O nacionalismo que não ama(va) as mulheres, por Susana Sánchez Arins

ArtigoSusana Sánchez Arins de Susana Sánchez Arins na Plataforma de Crítica Literaria A Sega:
“Helena Miguélez-Carballeira faz um percorrido, em Galiza, um povo sentimental?, pola história do nacionalismo galego e de como tal história foi narrada, para pescudar nessa narrativa (lembrai que narrar outra cousa não é que fabular) as ideias, o imaginário sobre o qual foi construído o discurso nacional. Amedida que o estudo avança vai-nos mostrando como a imagem de nós mesmas foi configurada polo colonizador e como o nacionalismo galego foi (auto-)retratando(-se) Galiza en função da imagem que d@s galeg@s espelhava o nacionalismo espanhol. Na Espanha a Galiza era representada duma maneira e os galegos (sim, elEs) recolhiam a luva da provocação e procuravam uma pintura que fosse uma resposta. Enfim, não somos outra cousa que um sujeito subalterno, que diria Gayatri Spivak.
A problematização para as mulheres aparece quando desde as espanhas é associado o mito das origens célticas ao modelo da imoralidade e a indecência. Sempre, em qualquer situação de conflito entre comunidades, a arma mais eficaz é sexualizar as mulheres (pág. 43) e ligar a decência da comunidade à daquelas. Apartir deste feito, Miguélez-Carballeira dá conta, recorrendo textos literários, políticos, jornalísticos, da existência de um contínuo diálogo entre um nacionalismo e outro, e também entre as diferentes correntes do galeguismo. Este diálogo en conflito, cheio de fios e meadas, origina uma complexa trama na que os tropos são contrastados, rectificados, adaptados ou suavizados en função de interesses e circunstâncias. Mas sempre ficando nós, as mulheres, subalternas perdidas.
Nesta retórica de ataques, ridículos, de exclusão e inclusão entre tírios e troianos é estabelecido um claro diferencialismo sexual, no que o elemento racional, viril, valente, afouto é tomado positivamente e aquele sentimental, feminino, submisso e medroso é arrojado como despreço na face do contrincante. Toda uma série de elementos se configuram em volta destes dous pólos como constelações: do racional imos ao público e ao político, do sentimental, ao privado e ao poético. Perante o modelo de mulher (Galiza) indecente, é criado um modelo de mulher (Galiza) modesta, obediente, sentimental. Perante o modelo de mulher (Galiza) submissa, é criado o modelo da Galiza (mulher) viril, e são rejeitadas as atitudes femíneas, sentimentais das correntes en competência. Em função destes modelos é interpretada, revisada, corrigida e readaptada a figura de Rosalia de Castro, a mulher (Galiza) mito.
Assim, por exemplo, a autora mostra no capítulo III como os moços das Irmandades se auto-erigem em nacionalistas políticos fronte ao regionalismo sentimental que defendem (dizem) pessoas como Couceiro Freijomil e chegam, nos seus artigos de opinião e palestras, a igualar a ideia de fazer política com a de se fazer homem. Estes tropos virilizadores tenhem continuidade ao longo de todo o século XX, estorvando tanto a presença de mulheres no campo da política1 como o surgimento de um pensamento feminista autónomo dentro do próprio nacionalismo.
Neste sentido gostamos especialmente do capítulo que Helena Miguélez-Carballeira dedica a Carvalho Calero, mais que pola análise, cremos que certeira, da sua obra desde uma perspectiva feminista, pola clarificadora exposição do seu rol assombrador sobre a primeira geração de críticas feministas galegas, empeçadas no seu trabalho pola atitude paternalista e fiscalizadora adoptada para com elas polo professor.
Galiza, um povo sentimental? é uma boa prova de como a asunção das metodologias críticas feministas podem deitar luz, abrir portas e questionar a configuração do imaginário cultural, ideológico e político de um país. Ou de como todo isso, gênero, cultura, política, está tão entramado que só uma olhada feminista pode ajudar a perceber o ponto com que é tecido. Ou de como devemos revisar as nossas histórias cultural e literária para desvendar a força que na sua configuração teve o sexismo. Ou de como, sempre, a melhor arma contra qualquer inimigo de qualquer caste é denigrar as mulheres. E de como, antes que em matar o pai, o nosso futuro está em matar o patriarcado.”

A Coruña: presentación de O soño galego de Julio Cortázar, de Francisco X. Fernández Naval e proxección de Cortázar Galicia

O soño galego Cortázar 1O soño galego Cortázar 2

Lugo: presentación de Galicia: un pobo con futuro?, en edición de Manuel Blanco Desar

OGalicia un pobo con futuro? mércores 17 de decembro, ás 20:00 horas, na Librería Biblos (Rúa Salvador de Madariaga, 1, Local 4) de Lugo, preséntase o libro Galicia: un pobo con futuro? O noso devalo demográfico, do Instituto de Estudos das Identidades en edición de Manuel Blanco Desar, publicado en Xerais. No acto participan Xosé Ramón Gómez Besteiro, Xosé Manuel González Reboredo, Manuel Bragado e o editor do mesmo, Manuel Blanco Desar.

Helena Miguélez-Carballeira: “A idea da Galicia sensible foi unha forma de desmobilizar as súas aspiracións nacionais”

Entrevista Helena Míguez Carballeira Galiza um Povo Sentimental?a Helena Miguélez-Carballeira en La Opinión:
“A filóloga galega Helena Miguélez presentou o pasado venres no café-libraría Linda Rama o seu libro Galiza, um povo sentimental?, que edita Através Editora. Esta profesora titular de Estudos Hispánicos no departamento de Linguas Modernas da Bangor University (Reino Unido) elabora unha documentada análise arredor da construción do estereotipo de Galicia como un pobo sentimental e morriñento, así como da funcionalidade política que historicamente puido ter este discurso.
– La Opinión: O seu libro céntrase na análise do estereotipo de Galicia como un pobo sentimental. En que consiste esa sentimentalidade?
– Helena Miguélez-Carballeira: A identidade galega moitas veces se vencella á palabra sentimentalidade ou a outros adxectivos que remiten á mesma idea: a de Galicia como un pobo poético, lírico e ao galego como unha lingua musical, cantareira, meiga. Acontece o mesmo coa idea da morriña e a saudade, que se utilizou moito para remarcar esa especie de ser galego como algo máis emotivo que racional. Son palabras que parece que non din nada pero que remiten a iso. Construíuse un estereotipo en torno a Galicia marcadamente sentimental, máis feminino, que se contrapón co político. Esta dicotomía entre masculino-razón e feminino-sentimento é algo moi do século XIX, cando comeza a marcarse a familia e o fogar como o lugar da muller e o traballo e a política como o do home. Partindo disto, creo que o feito de que o galego sexa o feminino foi unha forma de despolitizar e desmobilizar o discurso que estaba nacendo sobre unha posible diferenza ou aspiración nacional galega. (…)”