Compostela: Levantémonos! Verbas feministas. Recital poético

O xoves 12 de xuño, ás 20:30 horas, na Zona C (Rúa San Domingos de Bonaval, 1) de Santiago de Compostela, terá lugar o recital poético Levantémonos! Verbas feministas, no marco da exposición Levons-Nous! O himno das mulleres. As poetas convidadas son Xiana Arias, Marta Dacosta, Rosa Enríquez, Lucía Novas e Susana Sánchez Arins.

Susana Sánchez Arins: “Estou a fazer o meu pequeno contributo para despirolizar a AGAL”

Entrevista a Susana Sánchez Arins no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Várias escritoras impulsastes um espaço de crítica na rede, A Sega, onde conviveis autoras que tendes diversos pontos de vista sobre língua. Que tal está ser a experiência?
– Susana Sánchez Arins (SSA): A experiência d’A Sega é para mim definível com duas palavras: aprendizagem e alegria. Somos críticas literárias que partimos de dous pontos em comum: a galeguidade e o feminismo. E mesmo nessas partilhas somos mui diferentes, como bem indicas, ainda que eu não considero que tenhamos diversos posicionamentos linguísticos mas diferentes estratégias normalizadoras.
O grupo, que funciona de maneira virtual, em vez de viver essa diversidade como uma problemática, vive-o como riqueza. Aprendemos muitíssimo umas das outras. E passamo-lo mui bem. Quando abro a conta do gmail, fago-o com um sorriso e pensando a ver se alguma segadora escreveu algo… Assim é um gosto! Temos experiências, vitais, formativas, profissionais, mui diversas e cada vez que temos que fazer alguma cousa entre todas, de maneira colaborativa, nascem matizes, facetas e brilhos que nenguma das nossas individualidades poderia aportar sozinha. Num espaço assim, a diversidade linguística também não é vivida como problema. Levamos um ano de funcionamento e eu só sei que me sinto mais sábia e melhor acompanhada que antes. (…)
– PGL: És uma mulher de interior, mas conheces excecionalmente bem a cultura marinheira. Considerando a tua experiência, tens a impressão de que existem duas Galizas, uma, ou muitas?
– SSA: Que conheço mui bem a cultura marinheira duvido… Admito que sou curiosa e gosto de fazer parte dos lugares onde vivo. E habitar uns anos a Arousa deu-me possibilidade de aprender muito das minhas vizinhas. Descobrim uma parte da minha língua e da minha cultura que me eram desconhecidas, mas em que pudem entrar sem problema porque contava com as chaves que me dava a minha rural galeguidade. Uma das minhas amizades carcamãs vem de fazer a viagem inversa e também não encontrou problemas. Obtém a mesma felicidade entre as abelhas da Terra de Montes que entre as bateias do Salnês. Por isto não acredito que haja duas Galizas, penso que há quase tantas como paróquias. E isso é uma maravilha. Temos uma cultura enormíssima e dá gosto pensar que sempre, algures, resta algo por aprendermos de nós mesmas. (…)”

A lúa da colleita. Críticas de Susana Sánchez Arins e Marga do Val

Desde A Sega:
Susana Sánchez Arins: Anxos Sumai convida-nos, segundo a informação da contracapa, a acompanhar as férias da protagonista do seu romance A lúa da colleita. Aquelas que iam ser umas simples semanas de descanso, anuncia, acabarão sendo algo mais. A protagonista, Nuria, questionará-se tudo quando a rodeia, até o ponto de duvidar que é realidade que é ficção.
Justo aí encontrei eu o problema.
Renxe-me a personagem de Nuria. Não acaba de entrar-me. Não acabo de acreditar na sua existência. E já sei que é ficção, mas a essência do jogo está em eu acreditar pessoas as personagens, vidas as tramas, lugares os decorados. E Nuria renxe-me. (…)
E Anxos Sumai remexeu tudo isso em mim e logrou fazer-me ver que não sempre é possível perceber onde a necessidade do re-encontro com nós mesmas. Que não sempre é possível aceder à espoleta que faz rebentar mudanças. Que não sempre é possível atender com plena consciência às búsquedas persoais. Que não sempre é possível deixar migalhinhas de pão para que outras, nós mesmas, as sigamos. (…)

