Non cantan paxaros neste bosque. Carlos Negro

Desde Radiofusión:
Carlos Negro vén de publicar en Xerais o libro de relatos Non cantan paxaros neste bosque. Un puñado de relatos que fan honor á literatura tradicional inglesa deste xénero no que Negro se formou como lector. No transcurso do club de lectura Carlos Negro fala tamén das posibilidades que nos proporciona a ficción “para vingarnos dos abusóns e para exorcizar os nosos medos”. A literatura de fantasmas e de terror é moi esixente, ten que ser moi lograda para que faga efecto, por dicilo dalgunha maneira. Negro púxose un reto diante deste libro: “Vou ver se son quen de facelo”. Quixo, ademais, darlles aos relatos un marco actual, con ambientes cotiáns. “Converter lugares neutros como unha estación de servizo, un autobús escolar ou un tobogán, en lugares extraordinarios é todo un reto” afirma Negro.
“Bruno non percibiu como un monte de carne se abalanzaba sobre el, inmovilizándoo contra o chan. Antes de que tivese tempo nin sequera de emitir un berro, unha man férrea premía o seu rostro contra os seixos do escouredo, impedíndolle calquera move-mento…. – Será mellor que non te remexas, coelliño…
Desta maneira comeza un dos relatos do libro de Carlos Negro, “Ventos de Oiá” . Hoxe conversamos co escritor natural de Lalín que nos últimos anos desempeña un intenso labor de achegar a literatura ao público xuvenil a través de obradoiros que realiza por toda Galicia. En 2018 recibiu o premio dos Clubs de lectura por ser o autor máis lido no ano 2017 nas bibliotecas escolares.
Participaron no noso club de lectura, do outro lado, Esther Val, Antonio Tizón e Henrique Sanfiz.
Pode escoitarse aquí.”

Antonio Tizón: “Pretendo desmontar a imaxe que relaciona aos enfermos mentais con actos violentos”

Entrevista a Antonio Tizón en Atlántico Diario:
“(…) – Atlántico Diario (AD): Aborda a investigación dun crime onde o asasinato non é o centro da trama. É unha revisión do xénero de novela negra?
– Antonio Tizón (AT): Fálase das novelas muleta porque é unha mestura do policial con outros xéneros literarios. Os Incurábeis é a novela máis convencional da saga; na segunda, Un home estraño, hai dous narradores distintos e un apéndice de 73 páxinas coas cancións dun dos personaxes, un cantautor de rúa. Máis que policial, eu considéroas novelas sociais, onde a intriga funciona moi ben, con varios sospeitosos. O aspecto gastronómico é moi importante, na última novela saen mencionados máis de 40 restaurantes reais.
– AD: A enfermidade mental, unha constante na saga, tamén aparece nesta última publicación.
– AT: A abordar as doenzas mentais é moi importante para min. É un compromiso persoal. Eu padezo trastorno bipolar e quero dalo a coñecer a través destas cinco novelas. A primeira ten moito de autobiográfica pero non me deu para explicar todo que quería polo que o repartín en cinco entregas. Moitas veces se crean estereotipos dos enfermos mentais en relación cos actos violentos, eu pretendo desmontar esa imaxe. Son doenzas que aínda que non teñen cura, si contan cun tratamento farmacolóxico coa que se pode levar unha vida normal.
– AD: En Os Incurábeis retrocede ata 2001 para situar a trama no 11-S. Como o xustifica?
– AT: Cada novela ten un marco histórico concreto. A partir do 11-S, Aznar, Bush e Blair concebiron o termo de guerra preventiva, nesta novela levo ese concepto á mundo da psiquiatría, que pasaría se se tomasen esas medidas? Nese contexto abordo o tema da eutanasia. O último capítulo acaba en 2004 para enlazar coa seguinte novela, contextualizado no 11-M co tema da vinganza. As cinco son novelas, aínda que se complementan, son independentes. (…)”

Paula Carballeira: “Somos umha sociedade que fala muito, narra pouco e escuta menos”

