Xurxo Souto: “A comunicación na lusofonía é total, sen peneira algunha”

Entrevista a Xurxo Souto en Sermos Galiza:
“Publicada no semanario Sermos Galiza por entregas, O Crânio de Castelao, á falta duns esclarecementos finais do coordinador Carlos Quiroga, chega a seu fin como unha experiencia única e singular da escrita dunha lingua común.
– Sermos Galiza (SG): Vostede pon o ponto final á historia do cranio de Castelao que andou por tantas mans. Como foi tomar parte nun proxecto literario colectivo?
– Xurxo Souto (XS): A experiencia tiña, por necesidade, que ser fascinante porque, como escritor, entras nun xogo literario a nivel planetario. Grazas á proposta de Carlos Quiroga xuntámonos empregando uns vimbios especialmente próximos, as palabras e a lingua que nos é común.
– SG: Como se deu o encontro con outros escritores de orixes tan diversas?
– XS: A relación foi intensamente cómplice. Aínda que sexan persoas algunhas delas non coñecidas persoalmente, nin demasiado próximos os seus contextos, partiamos de palabras íntimas, das palabras da tribo e, por iso, foi un proceso de comunicación total, “até o mango”, que dirían os de Malpica. Alén de prexuízos, de superestructura ideolóxica, de pensamento, xorde a realidade de comunicación total, sen peneira algunha. O que os poetas Jorge Guillén ou Uxío Novoneyra chaman o milagre da realidade. Comunicámonos de xeito pleno. (…)
– SG: Por que a nosa literatura non dá entrado en Portugal ou Brasil?
– XS: Damos entrado no ámbito da lusofonía! Diaria e constantemente. Se se mide en fama ou termos económicos os resultados non son grandes, mais tamén Portugal leva toda a vida intentando entrar no Brasil e non dá feito. Zeca Afonso non é coñecido no Brasil e Fausto hai pouco confesaba que nunca tocara alá. Nós non temos moita presenza comercial mais establecemos relacións persoais, e temos, por poñer un caso, experiencias no eido da música sensacionais como o encontro entre Manecas Costa e Narf ou Zé Cavaleiro e Uxía. Esa relación está máis presente do que pensamos.
– SG: Mais responde a esa vontade persoal de cada quen ou hai iniciativas institucionais tamén que contribúen a que iso aconteza?
– XS: Trátase dun encontro persoal e á vontade de cada quen. Diante da preguiza dos estados e das estruturas culturais de poder, compre reivindicar a outra parte, o outro discurso. Estámonos comunicando cada día nós, grazas ao poder das palabras e á intimidade das persoas que viven, ás veces, no cabo do mundo. (…)”

Cesáreo Sánchez: “A nossa relação reintegradora com a Lusofonia permitirá-nos não ficar como náufragos no mar da espanholidade”