Marga do Val: Anxos Sumai é unha autora que me interesa moito, non só polo magnífico uso da lingua, polo ensarillamento da lírica na súa prosa, por suposto ledicias para a lectura, interésame por esa arquitectura que vai construíndo con imaxes, polos espazos labirínticos que nos obriga a transitar cando a lemos, ese mundo onírico, atmosfera de marabilla e de aversión. Interésame sobre todo a soidade que habita nas personaxes que (con)moven os seus textos, unha soidade que nos convida a estar con Anxos de Garda que resiste no arquivo da Melodía de días usados, que en Así nacen as baleas faísca como voaxa e ocupa todos os recunchos, porque o nacer das baleas convértese na morte de Ramón e asolaga o relato, esa terríbel inocencia que (se) destrúe, que anega e/ou expulsa, que obriga ou convida ao camiño, un camiño imposíbel de compartir. Unha vertixe. Mais nas súas obras non se pode pensar en que é o azar o que provoca esa señardade, en que é unha condena externa, falamos dunha busca das personaxes, na soidade de quen vai limpando carreiros con conciencia, de quen se mergulla para buscarse, unha soidade que dialoga coa daquel rianxeiro que foi Manuel Antonio e que falou co seu doppelgänger naquel poema “Ao afogado” (…)”.

Maternosofía: suficiência racional vs. instinto maternal”, por Susana Sánchez Arins

Desde A Sega:
“A maternidade, vista do ponto das mães, é uma dessas grandes ausentes no repertório literário galego, cousa lógica, se atendemos á (minguada) presença feminina nesse repertório. Por isso agradecem-se textos que abordem essa temática, e de entrada merecem ser celebrados. Até que os lemos.
Haverá quem diga que é por não sermos mães nem termos intenção de o ser. Mas não. É por aguardarmos deles sensações que não nos são transmitidas, questionamentos que não encontramos, análises não realizadas, tabus que não são tocados e mesmo literaturizações que não achamos. E a decepção acompanha a leitura enquanto esta avança.
Beatriz Gimeno perguntava-se há pouco se a maternidade mudou para seguir a ser o mesmo discurso prescritivo obrigando-nos a ser mães, embora mães modernérrimas.
E esta lampedusiana sensação é que me estremeceu durante a leitura de Maternosofía.
A base da decepção está na leviandade: a autora para em conflitos superficiais que mantenhem ocultos os substanciais, os que afectam à configuração da identidade das mulheres e ao mantemento da ordem social no seu conjunto. E isto contado desde o feminismo práctico (pág. 34).
Inma López Silva constrói o seu discurso em base á dicotomia que preside este artigo: a sua racionalidade perante ao cacarejado instinto maternal com o que somos educadas e coagidas as mulheres desde tempos imemoriais. E é marcada a obsessão em não deixar que a gravidez anule ou embote esse seu espírito lógico. Não animal. Não mulheril. Esta oposição recorre todo o texto: E malia non sentir esa emoción inexplicábel da que falan as sentimentais, e ser capaz dun xeito perfectamente racional de describir o que sinto… (pág. 75).
Mas, insistimos, esse conflito não deixa de ser banal, evidenciando no avanço do discurso a asunção como naturais de toda uma série de atitudes e comportamentos, nunca questionadas, e que em realidade, apontalam e fortalecem a discriminação estrutural das mulheres. (…)”

Compostela: presentación de Maria, de Eli Ríos

A sexta feira 4 de abril, ás 20:30 horas, na Libraría Lila de Lilith (Rúa Travesa, 7) de Santiago de Compostela, preséntase Maria, de Eli Ríos, publicado por O Figurante. No acto, xunto á autora, participan Carlos Quiroga e Susana Arins.

Compostela: presentación de Politicamente incorreta, de Teresa Moure, na Festa de Através

O sábado 29 de marzo, entre as 17:00 e as 20:00 horas, no Centro A Gentalha do Pichel (Rúa Santa Clara, 21), de Santiago de Compostela, terá lugar a Festa da Através Editora, coa presenza de autoras e autores dos libros publicados, concursos, música e a presentación do novo libro de Teresa Moure, Politicamente incorreta, ás 18:30 horas. Previamente, ás 17:50 horas, terá lugar un recital poético de Susana Sánchez Arins e Eugénio Outeiro.

