#EuSonRosalía: Susana Sánchez Arins

CoEuSonRosalia___(1) cancelo #EuSonRosalía a Asociación de Escritoras e Escritores en Lingua Galega propón celebrar o Día de Rosalía de Castro 2015 convidando os centros escolares, institucións, movemento asociativo, persoeiros da cultura galega e a todos os particulares que se quixeren sumar, a realizaren actividades encamiñadas a afondar na diversidade temática da obra rosaliana, de modo que cada persoa descubra con cal das múltiples sensibilidades da autora se sente máis identificada, e así poder comunicárnolo gravando en vídeo unha frase que comezaría por “Eu son Rosalía porque/cando/para…”
A idea é que os lugares nos que se filme esa breve declaración, de contido libre e persoal, sexan escenarios da vida cotiá, de ser posíbel, especialmente os ámbitos laborais, en conexión con boa parte da poesía rosaliana, vinculada ao traballo e á vida diaria.
Envíanos o teu vídeo ou a ligazón ao mesmo a oficina@aelg.org!

Este é o vídeo de Susana Sánchez Arins.

Entrevista a Susana Sánchez Arins

EntrevistaSusana Sánchez Arins a Susana Sánchez Arins na revista Palavra Comum:
“- Palavra Comum (PC): Que supõe para ti a literatura?
– Susana Sánchez Arins (SSA): Uma parte imprescindível de mim, de nós. Se não a tivesse, teria que inventá-la. Em realidade isso é o que levamos a fazer desde que somos humanas. Gosto dessa teoria a defender que a nossa área de Broca cerebral desenvolve a um tempo a capacidade linguística e a de manipular objetos com a mão direita. E aquela que associa sermos bípedas com o desenvolvimento do aparato fonador. Somos humanas porque fabulamos. Fabulamos porque somos humanas. E eu tenho-me por mui humana.
– PC: Como entendes o processo de criação artística?
– SSA: Pois sou mui materialista nesse assunto. Entendo-a como um processo de produção, um trabalho que manufatura objetos, artefactos. Em troca de utilizar como matéria prima o coiro, a madeira ou o papel, recorre ao coiro, à madeira ou ao papel, mas para outra cousa. No campo da literatura a matéria prima é a língua, a palavra, e o nosso trabalho consiste em repuxá-la, talhá-la ou tingi-la para expor a nossa maneira de ver o mundo, denunciar realidades que nos desgostam, propor alternativas de qualquer tipo, ou, simplesmente, jogar. Bom, talvez jogar seja o trabalho mais importante que devamos fazer com a palavra.
[Não gosto nada da palavra criação. Percebo-a com tal hálito de divindade, de superioridade, que para mim deriva em halitose. Achega-me à concepção da artista como a Elegida que vê onde as demais não vemos, o qual limita a acessibilidade à arte das pessoas não elegidas, que somos a maioria]. (…)
– PC: Que caminhos (estéticos, de comunicação das obras com a sociedade, etc.) estimas interessantes para a criação literária hoje -e para a cultura galega, em particular-?
– SSA: A nível estético penso que o caminho libertário é o melhor e é já um caminho aberto: penso que há grande diversidade de vozes e maneiras de fazer na literatura, independientemente da sua visibilidade. Se revisamos os títulos de poesia publicados no ano passado, por ponher um exemplo, resultaria-nos mui difícil, creio, estabelecer uma continuidade estética. Há de todo, como em botica, e isso é bom, porque assim todas podemos encontrar ligações com os nossos gostos e interesses.
Onde vejo eivas é no campo da visibilização, quer dizer, essa variedade que creio que sim existe, não é percebida pola comunidade leitora. Porque onde falhamos é na comunicação. E não só é um problema institucional (que também, com esse absoluto abandono da administração de bibliotecas e promoção livreira). As próprias escritoras temos hoje em dia uma cheia de recursos, antes inacessíveis (quem podia editar o seu próprio booktrailer e difundi-lo sem serem conhecidas numa canle de televisão?, p. e.), que não aproveitamos ao 100% para reduzir a distância com o nosso leitorado. (…)”