Entrevista a Cesáreo Sánchez no Portal Galego da Língua:
“Recentemente a Asociación de Escritoras e Escritores en Lingua Galega (AELG) distinguiu a escritora portuguesa Lídia Jorge como Escritora Galega Universal. No Portal quigemos entrevistar o presidente desta instituição, Cesáreo Sánchez Iglesias, que muito amavelmente respondeu as nossas perguntas.
– Portal Galego da Língua (PGL): Este ano coubo à escritora portuguesa Lídia Jorge recolher o prémio a escritora galega universal, evento patrocinado pola AELG. Poderias relatar-nos a experiência e a interação que se suscitou com a autora?
– Cesáreo Sánchez (CS): Nomear uma escritora portuguesa escritora galega universal foi para nós oferecer um abraço fraterno e é assim que foi recebido por ela. Fôrom uns dias cheios de comunicação emocionada. Foi um presente a conversa com Lídia Jorge, escritora cultíssima e sensível. É uma carícia para a alma a sua inteligência cheia de ternura, com um sentido ético do trabalho do escritor e dos caminhos polos quais tem que andar toda a sociedade para ser justa, que dá alento. Pola minha, banda pudem partilhar com ela e com o seu companheiro Carlos, tempos onde pessoas como o Zeca Afonso, ou Pedro Tamen nos fôrom e são tão próximas. Ao fim e ao cabo, somos de gerações comprometidas com os nossos presentes e com as nossas terras. Somos da geração dos que pensam que «o povo é quem mas ordena».
Estamos especialmente felizes, eu e mais os colegas e colegas da AELG, porque o prémio a comovesse e a fizesse feliz, que pudesse partilhar connosco um dia de celebração literária, apesar da situação tão dura que estamos a viver no nosso idioma e na nossa cultura.
Para nós, como o foi para ela, revelou-se muito importante a dimensão mediática que o nosso reconhecimento tivo em Portugal, em todas as televisões e na imprensa escrita. Neste momento tão destrutivo para a cultura e a sociedade portuguesa, fôrom conscientes de que as escritoras e os escritores galegos estamos a caminhar com eles, a cantarmos com eles também o Grândola Vila Morena.
– PGL: No passado tem sido o grande autor angolano, Pepetela, o escritor que recolheu o galardão. Estão Angola e a Galiza unidos pola língua?
– CS: Para a AELG foi abrir aos nossos compatriotas uma janela à Lusofonia mais desconhecida. Os estudantes que estivérom no auditório da Universidade de Compostela a escuitar a sua palestra ou colóquio, acho que nunca o esquecerão, como não o esquecerei eu. Para mim, também foi importante conhecer os processos das línguas nacionais que há na  Angola e os debates que está a haver.
Evidentemente, estamos unidos pola mesma língua, que dá a luz a realidades tão diversas como a angolana, moçambicana ou brasileira. É um tesouro que temos e não de passado, mas de futuro para a nossa língua. A nossa capacidade de manter cada vez mas forte a nossa relação reintegradora com a Lusofonia permitirá-nos não ficar como náufragos no mar da espanholidade. Vai-nos a vida como idioma e como povo ter capacidade para desenvolver cada vez mais um reintegracionismo normalizador.
– PGL: É habitual e muito antigo o discurso da “irmandade” entre a Galiza, o Brasil, Portugal… são tempos para passar dos discursos às práticas?
– CS: Acho que só se trabalhamos em mudar as escassas relações com a cultura em português, esta realidade mudará, para o nosso bem. Pessoalmente, mantivem desde sempre uma relação enriquecedora com a cultura portuguesa, com os seus poetas (como Carlos de Oliveira), que são alicerce da minha obra. Quando presidia A Nosa Terra ou Edicións A Nosa Terra, nunca nos esquecemos de olhar para os irmãos do sul. Na atualidade, e desde que esta equipa diretiva está à frente da AELG, há uma secção da Lusofonia que coordena Carlos Quiroga e com que levamos adiante jornadas importantíssimas como Letras na Raia, onde escritoras e escritores galegos e portugueses, fundamentalmente os mais novos, partilhávamos conhecimento e relações pessoais.
Acho que este é o caminho, e foi determinante o apoio de Carlos: ele abriu-os todos as portas com o seu conhecimento das suas literaturas e a sua relação com todos os escritores da Angola, Moçambique ou o Brasil. Julgo que se fizo muito, tendo em conta os poucos meios de que dispomos hoje.
Ali onde tenhamos alguma responsabilidade cultural ou literária, é importante que a exerçamos pensando que o galego não acaba no Minho, que só é uma fronteira simbólica que colocárom e continuam a colocar para nos afastar de nós próprios e assim nos negar a nós mesmos como povo e idioma.
– PGL: Na atualidade, não existe uma grande interação entre literatos e literatas da Galiza com os seus homólogos brasileiros, portugueses, angolanos… Que medidas se poderiam tomar para paliar este défice?
– CS: Certamente, existem poucas relações pessoais ou diminuírom muitíssimo as que havia. Para mudar isso é que fizemos diversas jornadas e encontros como os que citei antes. Sempre me guiou o pensamento de que não podia haver menos relações na atualidade das que havia aquando a minha geração tinha amizades com Eugénio de Andrade, com Ramos Rosa, com Pedro Tamen ou com Viale Moutinho, entre outros. Ramos Rosa seguiu sempre a poesia dos mas novos na Galiza, adorava a poesia de Eusebio Lorenzo Baleirón, por citar um caso.
Acho que é responsabilidade de todos, cada um no seu âmbito de trabalho, manter uma relação mais intensa com os nossos homólogos na Galeguia.
À falta das inexistentes relações institucionais, são necessárias as relações no âmbito da universidade, nas organizações políticas e sociais, em todas as plataformas culturais que tenham possibilidade de relação. E, se se me permitir a nível pessoal, eu aconselho visitar Portugal como mínimo uma vez ao ano, para curarmos a alma de tanta espanholidade que nos abafa e quer colonizar.”