Entrevista de Lara Rozados a Paula Carballeira no Portal Galego da Língua:
“Paula Carballeira é umha das mais ativas narradoras orais da Galiza na atualidade. Além disso, é poeta, romancista, dramaturga, atriz e membro desde a sua formaçom da companhia Berrobambán. Recentemente publicou na Através Editora o seu ensaio, tam certeiro para os tempos em que vivemos, E continuaremos a contar. A narrativa oral como ato de visibilidade e sobrevivência. Sobre ele falamos nesta conversa.
– Portal Galego da Língua (PGL): De que doenças pode curar-nos continuarmos a contar? Da falta de escuta, por exemplo?
– Paula Carballeira (PC): A doença fundamental que cura continuar contando é o esquecimento. Para mim, umha das doenças mais perigosas. O esquecimento apaga a identidade, as lembranças, o aprendido, as alegrias e as tristezas. Contar oferece-nos um espaço de liberdade para que se ouça o que temos a dizer, as ficçons que criamos sobre a realidade que nos rodeia, o nosso ponto de vista, único e individual, umha ponte com a comunidade, com o imaginário coletivo. Contar afasta a soidade.
A escuta é um ato de rebeldia contra um ritmo marcado, o ritmo do consumo rápido do tempo, com a produtividade mal compreendida. Quando alguém ouve umha história, pára o relógio, rompe os limites, tam delimitados, das possibilidades que som factíveis apenas por imaginá-las. A escuta dá valor a quem fala, a quem cria, a quem brinca com as palavras, faz-nos sentir responsáveis polo que dizemos e para quem o dizemos. Ouvir demonstra respeito.
– PGL: Como é contar em tempos de pandemia? Quais som os grandes reptos?
– PC: Contar em tempos de pandemia é recuperar um espaço intangível, seguro e confortável onde esconjurar os medos. A comunicaçom direta, a presença da narradora ou narrador que cria umha história olhando nos olhos do público, fai-nos recuperar a capacidade de evocar, a ilusom. Cada vez que fago umha sessom de contos, recebo um enorme agradecimento, em voz alta ou no sentir.
As máscaras cobrem o rosto, escondem esses matizes gestuais que ajudam a conformar a informaçom de se a história é bem recebida, se há algumha interferência. Da perspetiva da narradora ou narrador, o “feedback”, a resposta, fica um pouco mais escura. A distância pode-se salvar amplificando a voz, favorecendo umha boa visibilidade. O poder sugestivo dos contos vence sem problemas os dois metros ou três da distância de segurança e as palavras tocam igual, com a sutileza de um sopro de ar. Porém, quando se conta com máscara, empobrece-se a transmissom oral. O facto de nom ver os lábios dificulta a compreensom e duplica o esforço de quem narra. É fundamental poder jogar com as pausas, os silêncios, os volumes, os gestos.
– PGL: Há algum conto / história / personagem que seja para ti como um talismam, que sintas que traz sorte? Ou “palavras mágicas”?
– PC: Os contos tradicionais tenhem para mim um forte componente simbólico. Uso-os para poder recriá-los segundo os meus interesses. Por diversos motivos, o conto do Capuchinho Vermelho acompanhou toda a minha vida e a história de Barbazul, nas suas diferentes versons, representa para mim o triunfo da inteligência sobre a brutalidade. As palavras mágicas só as uso em sessons com público infantil ou familiar, para expressar a importância dessa entrada no mundo das possibilidades infinitas.
– PGL: “É importante poder transmitir ficçons que nos resgatem da nossa luta contra os medos”, dis. Necessitamos contar para fazermos frente a todos estes discursos de medo em que vivemos na atualidade? E o discurso do esquecimento, também…
– PC: Acho que nesta sociedade em que vivemos o medo está a ganhar força, precisamente porque nom nos atrevemos a falar, a contar, a dar-lhe forma.
A partir do momento em que assumimos discursos alheios, nos quais nom nos fazemos perguntas, nos que simplesmente assentimos com a cabeça e procuramos proteger-nos sem saber de quê, adotamos umha postura defensiva. Do meu ponto de vista, a narraçom oral oferece umha postura construtiva. Distanciamo-nos dos medos, pomos-lhe nome e assim volvem-se abarcáveis.
Procurar as nossas palavras para os medos resgata-nos do anonimato e, ao mesmo tempo, oferece-nos respostas para as grandes perguntas, prováveis e improváveis.
Contando recriamos. Contando fazemos-nos ouvir, damos valor à nossa voz, nom deixamos que ninguém nos silencie. Contando procuramos um caminho alternativo.
– PGL: Somos umha sociedade que escuta?
– PC: Somos umha sociedade que fala muito, narra pouco e escuta menos.”

