Arquivos da etiqueta: Susana Sanches Arins
Cuntis: presentación de Nordeste, de Daniel Asorey
Especial sobre escritoras galegas en Recendo, de Cuac FM
Desde Recendo de Cuac FM:
“8×20 Especial Sobre Escritoras Galegas. Programa número 248, no que realizamos estas tres entrevistas a escritoras galegas:
– Ledicia Costas.
– Susana Sánchez Arins.
– Pilar Pallarés.
Pode escoitarse aquí.”
“Sombra de mulheres na erva”, por Susana Sánchez Arins
Artigo de Susana Sánchez Arins na Sega:
“(…) Esta é a arte de Daniel Asorey. Brinca com a verdade e a mentira com a finalidade única de atirar-nos dos olhos a venda que nos cega, a mesma que nos impede ver quem fomos e, portanto, que somos. E boa falta fazia, que alguém colocasse no papel, bem clarinho, o nosso lugar nessa história que sempre preferimos não ler.
O autor introduz-nos no seu mundo à maneira documental, mostrando as provas da verdade: a existência das cangaceiras. Nascemos ao romance com uma fotografia, tão brutal como real, das cabeças cortadas, sem ilhas nem piratas. E, pensando que estamos a ler recriação historicista, passa a situar-nos numa Compostela amsterdiana, substituídos por canles os caminhos de pedra que conhecemos. Falsidade. Como vão chegar as dornas à praça do Obradoiro!
E damos com elas. Com as protagonistas. Matilda a Gringa, Maria Bonita, Carme de Candingas. Eis as três. Com nome. E com capacidade de nomear o universo. Polos olhos e pensamentos delas, em espaços diversos, desde posições sociais diferentes, mesmo em distintos momentos históricos, vemos como aprendem que não são flores deste mundo, que o que elas vem, pretendem, querem, não pode ser edificado lá onde a história as colocou. Todas elas, as três, rebelam-se contra o seu destino de mulheres obedientes. Estão dispostas a luitar por mudá-lo todo, para, após o fulgor duma amarga descoberta, acabarem tão desiludidas como cientes de que as suas ambições de justiça excedem-se em ambiciosas. Não serão consentidas. (…)”
“A arte de servir o chá”, por Susana Sánchez Arins
Artigo de Susana Sánchez Arins desde A Sega:
“Tea rooms é o nome da pastelaria. Tea rooms é o título do romance. Um romance escrito por uma mulher e protagonizado por mulheres. E fazemos a nossa inferência, e pensamos nessas donas de casa desesperadas da tevê, que combinam nas tardes para tomar um chá e revisar as suas medíocres vidas. Porém a escritora encontra mais interessante focar a sua obra noutras mulheres, e por isso completa o título com um Mujeres obreras.
E lemos. E ficamos surpresas. Porque damos com um romance que não estudamos que existira, hispanistas que somos, nem no liceu, nem na faculdade, nem sequer nos estudos de posgrau. Nunca.
Luisa Carnés dá às cinco mulheres do seu texto a acolhida que lhes nega o salão de chá em que trabalham. Seja no balcão ou na limpeza, as protagonistas do romance são mulheres que suportam condições laborais indignas, quase escravagistas, no Madri de 1933. Cada uma das personagens que constrói a autora tem as suas características pessoais e as suas circunstâncias vitais, embora quase todas partilhem uma condição: a pobreza. Esta faz-se mais patente polo espaço de trabalho: um lugar onde a rapariga que sabemos não pôde tomar o pequeno almoço, deve servir doces e pasteis sem pensar em levar nenhum à boca. Que mesmo deve atirar os que já não são frescos sem botar-lhes a mão, razão de despedimento. Um lugar onde a pessoa que mal-come deve contemplar em respeitoso silêncio como petiscam sem vontade as gentes de bem. (…)”
Compostela: sesión do Clube de Leitura Feminista na Lila da man da Sega, con Susana Sánchez Arins
Ferrol: presentación de Curso de Linguística Geral, de Ígor Lugris
A sexta feira 4 de novembro, ás 20:00 horas, na Fundaçom Artábria (Travesa dos Batallóns, 7 – Esteiro), en Ferrol, terá lugar a presentación do libro de poema de Ígor Lugris Curso de Linguística Geral, publicado por Através. No acto, o autor estará acompañado por Susana Sánchez Arins.
Carballo: presentación de seique, de Susana Sánchez Arins
A quinta feira 3 de novembro, ás 19:30 horas, na Biblioteca Municipal Rego da Balsa de Carballo, terá lugar a presentación de seique, de Susana Sánchez Arins, publicado por Através Editora. No acto, a autora estará acompañada por Mercedes Queixas.
Compostela: Pegadas de Terra. Encontro em Compostela com Samuel Pimenta
Levada do vento, por Susana Sánchez Arins
Artigo de Susana Sánchez Arins na Plataforma de Crítica Literaria A Sega:
“Scarlett abaixa-se na aurora de um novo dia, ou no entardecer do fim da guerra, não lembro, apanha uma magra e triste cenoura e jura que nem ela nem nenhum dos seus voltarão passar fome, assim tenha que mentir, roubar, esmolar ou matar.
Lembro a primeira emissão televisiva de Gone with de wind. Lembro-me sentada, lá em 1986 (comprovei o dado nas redes, para melhor parecer) a carão de mamá para vê-la e lembro ficar obnubilada com a ousada Scarlett. Lembro ter visionado o filme em cada reposição posterior.
Também lembro ler, anos após (em 1999 se as anotações do meu volume não mentem), os Vínculo de sangue de Elvira Souto, um livro bem sugestivo e diferente na altura (para mim) em que analisava só, e intertextualizando, personagens femininas e violentas de feminina autoria. De todos os capítulos, gravou-se em mim esse de Magnólia e luar, no qual me descobriu a heroína Melanie Hamilton que escondia Margaret Mitchell no romance original. Uma Melanie em absoluto inocente e dócil e lideresa/fundadora do Ku klux Klan. Já daquela fiquei com vontade de ler. Sim. De ler a monumental obra e original, a raiz.
E foi agora que lim. Visualizando a cena cinematográfica em cada cena narrativa. Escutando a Clark Gable e Vivian Leigh (bom, às atrizes de dobragem) em cada diálogo que lia. Tanta era a fidelidade da versão fílmica.
Até que comecei a duvidar. Mas isto saia no filme? E casou tantas vezes Scarlett? E estivo tanto tempo de luito? E decidim visionar o filme uma outra vez. (…)”