Lídia Jorge, o compromiso ético da escritora galega universal

Desde Sermos Galiza:
“A Asociación de Escritoras e Escritores en Lingua Galega (AELG) entregará o 4 de maio, no transcurso da gala da XIV Edición dos premios que levan o seu nome, o galardón de Escritora Galega Universal á portuguesa Lídia Jorge. A Asemblea da asociación recoñece nesta creadora da palabra á “autora que combina a excelencia literaria co compromiso ético que o converte en referente na defensa da dignidade humana”.
“Na tradición dos premios a escritores e escritoras universais da AELG hai dúas variábeis que temos en conta”, explica Césareo Sánchez Iglesias, presidente desta entidade, “por un lado que sexa un grande escritor, recoñecido no seu país, cunha traxectoria que se sustente en obras sólidas; por outro lado, que sexa un referente ético diante o deterioro moral que vivimos, con ausencia de valores éticos en determinadas capas desta sociedade”. E Lídia Jorge cumpre con esas dúas facetas. “É unha muller do 25 de abril, un referente non só para os portugueses, senón para todos”, argumenta o presidente da AELG.

Comprometida e cun cariño especial cara Galiza
Carlos Quiroga, responsábel da Lusofonía na AELG, afirma que a escritora homenaxeada “é un nome incontestábel en todos os sentidos, apreciada por crítica e público, un consenso difícil”. Romances, contos, literatura infantil, ensaio, a escritora de Boliqueime conseguiu ser “un caso raro” e chegar ao grande público. Multipremiada, cosmopolita, traducida para moitos idiomas e progresista en todos os aspectos. “Non é unha escritora fácil, de consumo rápido, mais tampouco complica”. Un dos segredos do seu éxito actual foi a adaptación do seu romance A Costa dos Murmúrios ao cinema en 2004 por Margarida Cardoso.
“Sempre tivo un compromiso”, sinala Quiroga, “todos aqueles valores nobres que se lle supoñen a unha intelectual”. Ademais de escritora, muller. “Nunca deixou de mergullar na psicoloxía feminina aplicada a territorios moi diversos”. Compromiso tamén para coa súa paixón literaria. “Puido facer carreira universitaria e foi profesora de instituto para ter tempo para escribir”.
Lídia Jorge visitou Galiza en varias ocasións convidada por institucións como a Universidade, o Consello da Cultura Galega ou a mesma AELG. Concederlle este galardón, recoñece Carlos Quiroga, tamén se fundamenta no “cariño especial” que ten por nós e que atopamos mesmo nalgún ensaio dela.
Na edición deste ano o galardón cumpre co recoñecemento á Lusofonía, algo que o seu responsábel na AELG pensa “debería ser sempre así”. Pon como exemplo os “moitos autores que nos teñen visitado, recoñecendo a raíz común e do pasado que merecen a literalidade de seren escritores galegos universais porque recoñecen na raíz galega a súa propia raíz”.”

