teatro á túa vida?
– CF: Non o sei moi ben… Eu teño unha vocación moi grande de ser o último mono (risas). Cando cheguei ao xornalismo, vin que a área que estaba máis desatendida era a de Cultura. A crítica teatral era a que máis lle custaba facer a todo o mundo. E ten sentido porque, cando escribes unha critica de teatro, sempre acabas por cruzarte con alguén que fai teatro. Ten un compoñente persoal un pouco menos cómoda, salvo que sexas moi, moi amable, que non é o meu caso. No meu caso tamén houbo un pouco de teimosía ou insistencia. Unha vez que empecei a facer crítica teatral, había que seguir.
– MITCFC: Que aprendizaxes se poden extraer do teatro?
– CF: Uf! Son moitas, pero hai unha fundamental. A arte que máis se parece en calquera cousa á vida é o teatro. O teatro funciona cos mesmos esquemas e as mesmas intencións que funciona a xente xa que está feito por xente. A mellor maneira de aprender algo da vida sen que te manque moito é o teatro. A xente que ves actuar ten motivacións humanas. Son persoas e persoas, sen filtros. O teatro traballa con ferramentas humanas. Non hai posibilidade dixital de cambiar. Non me imaxino nada más cerca que a experiencia teatral. Ademais, se vas suficientes veces ao teatro, aprendes a sintaxe das mentiras e a ver como se minte. Se ves traballar aos actores e actrices, aprendes a distinguir cando o fan ben e mal e, polo tanto, cando te están tangando nunha entrevista de traballo.
Sería moi útil aprender a facer teatro na escola para saber en que está baseado o principio de finxir. Os actores e actrices están obrigados a finxir de moitas maneiras. No teatro apréndese automaticamente, case sen ningún sufrimento, a finxir. Se queres facer xornalismo político e entender a un político na tribuna, vai ao teatro. O que me asombra é que a xente non vaia máis. (…)”