“Adeus ao Ano Fraguas”

Desde Sermos Galiza:
“Antón Fraguas Fraguas (1905-1999) representa a figura do humanista, da persoa entregada ao estudo, poliédrica, sempre arraigada ao rural, ao seu lugar de orixe, ao popular, ao tradicional. Cunha activa e dilatada existencia, Antón Fraguas licenciouse en Xeografía e Historia pola Universidade de Santiago de Compostela, foi docente, investigador e colaborou en xornais, revistas e publicacións de diversa índole con múltiples artigos sobre xeografía, historia, antropoloxía, etnografía ou paleografía. Durante boa parte da súa vida exerceu de director e presidente do Museo do Pobo Galego. Non por acaso, ese espazo que acabaría por ser “a casa de Antón Fraguas”, o Museo do Pobo Galego, foi o lugar escollido para despedir o Ano Fraguas cun acto de clausura arroupado por Xusto Beramendi, presidente da Fundación A. Fraguas e do Padroado do Museo do Pobo Galego, Valentín García, secretario xeral de Política Lingüística, Víctor Freixanes, presidente da Real Academia Galega, Mercedes Rosón, primeira tenente alcalde do Concello de Santiago de Compostela; Rosario Álvarez, presidenta do Consello da Cultura Galega e Jorge Cubelo, alcalde de Cerdedo-Cotobade, lugar natal de Fraguas.
Durante o acto institucional, o presidente do Padroado do Museo do Pobo Galego, “a casa de Antón Fraguas”, Xusto Beramendi, foi a persoa encargada de abrir o acto institucional e de lembrar o amigo e antigo presidente e director do Museo. Víctor Freixanes, presidente da Real Academia Galega, destacou de Antón Fraguas a súa continuada “preocupación” polas raíces populares da cultura e a lingua galegas durante a súa intervención no acto. Pola súa banda, o secretario xeral de Política Lingüística, Valentín García, destacou que a figura de Fraguas “inundou” colexios e outros puntos da xeografía galega e internacional, como Brasil, Arxentina ou Rusia.
O ramo á homenaxe púxollo o dúo Oradaladou, formado por Sonsoles Penadique (acordeón diatónico e voz) e Carlos Quintá (violín e voz). Oradaladou iniciaron un proxecto para poñerlle música ao Cancionero de Cotobade, unha compilación das cantigas populares recollidas por Antón Fraguas na súa terra natal. No acto interpretaron un repertorio de trece pezas do seu disco Cantigueiro de Cotobade. (…)”

A Coruña e Compostela: Simposio Antonio Fraguas

Premios da Crítica Galicia 2019

Víctor Freixanes: “Carvalho Calero é a crónica do galeguismo do século XX”

