A Coruña: “A India hoxe: as viaxes da viaxe”, con Cesáreo Sánchez Iglesias, o 10 de novembro

Desde a A. C. Alexandre Bóveda:
“O xoves 10 de novembro, ás 19:30 h, o poeta Cesáreo Sánchez Iglesias, falaranos da India hoxe: as viaxes da viaxe.
Que viaxe é posible hoxe a unha cultura tan complexa e tan lonxincua. Que papel xogou o colonialismo na India actual. A sociedade actual. O hinduísmo. As relixións ateas ou non teistas. A muller na sociedade actual, unha aproximación.
Cesáreo Sánchez Iglesias (Dadín-Irixo, 1951) é autor dunha ampla obra, principiada en 1978 con Silencios e conversas de inverno. Foi director de Edicións A Nosa Terra e presidente do semanario do mesmo nome. É presidente da AELG. O seu último libro publicado é A árbore que dá as lágrimas de Shiva, en Edicións Xerais.
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Xandra R. Grey e Igor Lugris: “Haroldo dos Santos deixara a Antologia muito bem estruturada e organizada, mas não completamente fechada”

Entrevista a Xandra R. Grey e Igor Lugris no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Essa é uma das questões fulcrais deste livro. Quanto dos fragmentos publicados é obra das suas respetivas autoras e autores e quanto é criação, ou transcriação, de Haroldo?
– Xandra R. Grey (XRG): Não há uma resposta simples para essa pergunta. Haroldo sempre procurou ser muito respeitoso e honrado com as autoras e autores a traduzir e, especialmente, com os seus textos. O dicionário diz que o respeito é o sentimento que nos impede de fazer ou dizer cousas desagradáveis a alguém, e a honra é o sentimento do dever da dignidade de da justiça. E, com certeza, essas foram sempre ideias-força, palavras de ordem poderíamos dizer, que Haroldo sempre teve presentes, em todas as facetas da sua vida. Antes de iniciar um trabalho de tradução, e quando a autora ou autor estava ainda vivo, ou estavam ainda vivas as pessoas mais próximas que os conheceram, sempre procurou falar com elas e explicar como era que ele entendia o processo de tradução. E nunca, que nós saibamos, teve um desencontro, uma discussão nem uma polémica com elas por esse trabalho. Certo que em ocasiões houve críticos ou académicos que discordavam do seu trabalho, ou mostravam publicamente o seu desacordo com alguma das suas traduções; mas isto Haroldo sempre o entendeu como uma questão natural e normal, mesmo positiva em algum momento. Dito isto, é que podemos dizer com claridade que no trabalho de Haroldo o texto original e o texto traduzido sempre são um mesmo texto e dous textos diferentes. Ele levava até as últimas consequências a convicção, recolhida de Alberte Fabri (como explicamos na introdução do livro), de que as obras artísticas não significam, mas são.
– Igor Lugris (IL): Com efeito. Haroldo defende que é impossível na literatura separar significado e significante, continente e conteúdo, pois são completamente independentes e absolutamente dependentes. A informação estética, dirá em vários dos seus textos teóricos, é na obra literária igual de importante e primordial que a informação semântica, e, insiste, a informação estética é intraduzível: unicamente é que pode ser transcriada. A transcriação é para Haroldo um exercício que deixa fora elementos chave na criação, como pode ser a procura da originalidade ou as marcas (léxicas, sintáticas, mesmo semânticas) que refletem uma voz pessoal e distinguível. Marcava uma fina pero sólida linha entre a criação e a transcriação: nos seus textos próprios, procurava a sua voz, o seu estilo, mas nos trabalhos de transcriação procurava “ser” um outro autor, o mais próximo possível do autor ou autora original. Em mais de uma oportunidade explicou que a sua pretensão era “ocupar” a personalidade do autor original, mas transmutado em falante de português. Não sempre lhe resultou fácil. Olhemos para o fragmento de Pierre Menard recolhido na Antologia: “A originalidade é impossível / e só possível por ser / com certeza / mentira”. Toda uma declaração de intenções por parte de Haroldo.
– XRG: Podemo-lo ver, por exemplo, com um dos textos da Antologia. O texto de Anne Mary Morrisson (que Haroldo traduz em 1977), é deliberadamente confuso e incompreensível no original inglês. A estrofe final é especialmente obscura, e Haroldo, que não gostava especialmente do hermetismo ininteligível, opta por manter essa dificuldade: qual é a diferença entre ser incompreendido e ser não compreendido? O poema original vai oscilando entre “misinterpret” e “misunderstood” e Haroldo decide complicar deliberadamente o texto, para achegar-se à pretensão da autora. A tradução final foi aplaudida pola própria Anne Mary Morrison, que uns anos mais tarde modificará o seu texto para recolher em parte a interpretação de Haroldo.
– PGL: Qual é a vossa opinião sobre o resultado da Antologia? Achades que Haroldo estaria satisfeito com o Livro alheio?
– IL: Eu penso que sim, estou convencido. Todo o tempo que Xandra e eu dedicamos a esta edição serviu para conhecermos em profundidade a Haroldo: como tradutor, como autor, como artista, como pessoa… Em algum momento de todo este processo, mesmo fazíamos piadas sobre que realmente estávamos a nos converter em uma só pessoa: por momentos, parecia que Haroldo, Xandra e eu éramos um só, uma pessoa diferente, independente e consciente da sua existência. E isso foi porque conseguimos introduzir-nos dentro da obra de Haroldo. Mesmo poderíamos dizer que dentro de Haroldo. Chegamos a reproduzir a sua técnica de trabalho e realmente, como ele fazia, “ocupamos” a sua personalidade.
– XRG: Estou convencida de que tanto Igor como eu tivemos realmente problemas em algum momento para distinguir as nossas personalidades: é por isso mesmo que decidimos assinar o trabalho conjuntamente e não distinguir a parte de um da parte da outra. Todo foi feito em conjunto, revisado, repassado, corrigido, modificado… até chegarmos a ser uma única voz com quatro mãos. Direi mais: até chegar a ser uma única voz com seis mãos, de contarmos também com as de Haroldo. É por isso que fechamos assim a nossa introdução, convencidos de ter elaborado entre os três um livro de livros, um poema de poemas, uma voz de vozes. (…)”

