Entrevista a Manuel Portas no Portal Galego da Língua

Desde o Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Como achas que mudou na Galiza a situação sociolinguística, ou não, desde a publicação do teu livro Língua e sociedade na Galiza em 1990?
Manuel Portas (MP): É difícil condensar em poucas palavras… Não há razões para sermos otimistas, pois o fenómeno mais importante para o futuro, o processo de assimilação linguística que padecemos, continua avançando na transmissão intergeracional. A potência com que os novos sistemas de comunicação social e as TICs estendem línguas como o inglês e o espanhol, os retrocessos experimentados pelo galego no ensino, a inanição com que é castigado o mundo da cultura, quando mais necessário era o apoio institucional, estão a potenciar essa tendência populacional à deserção linguística. Contudo, não podemos esquecer que o coletivo social que usa a língua com consciência continua a crescer, que os novos quadros de comunicação social são, além de um perigo, também uma oportunidade se os soubermos aproveitar. Cumpre mais que nunca renovarmos discursos e um grande pacto pela língua, quanto menos entre os que a defendemos, na procura desses mínimos comuns, quiçá executando com decisão e mais meios o Plano Geral aprovado também por unanimidade no Parlamento.
– PGL: Como era vista e percebida a língua portuguesa naquela altura e como pensas que o é na atualidade?
– MP: O português era –e continua a ser em grande medida- uma realidade desconhecida para uma parte importante da nossa sociedade. Do mesmo jeito que acontece em Portugal (para além da raia está a Espanha, e na Espanha fala-se espanhol), aqui, na Galiza, os tópicos simplistas e os preconceitos sobre o português alentavam um discurso similar de afastamento. Nestes últimos anos, e mercê à pressão do galeguismo linguístico tem-se avançado muito no reconhecimento da potencialidade que tem para nós. A guerra normativa não contribuiu para que fossem vistos com objetividade os benefícios que para a Galiza representa o português, independentemente da orientação normativa dos setores confrontados. É preciso acabarmos com os preconceitos e procurarmos salientar as indubitáveis vantagens que nos fornece o domínio do português, seja este concebido como variante do sistema linguístico comum ou como língua independente da nossa. (…)”

Vítor Vaqueiro: “Uma normativa tem implicações políticas, e a vigente contribui a enfraquecer a identidade galega”

Entrevista de Montse Dopico a Vítor Vaqueiro en Praza:
“(…) – Praza (P): O discurso sobre as vantagens da maior convergência com o português está a estender-se, e também nas instâncias oficiais. De que modo queria este livro [Da identidade à norma] intervir no mesmo?
– Vítor Vaqueiro (VV): Contribuindo, na medida que fosse, a por acima da mesa a necessidade dum debate sobre o que queremos para o futuro da nossa língua na Galiza e no mundo, dado que somos independentistas e internacionalistas. Isso, em primeiro lugar. Em segundo, a convidar a gente que esteja interessada no nosso idioma a que reflita na situação atual que, dum ponto de vista de higiene democrática não é defendível, dado que se estão a censurar textos, não pola sua qualidade literária ou intelectual, mas pola forma na que estão escritos. E, em terceiro, a mostrar que uma normativa não é uma questão só técnica, que tem implicações políticas, e que esta normativa, concretamente, contribui a enfraquecer a identidade galega.
– P: Começa o ensaio explicando como, já que os movimentos de emancipacão basco, catalão e galego consideram o idioma um factor essencial na definição da identidade, o Estado espanhol joga a dividir o campo dos seus adversários políticos, promovendo a ideia de que catalão e valenciano, por um lado, e galego e português, pelo outro, são línguas diferentes. Podes explicar melhor isto, como contexto do que acontece depois?
– VV: Em realidade já quase o explicas ti perfeitamente na pergunta. O poder do estado decide, já por volta do ano 70, começar uma política de divisão, consciente do feito de que o fracionamento do campo dos que considera os seus inimigos -que a diversidade cultural se perceba como um perigo já orienta sobre a natureza cultural e política do Estado espanhol- constitui uma estratégia essencial para derrotá-los e conseguir a sua desaparição que, queira-se ou não, é o seu desejo. Os poderes do Estado estariam mui felizes se atingirem um território monolíngue espanhol e uma única cultura, a espanhola. (…)
– P: O imaginário espanhol formula o tópico das “outras línguas” como “minoritárias”, em correspondência com o estereótipo das “minorias” basca, catalã. A que obedece esta estratégia?
– VV: Justamente ao que comentamos antes. Para o Estado existem umas línguas minoritárias, secundárias, acessórias, prescindíveis, regionais e outra língua majoritária, principal, imprescindível, nacional, própria da nação espanhola. É uma estratégia de desrespeito e desprezo ao que não seja espanhol, digamo-lo entre aspas, e formula um combate político utilizando o imaginário, o econômico, o social e as suas poderosíssimas alavancas. Porque o Estado formula sempre as cousas da perspectiva contável e do número, como se uma verdade dependesse da quantidade de pessoas que a afirmam. Se assim for, Galileu, por por um caso, não teria razão, mas o tempo demonstrou que a tinha. (…)”