Entrevista de Laura Ramos Cuba a Víctor Freixanes no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Carvalho Calero acabou de ser escolhido como figura homenageada para as Letras Galegas de 2020. Esta era uma reivindacação contínua de diversos movimentos sociais que, anos depois, é satisfeita. Como avalias esta resolução por parte da Academia?
– Víctor Freixanes (VF): Há tempo que a Academia é ciente de que a figura de Carvalho Calero não podia ser adiada nem marginalizada. Não deixa de ser uma injustiça histórica que não se reconheça o compromisso, o trabalho e a vida que este homem dedicou à cultura, à literatura, à língua galega… Mesmo com obras como a História da Literatura ou como a sua própria significação como primeiro catedrático de Língua e Literatura Galega na USC em 1972. Foi professor de muitos de nós, a mim leccionou-me Língua e Literatura Galegas… É certo que havia uma história detrás de desencontros, digamos assim, entre uns setores da Academia e o próprio Carvalho Calero e as suas posições arredor da língua na última etapa da sua vida. Eu acho que a nova sensibilidade da Academia está em que isso é um capítulo que forma parte da história e da pluralidade democrática dum país. E, portanto, o currículo e a memória histórica de Carvalho Calero não a vamos discutir. Havia que encará-lo com clareza, com transparência, com naturalidade e, também, aproveitando, não o oculto, que esse ano se cumprem 110 anos do seu nascimento e 30 desde a sua morte. São esses números redondos que dão pé a dedicar-lhe o ano a Carvalho Calero, que ademais também coincide com a reclamação que fizemos já ao Concelho de Ferrol para que restaurem a sua casa, de quem já vimos boa disposição. É uma oportunidade, era algo que até eu tinha que assumir. (…)
– PGL: Que destaca da sua figura e da sua obra? Quer a nível individual quer como presidente da Academia, como vai ser abordado o ideário linguístico de Carvalho?
– VF: Bem, vamos ver… A Academia tem dous momentos, além doutro tipo de atividades como são o Portal das Palabras ou a Primavera das Letras, que está pensado para escolas de primária a iniciativa dos professores. Destes dous momentos um é a celebração do Dia das Letras, com a intervenção formal dos académicos ao redor da figura de Carvalho. Então escolheremos três académicos que abordem a figura de Carvalho Calero desde diferentes perspetivas. E depois, em segundo lugar, haverá um simpósio académico onde haverá distintas vozes sobre a sua figura e onde todas as vozes que tenham algo que dizer, podam dizê-lo. Se têm que estar três dias, serão três dias, mas todo o mundo com uma posição documentada e consistente, terá espaço para poder dizê-lo com a madurez que permite hoje uma sociedade, incluso uma sociedade galego-falante, que pode abordar estes temas com uma tranquilidade, documentação e conhecimentos que não existiam há trinta anos.
Então isso também vai permitir que a figura de Carvalho Calero seja abordada dessa perspetiva, mas não é a única perspetiva de Carvalho. E isso também é importante. A Academia não aborda Carvaho Calero pelo tema da proposta ortográfica, senão que homenageia a sua figura histórica. Carvalho Calero é, de forma semelhante a António Fráguas, a crónica do galeguismo do século XX. Carvalho Calero viveu desde o período pré-Guerra Civil e República, porque é um homem muito comprometido com a República, o galeguismo do momento, o Seminário de Estudos Galegos e o Partido Galeguista… participa inclusive com Lois Tobio na redação do anteprojeto do Estatuto de Autonomia que promove o Seminário… Quer dizer, há uma série de atividades objetivas de Carvalho. E depois, na guerra, ele é uma vítima da repressão, com todas as consequências. É uma situação muito grave que eu penso que o afetou emocional e psicologicamente, afetaria a qualquer pessoa.
Depois, é um homem do que chamaríamos o exílio interior. Pratica um bocado -como aconteceu ao próprio Antonio Fraguas e Fernández del Riego– a clandestinidade. Ele viveu exercendo de professor às escondidas para manter a sua família. Foi uma situação muito dura. Teve a sorte de ser acolhido por António Fernández no [instituto] Fingoi, e aí está atuando já o grupo Galaxia, os que foram os fundadores de Galaxia. E ele não pode exercer como professor e é contratado como gerente! Ali chegaram também para serem professores pessoas como Ferrín ou o próprio Bernardino Graña. E nesse momento começa a trabalhar com Fernández del Riego –porque eram amigos íntimos– na História da Literatura Galega Contemporánea. E nesse livro de correspondência entre os dous é impressionante ver como trabalham, com que constância, com que método, com que teimosia… É um retrato dos dous, como procuram os livros, como os vão pedir… Claro, porque agora tudo está na Internet e há umas bibliotecas muito boas, mas daquela não havia nada. Encontrar um original de Proezas de Galicia de Fernández Neira ou encontrar uns documentos do que podia ser o galego patriótico da guerra contra os franceses, ou os primeiros textos em língua galega dos Precursores… Aí também estava Penzol, que estava comprando muito livro e dotando o que depois seria a partir de 1963 a biblioteca da Associação Penzol, e todos estavam aí puxando e construindo…
Ou seja, sou consciente de que Carvalho era o historiador da literatura e o gramático, porque foi a quem lhe encarregaram a Gramática do Galego Comum, de Galáxia, porque antes não havia nada, era uma seleção. E com esse material, Carvalho é quem nos dá aulas a nós na faculdade. (…)”