Cozer, cortar, empacar, azeitar, por Susana Sánchez Arins

Artigo de Susana Sánchez Arins, desde A Sega:
” Uqui Permui gravou um documentário de título Doli, doli, doli… coas conserveiras. Rexistro de Traballo em 2010. Nele conta a luita das trabalhadoras de Odosa, conserveira da Arousa, que em 1989 se pugeram em greve de fame por denunciar o desmantelamento da sua fábrica. Visionando o filme descubrim que conhecia parte das protagonistas: a que não tinha crianças na minha escola, vinha comigo a aulas pandeireta, navegava comigo em dorna ou preparava a ementa do dia que eu jantava as terças; porém eu desconhecia a existência de Odosa, e claro é, do seu conflito laboral. O silenciamento das luitas é a principal arma dos opressores, está visto. Lembro ter-lhe pedido àquelas com as que tinha confiança que nos contaram dos tempos de Odosa e rememorárom estórias de escravitude, sofrimento, abuso mas também de amizades, risos e dignidades.
A Loli, Benita, Mari ou Juana volvim vê-las o outro dia sobre um cenário. Os seus nomes não eram esses, mas podiam ser. Porque as atrizes d’As do Peixe [obra teatral de Cándido Pazó] lográrom reviver em mim, em nós, memórias próprias e alheias.
Quatro mulheres, Conchi, Begonha, Lisa e Tere, juntam-se para ensaiar uma obra teatral; na sessão revisam o texto e preparam cenas importantes. Discutem os diálogos, modificando aquilo que “não era assim”, interpretam diferentes personagens, incluídas elas mesmas quando moças e reflexionam sobre o trabalho na conserva. (…)”

Escritas queimadas em silêncio, por Susana Sánchez Arins

Artigo de Susana Sánchez Arins na revista A Sega:
“As agulhas que tecem, as peles cicatrizadas, as paredes caladas aguardando unhas que as rabunhem e escrevam, as agulhas espinheiras, o frio glacial, os velenos inoculados como genêtica, as feridas abertas, a louça que escacha, o azul das florinhas do linho nas mãos da sinha maria, os fios invisíveis, as carabunhas das fruitas, a poética do zercido, os versos que estouram em vulcões e reconstruem um mundo fendido na raíz.
Todos os anteriores são motivos que reconhecemos na obra de poetas à Sega traídas ou por traer, em personagens fictícias dignas de ser resenhadas. Motivos que não dão mostra de reiteração, de monotonia ou de simples remedo, mas que transparentam uma reinterpretação e, sobretodo, uma comunicação de estirpe. Quantas mais poetAs lemos, mas fácil é perceber na sua escrita os rastos duma tradição subversiva. Porque estamos cosidas polas beiras do corpo umas a outras.
E todos aqueles primeiros são motivos presentes em Raíz da Fenda, um poemário de Berta Dávila que ganha matizes e riqueza de o lermos acompanhadas dos poemários doutras autoras, um em especial, o Catálogo de Velenos, de Marilar Alexandre.
Obra estruturada em cinco partes, cada uma delas recorre uma experiência de feridas que supuram e marcam, mas necessárias para a protagonista construir-se ou, quando menos, conseguir malabitar-se. Uma palavra simples, derruba. (…)”

Susana Sánchez Arins: “Se as mulheres tenhem país…”

Artigo de Susana Sánchez Arins en A Sega:
“De as mulheres termos país, existiriam leis que nos protegessem, educação que nos libertasse, estimação que nos figesse felizes. Porém, vista a realidade que nos envolve, é provável que este não seja país para mulheres.
Esta é a reflexão de Mary Wollstonecraft na sua novela Maria. Cumpre com ela uma necessidade perentória: oferecer às mulheres que serão uma experiência que a ela nenguma outra lhe legou. Não porque conhecimentos coma os dela não os tenha havido ou não os houvera no seu tempo, mas porque as canles de comunicação entre mulheres estavam cegadas pola lama da dominação patriarcal.
Mary Wollstonecraft foi atacada polo mesmo vírus que tem infectado outras mulheres: a urgência de evitar-lhe a uma futurível filha a cegueira própria, exercer a sororidade antes que a maternidade.
Na novela, a protagonista homônima convida às leitoras a conhecer as circunstâncias que figeram acabar a sua vida como louca num manicómio. Porém, há uma narratária concreta: a filha sequestrada polo pãe. A autora, para estender o abano social (Maria é de classe acomodada vinda a menos) dá oportunidade a outras vozes, mulheres com as que a protagonista encontra nas suas peripécias, de elas contar as suas diversas e tão parecidas circunstâncias. (…)”