Estar no alho ou não estar, that’s the question!, por Susana Sánchez Arins

ArtigoSusana Sánchez Arins de Susana Sánchez Arins na Plataforma de Crítica Literaria A Sega:
“(…) Letras nómades [edición de Ana Acuña] reflexiona sobre a mobilidade feminina na literatura galega. É uma obra de carácter académico mais, como esta recensão, furta-se à ideia que podemos ter de trabalho teórico para construir-se como uma outra cousa, sem nome definido e, isso sim, um degrau mais acima.
As autoras pretenderom não só analisar um tema literário específico mas motivar a reflexão e a escrita nas próprias escritoras escolhidas, de modo que, no mesmo acto de estudar a literatura, promoverom a produção de textos. Abandonam assim o âmbito do estudo filológico de gabinete para estimular a actividade criativa com a sua iniciativa. O estudo de textos explicitamente solicitados às criadoras, nos artigos de Carmen Mejía, Manuela Palacios e María Xesús Nogueira rompem com o pré-conceito do texto canônico e públic(ad)o como objecto de estudo.
Porém não é esta, para mim, a aportação mais importante do volume, mas o especial interesse na documentação de vidas pequenas, de memórias privadas, de deslocamentos do quotidiano. Convencidas de que as mulheres ficaram ocultas nas narrativas de viagem por não ter sido a sua mobilidade épica ou heroica, ou por ter vedado o acesso aos meios de expressão, buscam maneiras alternativas de aceder às suas histórias de vida (não é outra cousa a memória que uma ficcionalização narrativa), desde o recordo familiar, até as testemunhas, passando polos documentos pessoais: a emigranta, a fugida, a nodriça, a guerrilheira, a mãe do fuzilado, todas encontram assim o seu lugar no livro, na nossa memória. O depoimento oral tem especial importância em todos os artigos do volume, assim como o contato emocional com as protagonistas e autoras (obteriam sem ele as mesmas informações para os seus artigos Aurora Marco ou Olivia Rodríguez?). Mmmm, outra vez a assepsia em questão… (…)”

O nacionalismo que não ama(va) as mulheres, por Susana Sánchez Arins

ArtigoSusana Sánchez Arins de Susana Sánchez Arins na Plataforma de Crítica Literaria A Sega:
“Helena Miguélez-Carballeira faz um percorrido, em Galiza, um povo sentimental?, pola história do nacionalismo galego e de como tal história foi narrada, para pescudar nessa narrativa (lembrai que narrar outra cousa não é que fabular) as ideias, o imaginário sobre o qual foi construído o discurso nacional. Amedida que o estudo avança vai-nos mostrando como a imagem de nós mesmas foi configurada polo colonizador e como o nacionalismo galego foi (auto-)retratando(-se) Galiza en função da imagem que d@s galeg@s espelhava o nacionalismo espanhol. Na Espanha a Galiza era representada duma maneira e os galegos (sim, elEs) recolhiam a luva da provocação e procuravam uma pintura que fosse uma resposta. Enfim, não somos outra cousa que um sujeito subalterno, que diria Gayatri Spivak.
A problematização para as mulheres aparece quando desde as espanhas é associado o mito das origens célticas ao modelo da imoralidade e a indecência. Sempre, em qualquer situação de conflito entre comunidades, a arma mais eficaz é sexualizar as mulheres (pág. 43) e ligar a decência da comunidade à daquelas. Apartir deste feito, Miguélez-Carballeira dá conta, recorrendo textos literários, políticos, jornalísticos, da existência de um contínuo diálogo entre um nacionalismo e outro, e também entre as diferentes correntes do galeguismo. Este diálogo en conflito, cheio de fios e meadas, origina uma complexa trama na que os tropos são contrastados, rectificados, adaptados ou suavizados en função de interesses e circunstâncias. Mas sempre ficando nós, as mulheres, subalternas perdidas.
Nesta retórica de ataques, ridículos, de exclusão e inclusão entre tírios e troianos é estabelecido um claro diferencialismo sexual, no que o elemento racional, viril, valente, afouto é tomado positivamente e aquele sentimental, feminino, submisso e medroso é arrojado como despreço na face do contrincante. Toda uma série de elementos se configuram em volta destes dous pólos como constelações: do racional imos ao público e ao político, do sentimental, ao privado e ao poético. Perante o modelo de mulher (Galiza) indecente, é criado um modelo de mulher (Galiza) modesta, obediente, sentimental. Perante o modelo de mulher (Galiza) submissa, é criado o modelo da Galiza (mulher) viril, e são rejeitadas as atitudes femíneas, sentimentais das correntes en competência. Em função destes modelos é interpretada, revisada, corrigida e readaptada a figura de Rosalia de Castro, a mulher (Galiza) mito.
Assim, por exemplo, a autora mostra no capítulo III como os moços das Irmandades se auto-erigem em nacionalistas políticos fronte ao regionalismo sentimental que defendem (dizem) pessoas como Couceiro Freijomil e chegam, nos seus artigos de opinião e palestras, a igualar a ideia de fazer política com a de se fazer homem. Estes tropos virilizadores tenhem continuidade ao longo de todo o século XX, estorvando tanto a presença de mulheres no campo da política1 como o surgimento de um pensamento feminista autónomo dentro do próprio nacionalismo.
Neste sentido gostamos especialmente do capítulo que Helena Miguélez-Carballeira dedica a Carvalho Calero, mais que pola análise, cremos que certeira, da sua obra desde uma perspectiva feminista, pola clarificadora exposição do seu rol assombrador sobre a primeira geração de críticas feministas galegas, empeçadas no seu trabalho pola atitude paternalista e fiscalizadora adoptada para com elas polo professor.
Galiza, um povo sentimental? é uma boa prova de como a asunção das metodologias críticas feministas podem deitar luz, abrir portas e questionar a configuração do imaginário cultural, ideológico e político de um país. Ou de como todo isso, gênero, cultura, política, está tão entramado que só uma olhada feminista pode ajudar a perceber o ponto com que é tecido. Ou de como devemos revisar as nossas histórias cultural e literária para desvendar a força que na sua configuração teve o sexismo. Ou de como, sempre, a melhor arma contra qualquer inimigo de qualquer caste é denigrar as mulheres. E de como, antes que em matar o pai, o nosso futuro está em matar o patriarcado.”

