Carlos Taibo: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”

Entrevista de Diego Bernal a Carlos Taibo no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Há algumha novidade nesta 3ª ediçom a respeito das anteriores?
– Carlos Taibo (CT): As novidades são três. Uma delas é que o livro foi objeto duma profunda revisão linguística que fez que os meus problemas com a versão portuguesa da língua comum, que não são menores, recuassem um bocadinho. Mudou, por outra parte, a capa e acho que o resultado foi bom, por não dizer que foi muito bom. Escrevi, enfim, um novo prólogo que em essência deseja atualizar a bibliografia que, sobre a vida do poeta, foi publicada nos últimos doze anos. Sigo a ler tudo, ou quase tudo, o que se publica a respeito.
– PGL: Umha das faces menos conhecidas de Pessoa é a dos seus vínculos com a Galiza, quer no plano familiar –tem antepassados no concelho de Serra de Outes— quer no plano intelectual. Achas que devia haver um maior reconhecimento público destes vencilhos?
– CT: Esses vencilhos não são –há que reconhecê-lo- muito fortes e conduzem a etapas afastadas no tempo. Talvez teria mais interesse mergulhar nos escritos políticos em que Pessoa reflexiona sobre a condição e o futuro da Galiza. Não deixam de incluir sugestões merecedoras de atenção, em espera, por demais, da publicação de possíveis materiais inéditos.
– PGL: Esta obra nasceu graças ao abrigo de umhas palestras que nunca chegárom a acontecer. Mas quando é que nasceu o interesse do Carlos Taibo por Pessoa?
– CT: Nem eu mesmo sei. Em finais da década de 1970 já lera Fernando Pessoa mas não lembro que deixasse em mim uma pegada notável. Talvez foi a leitura das cartas enviadas pelo poeta à sua efémera namorada, Ofélia Queirós, a que provocou um interesse repentino. Acontece amiúde no meu caso que as aproximações às matérias importantes chegam ao abrigo do que num primeiro olhar é aparentemente anedótico. (…)”

Carlos Taibo: “A língua é a mais excelsa das criações do ser humano”

Entrevista de Diego Bernal a Carlos Taibo no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Nom é muito comum fazer autobiografias com focagens tam específicas, como surgiu a ideia de escreveres sobre a tua relaçom com as línguas ao longo da vida?
– Carlos Taibo (CT): Há um tempo que me decatei de que boa parte das histórias e das brincadeiras que conto têm uma base claramente linguística. Em realidade não proponho nessas páginas, em termos estritos, uma autobiografia que, como tal, teria um interesse reduzido. O livro é de facto um pretexto para recuperar essas histórias e brincadeiras. Na tarefa ajudou-me um corunhês um bocadinho louco que ministra aulas de galego em Madrid e que sonha com línguas e com anões de Minas Gerais.
– PGL: O Feitiço das línguas já encanta o leitor desde o próprio título. Som isso para ti as línguas, um feitiço?
– CT: São, certamente. E são também um presente que nos ofertou a natureza. Não consigo compreender aqueles que celebram, em virtude das teóricas melhoras que haveriam de produzir-se na comunicação, a desaparição de línguas. Além disso, no prólogo do livro saliento que para mim a língua é a mais excelsa das criações do ser humano, noutros âmbitos tão pouco feliz.
– PGL: Seguindo com o título, escolheche um subtítulo curioso, “uma (pseudo) (auto) biografia linguística”. Que de “pseudo” há nela?
– CT: Já disse que o meu objetivo não era, ou não era fundamentalmente, retratar-me. Agrego agora que o livro carreta uma vantagem nada desprezível: reduz sensivelmente as possibilidades de eu sentir a tentação de enfrentar uma autobiografia canónica, em visível proveito da humanidade e da sua causa.
– PGL: No mundo há mais mais de 6000 línguas. Com quais vai dar o público leitor ao debruçar sobre esta obra?
– CT: Vai dar, nomeadamente, com o galego-português e com o espanhol. Mas também com outras línguas que até agora me acompanharam, com noivados mais ou menos longos: o francês, o italiano, o alemão, o grego, o árabe, o catalão e… o russo. Mas também há observações nessas páginas sobre o africânder, o maltês ou o fan. Para parecer culto e exótico.
– PGL: Algo realmente admirável é a capacidade do autor para lidar com a diversidade linguística. Ser poliglota fai parte do teu charme?
– CT: Não quero enganar ninguém. Os meus conhecimentos em matéria de línguas são muito limitados. E falando a sério não sou um poliglota. Sou uma pessoa curiosa que procurou se embebedar ao abrigo das línguas, com razoável sucesso. Como é sabido, e além disso, o meu charme tem um caráter exclusivamente sexual.
– PGL: Tens mais de meio cento de livros publicados. Já estás a pensar em qual vai ser o próximo?
– CT: Trabalho num livrinho, que vai ser muito ameno, sobre ecofascismo. E, para castigar os olhos dos amigos e amigas da Através, há tempo que acumulo materiais para escrever uma opera-prima sobre uma cidade do norte de Portugal na que desagua o Douro. Mais esse texto magnífico ainda há de demorar.”

Feira do Libro da Coruña 2021: actividades destacadas do 9 de agosto

O 9 de agosto continúa a Feira do Libro da Coruña (nos Xardíns de Méndez Núñez, s/n.), organizada pola Federación de Librarías de Galicia, con horarios de 11:00 a 14:00 h. e de 18:00 a 22:00 h., cos seguintes actos literarios destacados dentro do seu programa para este día:

18:30 h. Marta Dacosta asinará exemplares de Notas sobre a extinción, publicado por Galaxia, e do resto da súa obra.
18:30 h. Recital poético arredor do libro Manifesto 25N. Trinta voces pola eliminación da violencia contra a muller, publicado por Alvarellos. Participan Arancha Nogueira, Andrea Fernández Maneiro, Beatriz Maceda, Viki Rivadulla e outras autoras.
18:30 h. Presentación e sinatura de Don Carlos e o misterio dos lucecús, de Patricia Torrado Queiruga, publicado por Baía. Participa, xunto á autora, Belén López Vázquez.
19:30 h. Presentación e sinatura de Apelidos da Galiza, Portugal e Brasil, de Diego Bernal, publicado por Através. Participa, xunto ao autor, Alberto Pombo.
19:30 h. Héctor Carré asina exemplares de Medos, publicado por Xerais, e o resto da súa obra.
20:30 h. Presentación cruzada e sinatura de Zona a Defender, de Manuel Rivas, publicado por Xerais, e Miss Marte, de Manuel Jabois.