Homenagem da literatura portuguesa a Rosalía. Rosa a rosa

Desde Sermos Galiza:
“A primeira obra literária da nossa Renascença viu a luz há um século e meio. Nela o povo galego viu-se no espelho com as suas festas e desgraças, paisagem e alma. Cantares Gallegos foi um extraordinário exercício linguístico e literário que desconhecendo o passado não só tratou de converter o galego em língua poética e reivindicar o seu uso, tremendo esforço para a época e realizado por uma mulher num contexto de intensa subalternidade feminina. Mas excedeu ainda a gesta com uma defesa do ser galego diante das províncias castelhanas, na redescoberta da nossa própria identidade.
Não admira, pois, que os versos de Rosalia de Castro, a filha ilegítima nascida na madrugada de 23 para 24 de Fevereiro de 1837, corressem de boca em boca, primeiro na Galiza e na Argentina, depois por toda a parte onde havia galegos, ficando como a primeira enciclopédia dos nossos sentimentos e modos de ser. Também não admira que neste 2013 em todas as escolas do país houvesse lembranças. E homenagens mais solenes. Outras diferentes ou inesperadas. Como a promovida durante o maior encontro de escritor@s de Expressão Ibérica de Portugal, as Correntes d’Escritas da Póvoa de Varzim, no dia 23 de Fevereiro e em paralelo à clausura. Manuel Jorge Marmelo, Rui Sousa, Ivo Machado, Maria do Rosário Pedreira, Luís Carlos Patraquim, Michael Kegler, Sara Figueiredo, Cláudia Ribeiro, Hélia Correia, Manuela Ribeiro, Possidónio Cachapa e João Tordo, foram ler dois versos cada, da parte IV do conhecido poema A Gaita Galega, a convite de Carlos Quiroga, que os gravou à hora do café e durante a tarde. Montou depois neste vídeo de dois minutos e 20 segundos, com música de gaita e cenas da manifestação compostelana do dia 3 –a condizer com o texto.”

Gravacións das II Xornadas de Literatura e Ensino: Escribir e ler na escola de hoxe para a cidadanía de mañá (III)

A Asociación de Escritoras e Escritores en Lingua Galega, co apoio do Centro Español de Dereitos Reprográficos (CEDRO), celebrou os días 9 de 10 de novembro de 2012 a segunda edición das Xornadas de Literatura e Ensino que, co lema Escribir e ler na escola de hoxe para a cidadanía de mañá abordou os seguintes obxectivos:
– A posta en valor do Club de Lectura como formato plenamente vixente para o fomento da lectura e da escritura creativa, así como para a normalización lingüística e o achegamento á lingua e literatura portuguesa.
– A revisión dos parámetros metodolóxicos actuais para a didáctica de contidos de xéneros tradicionais, con especial incidencia no poético e mais na literatura infanto-xuvenil, explorando o seu potencial normalizador coa axuda das novas tecnoloxías aplicadas á creación e á difusión.
– Temas de especial interese para o profesorado -os criterios de selección e o estabelecemento de canons literarios orientativos para o ensino da literatura, as estratexias de sedución que faciliten a descuberta e o achegamento á literatura por parte do público infanto-xuvenil, tamén no sentido da estimulación da escrita creativa- tamén terá espazo nas xornadas.
Reproducimos nesta Axenda os vídeos onde se recollen as participacións nas Xornadas. Pódense consultar todos aquí.

Presentación da mesa redonda: Eu son do Club de Lectura, e ti?

Mesa redonda: Eu son do Club de Lectura, e ti? Intervención de Concha Costas

Mesa redonda: Eu son do Club de Lectura, e ti? Intervención de Maria José Díaz Pinheiro

Mesa redonda: Eu son do Club de Lectura, e ti? Intervención de Joseph Ghanime Lopes

Mesa redonda: Eu son do Club de Lectura, e ti? Intervención de Miguel Ríos

A Coruña: IX Xornadas sobre Lingua e Usos. Lingua e Tradución, do 28 ao 30 de novembro

Do mércores 28 ao venres 30 de novembro, no Salón de Graos da Facultade de Filoloxía da Universidade da Coruña, o Servizo de Normalización Lingüística, en colaboración coa Real Academia Galega, organiza as Xornadas sobre Lingua e Usos que este ano alcanzan a súa novena edición. O tema escollido para esta edición é o de Lingua e Tradución.