Compostela: presentación de Letras nómades, coordinado por Ana Acuña, e homenaxe a Begoña Caamaño

O Ana Acuña Letras nómadesvenres 21 de novembro, ás 20:00 horas, na Libraría Lila de Lilith (Rúa Travesa, 7) de Santiago de Compostela, preséntase o libro Letras nómades. Experiencias da mobilidade feminina na literatura galega, coordinado por Ana Acuña, e editado por Frank & Timme. O acto, que contará coa presenza da coordinadora do volume, así como das colaboradoras Manuela Palacios, Olivia Rodríguez, María Xesús Nogueira e Susana Sánchez Arins, finalizará cunha lectura colectiva do texto Viaxar para ler o mundo. Viaxar para lerme, de Begoña Caamaño, incluído no volume.

Das filhas bravas ou das cantigas acendidas, por Susana Sánchez Arins

ArtigoSusana Sánchez Arins de Susana Sánchez Arins desde a Plataforma de Crítica Literaria A Sega:
“(…) E uma tarde do mês de julho assomou, na eira de Solheiros, no Esteiro de Muros, cantada polas filhas bravas de Chévere. Porém já não era um canto alegre e dançável, já não se aparecia como engenhosa sedução mas como luita calada entre forças desiguais. Porque As Filhas Bravas decidirom que fazia parte duma regueifa entre um abusador sexual e a sua vítima, mulher à que quiçás não lhe reste mais que o seu engenho literário para se defender, ou, quando menos, para deixar pegada da agressão. A regueifa resultou seca, brutal, e foi acompanhada com um duro silêncio polas mesmas espectadoras que segundos antes riavamos a cachão. Quantas dessas espectadoras não se sentiriam identificadas com a voz feminina que se defende como pode? Não sei, porém em mim esse silêncio na eira ainda ecoa.
Essa é a força do novo espectáculo de Chévere, a mudança (ou a inclusão, melhor) do foco no tratamento das cantigas tradicionais, contextualizadas desde uma perspectiva de gênero. As ventureiras protagonistas, filhas das silveiras, definem-se como mulheres livres, donas de si e da própria sexualidade e convidam às presentes a conhecer toda a simbologia que oculta, ou desvenda para quem saiba interpretar, o cancioneiro tradicional. A obra está dividida em três partes, nas que as protagonistas fam um recorrido por jotas e moinheiras, maneos e regueifas dando sentido aos elementos sexuais latentes nos versos, cantigas de tom acendido, esclarecidas com grande humor polas três marias que presidem o cenário. E não descrevem uma sexualidade capada para fazê-la acesível a qualquer público, mas uma sexualidade aberta e impúdica e, sobre todo, gozosa e autónoma. (…)”

Só a pluma duma mulher podia celebrar a sua fama?, artigo de Susana Sánchez Arins

ArtigoSusana Sánchez Arins de Susana Sánchez Arins na Plataforma de Crítica Literaria A Sega:
“Abro as lapelas de Oroonoko e leio os biodados de Aphra Behn. Uma vida muito chamativa, lá no século XVII. Leio a contracapa e merco imediatamente o livro, já que no ressumo aparece-se como uma mui interessante denúncia do sistema escravagista.
Leio. E não gosto. Leio. E reflexiono. Muito.
Oroonoko narra a história de um príncipe de Coramantien, na costa da atual Ghana, que partilha apaixonamento com o rei do lugar. Este, para ficar com a mulher, atraiçoa ao moço e vende-o como escravo. A ela também. Oroonoko é trasladado ao Surinam, onde o conhece a narradora, inglesa que viajou com o pãe, representante do governo británico. Ela é que conta os factos. No início da estadia na fazenda, Oroonoko reconhece a sua amada numa escrava admirada pola sua beleza e recatamento. Casam e aguardam ser libertados dada a sua origem nobre, como muitas pessoas, entre elas a narradora, lhe prometem. Vendo que a libertação tarda e Imoinda está prenhe, Oronooko argalha uma fuga, que fracassa, é salvagem e exemplarmente torturado polo capataz do seu amo; desiludido, sem esperança de futuro, decide fugir novamente para suicidar-se após assassinar a sua parelha.
Recomendaria este romance? A autora é mulher, a primeira escritora inglesa profissional, uma precursora. Fez teatro, poesia, novelas e traduções. Foi uma grande defensora da igualdade de direitos das mulheres.
Porém avanço na leitura e não consigo aderir. (…)”