Xosé Iglesias: “O amor sempre toca, é universal”

Entrevista de Patricia Blanco a Xosé Iglesias en La Voz de Galicia:
“(…) – La Voz de Galicia (LVG): Que nos trae desta volta?
– Xosé Iglesias (XI): Atlántico Norte é o meu terceiro poemario. O último era do 2016, A relixión do mar, este quizais é máis pensado ou meditado. Rompe a estrutura dos outros dous: aqueles falaban do mar con moitos vocábulos técnicos, pero este é un poemario moi sinxelo. Falo de amor e soidade, o que sentimos mariñeiros, mariños ou navegantes solitarios cando deixamos terra e nos adentramos no mar, quedando pola popa todo o que queremos.
– LVG: Unha soidade que senten no océano entendible dende terra?
– XI: Si, porque o amor é universal.
– LVG: Responde a algo en concreto?
– XI: Atopei unha carta das que lle escribín á miña exmuller cando estaba embarcado no Gran Sol, onde botei catro anos antes de mercar o meu barco, co que levo 18. Iso sería no 2000. Non había Whatsapp a bordo, as chamadas eran carísimas… A mensaxería que tiñamos era pecharte no camarote, coller unha folla en branco e enviar Whatsapps imaxinarios. Chegaban ao seu destinatario en forma de carta, que enviabamos cando pisabamos terra: iamos moitas veces a Irlanda. Decidín trasladar eses sentimentos, que poden ser os de calquera mariñeiro, a este libro, que ademais de ser poemario de amor e soidade, tamén o é de cetáceos. De aí o título. Chamádeme Ismael é unha das grandes frases da literatura universal, en moitos idiomas. Así comeza Moby Dick, a novela de Herman Melville. Falo dalgunha balea perdida no mar, como a 52 hercios, ou outros cetáceos que atopamos navegando… (…)”