A Coruña: presentación de Da identidade à norma, de Vítor Vaqueiro e Nicolás Xamardo

A quinta feira 9 de marzo, ás 20:00 horas, na Libraría Lume (Rúa Fernando Macías, 3), na Coruña, Vítor Vaqueiro presenta o libro Da identidade à norma, editado por Laiovento, da que é autor xunto con Nicolás Xamardo. No acto participa, xunto ao autor, Pilar García Negro.

Vítor Vaqueiro: “Que con 65 anos abandones unha norma sabendo que a editorial che vai fechar a porta ten un valor simbólico grande”

Entrevista a Vítor Vaqueiro en Sermos Galiza:
“(…) – Sermos Galiza (SG): Hai pouco reivindicabas con moita outra xente a igualdade de trato para os escritores reintegracionistas no sistema cultural e editorial galego a través do manifesto O fim do apartheid.
– Vítor Vaqueiro (VV): Claro, é que non nos damos de conta disto, como funciona desde o punto de vista dos dereitos cívicos. Que unhas persoas se vexan privadas de publicar pola grafía coa que escriben é algo inconcibíbel. Pero ademais hai sentenzas do Tribunal Superior de Xustiza de Galiza redixidas en reintegrado e unha sentenza pola cal asociacións reintegracionistas lle gañan un xuízo ao goberno da Xunta de que ninguén pode ser marxinado nin discriminado pola súa grafía. E o máis grave é que o fan sen crelo, porque falas cos responsábeis das grandes editoriais galegas e din “estamos convencidos de que galego e portugués é o mesmo idioma”. Ou “vaia lío no que nos metemos, a ver como saímos del”. Ou as declaracións de Villares, presidente do Consello da Cultura, dicindo que hai que achegarse. (…)
– SG: De todos os xeitos, nos últimos anos a unidade lingüística galego-portuguesa xa ninguén a discute. Aí houbo un certo avance.
– VV: Con toda humildade, pero o feito de que Séchu Sende, Teresa Moure, Verónica Martínez ou eu mesmo -perdón por autocitarme- abandonáramos a normativa oficial, iso pesa. O meu caso debe ser o máis rechamante. Agora vou cumprir 69 anos. E que con 65 anos abandones unha norma sabendo que a editorial na que levas 35 anos publicando che vai fechar a porta, eu creo que iso ten un valor simbólico grande, independentemente de que Teresa é moito máis coñecida ca min. E é que ao cambiar de normativa ti sabes que perdes moito. Eu escribía un libro para Galaxia e aos tres meses sabía que estaba circulando polo país. E este libro leva tres anos feito, e sae agora. É complicado. Cambiar supón pagar unha peaxe altísima. Eu recoñezo que a xente que deu ese paso hai 20 anos, porque eu deino onte pola tarde en comparación, tivo que custarlle moito na súa vida. O cal non ten un pase. Por iso digo, á parte da cuestión máis ou menos técnica, é un problema de hixiene democrática. Unha sociedade que actúa así, está doente. Eu, sinceramente, se a norma oficial fose a reintegracionista e non se permitise escribir á xente que escribe na que hoxe é oficial, partiríame a cara por eles. (…)”