O prazo de inscrición será até o 21 de novembro, e pódese realizar xa desde aquí. Está solicitado un crédito de libre configuración para o alumnado da UDC que asista a esta actividade. Para obter o diploma de asistencia será preciso acudir ás conferencias programadas.

O programa é o seguinte:

Mércores, 28 de novembro
09:00 h. Recepción e entrega da documentación.
09:30 h. Acto de inauguración.
10:00 h.-11:30 h. Conferencia inaugural: Traducir literaturas transculturais, por Dora Sales Salvador.
12:00 h.-12:30 h. A internacionalización da cultura galega, por Xosé Luís Méndez Ferrín.
12:30 h.-14:30 h. Políticas de tradución no caso galego, por Silvia Montero Küpper e M.ª Jesús Lorenzo Modia.
16:30 h.-18:30 h. Evolución das traducións publicadas en galego, por Gonzalo Constenla Bergueiro e Ana Luna.
19:00 h.-20:30 h. Tradución e interpretación profesional en diferentes linguas, por Lara Santos (AGPTI), un representante da APTIC (Catalunya) e Bego Montorio (EIZIE) (Euskal Herria).

Xoves, 29 de novembro
10:00 h.-11:30 h. Tradución e ideoloxía: os enfoques feministas e poscoloniais, por María Reimóndez.
12:00 h.-14:00 h. A tradución do galego ao portugués e do portugués ao galego a debate, con Carlos Paulo Martínez Pereiro, Carlos Quiroga e Áurea Fernández.
16:30 h.-18:30 h. Mesa redonda: Tradución e literatura galega, con Manuel Bragado (Xerais), Eva Mexuto (OQO) e Moisés Barcia (Rinoceronte Editora).

Venres, 30 de novembro
10:00 h.-11:30 h. Interpretación e normalización lingüística no caso das linguas
subordinadas
, por Robert Neal Baxter.
12:00 h.-13:30 h. Conferencia de clausura: Para alén de Nós: a tradución dunha cultura emerxente, por Iolanda Galanes.

Vigo: actividades do fin de semana no éMundial

O sábado 2 de xuño bota a andar unha nova edición do éMundial, organizado pola AGAL. Dentro do amplo programa de actividades, destacamos as seguintes:

Sábado, 2 de xuño:
11:00-12:00 h. Abertura do éMundial no Hotel Bahía (Rúa Cánovas del Castillo, 24). Presenta Xurxo Souto. Recibimento dos convidados/as, do público e dos participantes no Encontro de Escritores: Ondjaki (Angola), Fernanda Angius (Portugal), Amílcar Bettega (Brasil), Carlos Quiroga, Séchu Sende, María Lado, Carlos Taibo, Iolanda Gomis, Ledicia Costas e Raquel Miragaia (Galiza).
12:30-14:00 h. Abertura do Encontro de Escritores da Lusofonia, que decorrerá na Casa Galega da Cultura e estará aberto ao público. Presenta: Xurxo Nóvoa Martins. Temática: Lusofonías – cores, sons e sabores das literaturas escritas nas marxes. Con Fernanda Angius, Séchu Sende e Ledicia Costas.
17:00-19:30 h. Encontro de Escritores da Lusofonia. Con Ondjaki e Carlos Quiroga.

Domingo, 3 de xuño:
12:00-14:00 h. Encontro de Escritores da Lusofonia. Temática: As literaturas, as crises, as oportunidades. Con Amílcar Bettega, María Lado e Raquel Miragaia.
17:00-18:30 h. Encontro de Escritores da Lusofonia. Con Carlos Taibo e Iolanda Gomis.
19:00-20:00 h. Clausura do Encontro de Escritores da Lusofonia.