Ao aghinaldo imos ao ghinaldo andamos, por Susana Sánchez Arins

ArtigoSusana Sánchez Arins de Susana Sánchez Arins na Plataforma de crítica literaria A Sega:
“(…) Foi uma enorme surpresa quando, uma tarde de novembro ou dezembro, não lembro, Pablo veu buscar-nos à casa. Combinara no teleclu com Virucha e Carmem da Quenlha. O teleclu do Fojo era uma casinha com paredes de papel que naqueles tempos malarranjaramos para ter como local próprio e juvenil. Ensaiavam vários grupos musicais e a estética do espaço era do tipo casa okupada: móveis resgatados dos faiados e das palheiras, asseio básico, cartões de ovos nas paredes e cheiro a tabaco. Para as línguas marmuradoras, espaço de vício e perdição. Por isso, que Virucha e Carmem foram ao teleclu era uma surpresa. E mais surpresa foi saber a razão: iam aprender-nos uns cantos de reis.
Se no Fojo ninguém sabia cantar… (…)
A gravação foi divertida (ainda existe o CD que o corrobora) porém o melhor foi a festa. Porque o 5 de janeiro de 2001 lá nos juntamos todas para cantarmos os reis polas casas do Fojo e polas da volta. Começamos na de Virucha, que não dava creto ao que escuitava e via: gente moça celebrando os reis passados mais de 50 anos. Não se animou a acompanhar-nos, mas sim Carmem, que foi a segunda a quem lhe pedimos o aguinaldo, castanhas, chouriços, fabas e torresmos. E assim como para nós foram inesperadas cantadoras Carmem e Virucha, nas casas do lugar foi grande a surpresa do chamado noturno. Nalguma acirraram os cães pensando-nos ladras (também o faziam quando corriamos o entroido). Em muitas abriam as portas amedonhadas para depois convidar a passar, e lamentavam não saber da visita para ter preparado um biscoito, uma rosca, o aguinaldo. Porque em todas as cozinhas, de súbito, emergia a memória daquelas noites de reices arrombadas em faiados e palheiras, como os móveis do teleclu, para serem substituidas por programação televisiva especial.
Para nós cantaram Carmem e Virucha, mais antes o figeram, em fevereiro de 1981, para Dorothé Schubarth, Cecilia, de 71 anos e outra Carme, de 67. Eram do lugar de Fontenlo, em Codeseda, e cantarom o Caminito, tal qual o aprendemos nós. Também o cantou em Calhobre e fragmentado, Mercedes, que em 1979 tinha 79 anos, é dizer, era vinte anos mais nova que Carmem da Quenlha. E no Cancioneiro de Dorothé aprendo que o nosso Caminito não é outra cousa que um canto sobre um dos temas do ciclo natalício, a fugida a Egito da Virgem, José e o Meninho, e dentro deste, o encontro com o cego. A que nós chamavamos Los pajarillos é uma versão, que não encontro literal no Cancioneiro, do nascimento de Jesus. Parece-me diferente das que recolheu Dorothé porque variam as assonâncias. (…)”

Caderno do I Día das Galegas nas Letras

Desde1606945_684268224991625_5012473365439897814_n a plataforma de crítica literaria A Sega:
“O pasado 15 de agosto celebramos no Areal de Berres, na Estrada, o I Día das Galegas nas Letras para render homenaxe a Dorothé Shubarth, compiladora do Cancioneiro Popular Galego. Foi unha romaría na que nos xuntamos, falamos e cantamos para saudar a dignidade da literatura de tradición oral e o labor silenciado de todas as cantadoras que lograron manter vivo até hoxe o acervo musical que nos alimenta.
No marco desta celebración editamos un caderno con colaboracións de diferentes autoras: Andrea Nunes Brións, Mercedes Peón, Olga Kirk, Isabel Rei Sanmartim, Olga Nogueira, Susana Sánchez Arins, Chévere e Ugia Pedreira.
Compartímolo aquí para que poida ser lido e descargado.”