Igor Lugris: “Para que vale hoje a poesia? Vale, como o resto das artes, para interpretar o mundo”

Entrevista Igor Lugrisa Igor Lugris no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Toda a tua obra tem um sentido de intervenção mas também é marcadamente metaliterária. É um conjunto que se retro-alimenta: es um poeta crítico e um crítico poético… que valor tem para ti a poesia?
– Igor Lugris (IL): Neste sentido, sigo considerando válida a resposta que em 2001 dava à pergunta que me formulava um jornalista com motivo da apresentação de Mongólia:
Para que vale hoje a poesia? Vale, como o resto das artes, para interpretar o mundo. Para a sua transformação há outras possibilidades. A literatura deve valer para explicar as coisas que, num mundo capitalista, não são o que parecem, e parecem ser o que não são.
Disso é do que continuo a falar. Intentando explicar, intentando compreender, o mundo: este mundo no que vivemos, e que, estou convencido, deve ser transformado.
– PGL: O Curso de Linguística Geral. Que sentido tem o livro, como foi a recepção, da gente, da crítica?
– IL: O livro saiu publicado em Fevereiro deste ano, e o acaso fez que coincidisse com o 100 aniversário da publicação do Curso de Linguística Geral de Ferdinand de Saussure, que como todo o mundo sabe é um livro que ele não escreveu, mas que foi escrito polos seus alunos e publicado com o seu nome a partir dos apontamentos das suas aulas.
Estou satisfeito da acolhida que tivo o livro e da sua repercussão. Surpreendem-me positivamente algumas das críticas ou comentários recebidos polas pessoas que o foram lendo durante todo este tempo, e ainda há um par de semanas num curso sobre a literatura galega do século XXI foi citado por uma das ponentes indicando que o empregaria nas suas aulas de secundaria para introduzir alguns temas de linguística, concretamente o achegamento à fonologia.
Durante o mes de Novembro, estão previstos diversos atos de lançamento e promoção do livro por curso-dediversas pontos do país (Trasancos, A Corunha, Ourense,…) que se sumarão aos já realizados (em Compostela, Lugo, Ponferrada,…) (…)”

Ferrol: presentación de Curso de Linguística Geral, de Ígor Lugris

AIgor Lugris sexta feira 4 de novembro, ás 20:00 horas, na Fundaçom Artábria (Travesa dos Batallóns, 7 – Esteiro), en Ferrol, terá lugar a presentación do libro de poema de Ígor Lugris Curso de Linguística Geral, publicado por Através. No acto, o autor estará acompañado por Susana Sánchez Arins.

Igor Lugris e Pedro Casteleiro, finalistas no Glória de Sant’Anna

DesdeGlorisatl2016Tarja-1 o Portal Galego da Língua:
“Continuando a “tradição” desde que o certame foi aberto a galegos e africanos, Igor Lugris e Pedro Casteleiro estão entre os 8 finalistas do certame literário Glória de Sant’Anna 2016. O autor ganhador será anunciado próximo 11 de maio.
Igor Lugris é um dos finalistas com a sua última obra, Curso de Linguística Geral, publicada no passado mês de janeiro pola Através Editora. Comparte candidatura com o também galego Pedro Casteleiro com a obra Sefer Sefarad, publicada por Azeta Edicións.
A notícia chega um ano depois de Mário Herrero ter ganhado o certame de 2015 com a obra Da vida conclusa, editada por O Figurante Edicións. (…)”

finalistasgloriasta2016

Tabela dos Libros de marzo de 2016, por Armando Requeixo

Desde o blogue Criticalia, de Armando Requeixo:
“Como cada primeiro luns de mes, a Tabela dos Libros ofrece a lista de títulos que Francisco Martínez Bouzas, Inmaculada Otero Varela, Mario Regueira, Montse Pena Presas e eu estimamos como os máis recomendables entre os publicados nas últimas semanas.”

marzo_tabela_2016

Entrevista a Igor Lugris

EntrevistaIgor Lugris Curso de Linguística Geral a Igor Lugris en Palavra Comum:
“(…) – Palavra Comum (P): Que é para ti a literatura?
– Igor Lugris (IL): Fundamentalmente, para mim a literatura é uma ferramenta para, no mínimo, intentar descobrir, compreender e entender a realidade. Tanto quando escrevo como quando leio, essa é a finalidade que procuro. A literatura é linguagem, e essa é a finalidade principal da linguagem: não comunicar-se, mas, antes de tudo, compreender(-se).
Entendo a literatura como um elemento imprescindível não só para compreender o mundo, mas para compreendermo-nos a nós própri@s. Com certeza, quando um@ autor@ escreve a sua motivação principal é explicar e explicar-se, refletir sobre algum fato, alguma ideia, algum assunto que lhe parece necessário entender e, ao mesmo tempo, clarificar. Mas também quando lemos qualquer leitor@ está a procurar o mesmo: as motivações podem não ser tão evidentes, mesmo muitas vezes podemos querer negar que exista essa motivação, mas tod@s abrimos um livro (qualquer livro, seja literário, científico, divulgativo, escolar,…) para procurar respostas, para que nos ajude a entender-nos, a compreender o mundo e a realidade na que vivemos. Estou convencido disto.
Não concebo que poda existir outra explicação para que sigam a existir leitor@s, e para que sigam a existir escritor@s. Lembro que quando estava no liceu tinha um professor de literatura que nos insistia na ideia de que já “os gregos” (os clássicos) escreveram tudo e sobre todas as coisas, e que a partir deles o único que existe é uma reescrita continua e infinita. Acredito em que isso tenha parte de verdade, e por isso mesmo entendo que a única explicação de que a literatura exista e persista ao longo dos séculos, nas diferentes culturas e realidade, nas mais variadas condições políticas, sociais, culturais, demográficas… , em todas as geografias reais e imaginarias, é essa necessidade de procurar respostas para as perguntas que nos acompanham e, ao mesmo tempo, perguntas para as respostas que já temos.
A literatura acompanha-nos, como seres humanos, desde o primeiro momento de aparição da linguagem, e tem evoluido com ela. Faz parte de nós mesm@s. Não é só que não exista nenhuma civilização conhecida na que não tenha existido, duma maneira ou outra, a literatura (e outras muitas artes), é que também não existem exemplos de civilizações ou culturas imaginadas, inventadas, ficcionalizadas, onde a literatura não esteja presente, mesmo que seja para persegui-la ou proibi-la. (…)
– P: Que opinião tens sobre o a língua e literatura galegas a dia de hoje?
. IL: (…) Quanto à literatura galega, a dia de hoje é uma realidade ampla, plural e diversa. Devo reconhecer que há autor@s que me interessam, e muito, junto a outr@s pelos que não sinto o mais mínimo interesse. Podo sentir-me mais perto de autor@s portugues@s, brasileir@s, ou angolan@s, mas também catalães, basc@s, argentin@s, frances@s, ou mesmo espanhóis, que de algum@s autor@s galeg@s.
Também na literatura, considero que um dos grandes debates pendentes é a questão normativa, e a aceitação da pluralidade e diversidade neste terreno. Não compreendo que ainda a dia de hoje haja autor@s que não podamos participar em determinadas atividades (atos, certames, jornadas,…) devido à nossa escolha ortográfica, tendo mesmo pechadas as portas duma grande parte das editoras e das publicações existentes. Há quem pensa que negando a realidade esta se modifica ou deixa de existir. Mas, por sorte, existem cada vez mais pessoas, organizações de todo o tipo e coletivos que apostam pela democracia e a liberdade, permitindo que exista um debate aberto, sincero e plural sobre a ainda nunca solucionada “questione della lingua”.”