Xurxo Souto: “Considero o binormativismo umha proposta luminosa e inteligente”

Entrevista a Xurxo Souto no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Qual foi a melhor iniciativa nestes quarenta anos para melhorar o status do galego?
– Xurxo Souto (XS): A incorporaçom do galego ao ensino, e a criaçom de meios de comunicaçom públicos -rádio e televisom- que tenhem o galego como língua veicular.
– PGL: Se pudesses recuar no tempo, que mudarias para que a situação na atualidade fosse melhor?
– XS: Em primeiro lugar, recuperar todo o trabalho que se tinha desenvido a prol da língua antes da Guerra Civil, e que se ignorou dum jeito absolutamente interessado. Falamos dum grande esforço intelectual –com epicentro, por dizê-lo rápido, na Geraçom Nós- que procurou a criaçom dum registo culto para a língua, e que tinha como referente necessário outro registo culto do nosso idioma, ou seja o português.
Em lugar disso (isto é, a tradiçom e o trabalho que representava, como figura central, Ricardo Carvalho Calero) optou-se por recorrer diretamente à fala. Oficializou-se a norma do castelhano como norma do galego, ignorando, insisto, toda a história da língua.
Este foi o grande erro: a supeditaçom do galego ao castelhano. A partir de aqui mudaria as sucessivas políticas linguísticas que foi desenvolvendo o Partido Popular. Esta formaçom nunha acreditou, ou nom lhe interessou, que o galego chegasse a se consolidar como umha língua culta. Sempre defendeu (refiro-me aos factos, nom ao discurso) umha posiçom de dependência a respeito do castelhano. E também derrubárom muitas conquistas alcançadas anteriormente, e atrevêrom-se a situar o galego no ensino –via mandato legal – diretamente como umha língua de segunda. Falo da proibiçom expressa de utilizar o galego em determinadas matérias, como as matemáticas. Tal política nefasta para a língua continua.
Os meios públicos, a Rádio e a Televisom que deveriam ser o referente dum registo culto do galego oral, renunciam definitivamente a esse mandato. Cada vez em mais programas da sua grelha escutamos um galego popular inçado de castelhanismos. Esse é o seu modelo de língua. A leitura profunda é evidente: Nom precisamos dum galego culto, para esse tipo de contextos já temos o referente dumha língua culta: o castelhano.
– PGL: Que haveria que mudar a partir de agora para tentar minimizar e reverter a perda de falantes?
– XS: Acho que já respondim na pergunta anterior. Políticas linguísticas decididas que ponham em valor a língua, e que esta abranja todo o tipo de registos. Cada vez a gente nova fala menos galego, sabemo-lo. Mas ao mesmo tempo é o segmento da populaçom que mais valoriza a língua. O problema nom está pois na mocidade, está na preguiça das pessoas adultas que aceitam com indolência estas políticas galeguicidas.
– PGL: Achas que seria possível que a nossa língua tivesse duas normas oficiais, uma similar à atual e outra ligada com as suas variedades internacionais?
– XS: Considero-a umha proposta especialmente luminosa e inteligente. Por desgraça a possibilidade dum achegamento entre a posiçom isolacionista e a reintegracionista é mui pequena. Sobretudo porque o debate intelectual está mediatizado polo poder político que atualmente nos governa, e que apoia dum jeito decidido a primeira das posiçons. Portanto o que procede, já que devemos conhecer essa norma por “imperativo legal”, é que podamos chegar a dominar também a norma do galego internacional, isto é, a norma portuguesa.”