Carlos Quiroga, autor convidado para comemorar aniversário do Jornal de Letras

“O galego Carlos Quiroga foi um dos autores convidados para participar num número comemorativo do 32º aniversário do Jornal de Letras, publicaçom lusófona distribuída por todo o mundo. Devido à língua portuguesa ser umha das principais razões de ser da publicaçom, esta decidiu assinalar a efeméride com 32 declarações de amor ao português. «Foi isso que pedimos a criadores de todo o vasto espaço do idioma comum», indicam do JL. Este é o texto:
‘Eu canto caetanamente o gosto de te sentir na boca a roçar a língua de Luís de Camões. E muita Galiza comigo canta porque ainda gosta de ser e de estar. É a Galiza que tem querido se dedicar a criar confusões de grafias e uma profusão de paródias que encurtem dores e furtem cores como camaleões. Confusões para os espanholistas. Paródias das tretas deles. As dores, essas, são do estares sufocada, a esconderem-te do orgulho de seres grande. As cores, novas, são da diversidade do andares mundo com o nome de Portuguesa ainda que nesta esquina nascesses e cá ainda estejas. Pois cantamos nós com os lábios grossos da ancestralidade de todas as mães que te pariram. Pois se uma Língua guarda a alma de um Povo ao saborear-te nós revigoramos o alento da grei. Deixa portanto os portugais chamarem de sua, tanto se nos dá Lusofonia como Galeguia, o que temos a perder contigo é alma. Sim, a pátria é a nossa língua e nós não temos pátria, temos mátria e queremos frátria. Essa dos que também aqui te cantam de amor em cartas de sentimentos esdrúxulos. Repara que esquivar seria vocábulo agudo, e até grave, mas sermos chamados só um júbilo porque te amamos narcisos –e ainda que só a nós e para nós caiba suster-te esdrúxula na Galiza, é de aconchego notar família. Por isso que bom este convite. Por isso, Língua, como se fosses a gente que és, volta os olhos de letra e admira-te desta nossa intensidade de amor: tem o sorriso louco das mães do Helder, colado à boca que te roça em Camões.'” Vía Portal Galego da Língua.

Ondjaki, o talento angolano

Entrevista de Carlos Quiroga a Ondjaki, no Portal Galego da Língua:
“(…) – Carlos Quiroga: Esse mesmo amplo conhecimento do mundo dá-te também uma perspetiva rica acerca da unidade e diversidade da Língua Portuguesa. Tendo estado várias vezes na Galiza, e até tendo-nos dedicado palavras no JL, como vês agora e desde essa experiência “o caso galego”?
– Ondjaki: Olha, o que se chama “o caso galego” vejo com grande preocupação. Sempre estive na Galiza pelas mãos e pelos olhos de pessoas que prestam muita atenção à questão cultural e linguística da Galiza. Isso foi-me alertando para as vossas questões, para as vossas dúvidas e buscas. E o que me entristece é que, do ponto de vista institucional, quer vosso, quer das instituições de Língua Portuguesa, o “caso galego” existe muito pouco. Acho que a verdade é essa. Esta temática cultural da Galiza tem de ser mais discutida, continuamente problematizada, e deve contar, pelo menos, com a solidariedade de outros membros da Comunidade de Língua Portuguesa. Portanto, sim, urge que haja mais debate, mais pressão, para que se fale, para que se discuta, para que os outros saibam das vossas questões.
Ninguém sabe, em Angola, o que se passa culturalmente com a Galiza. Nem no Brasil. E em Portugal, muitos poucos também têm consciência disso. É preciso divulgar, debater, construir polos de opinião. E aí, se vocês o desejarem, trazer essas vozes ao vosso debate. Penso ainda que há muito “ruído”, muitas vozes, mas uma ausência de propostas concretas, e de alternativas concretas. Quando isso acontece, vence quem está sentado no poder. E assim vai o mundo. É por isso que todos os dias sonho com a palavra “debate”. Para falarmos. Para inventarmos novos modos de falar sobre as mesmas coisas. Para que no nossos presente, cada um de nós contribua para o surgimento de novos formatos culturais. É que ainda que os políticos se esqueçam, a cultura é feita de pessoas. Infelizmente, nem sempre “com” as pessoas…”