Arquivos da etiqueta: Através Editora
Monforte: presentación de seique, de Susana Sánchez Arins
Lisboa: lanzamento de O Galego e o Português São a Mesma Língua?, de Marco Neves
Compostela: lanzamento de 40 datas que fizeram a História de Galiza
A Coruña: lanzamento de 40 datas que fizeram a História da Galiza
Identidade e afectos patrios, de Ramón Villares, Premio Mondoñedo 10 2019 de Ensaio
O mellor ensaio galego da década atópase entre 13 obras
Desde Sermos Galiza:
“Un total de 13 obras compiten por seren recoñecidas co Premio Mondoñedo 10 ao mellor ensaio da última década. Trátase dos seguintes libros: Onde o mundo se chama Celso Emilio Ferreiro, de Ramón Nicolás (Xerais, 2012); Os santos titulares de parroquia en Galiza, de Xosé M. González Reboredo (Sotelo Blanco, 2012); Para que nos serve Galiza?, de Xaime Subiela (Galaxia, 2012); Herdeiros pola forza. Patrimonio cultural, poder e sociedade na Galicia do século XXI, de Xurxo Ayán e Manuel Gago (2.0 Editora, 2012); Rosalía de Castro, estranxeira na súa patria (a persoa e a obra de onte a hoxe), de Francisco Rodríguez Sánchez (AS-PG, 2013); Tastarabás. Enciclopedia de brinquedos tradicionais e uso lúdico da natureza, de Antón Cortizas (Xerais, 2013); Galiza, um povo sentimental?, de Helena Miguélez-Carballeira (Através Editora, 2015); Historia de Galicia, de Ramón Villares (Galaxia, 2016); Enfermos pobres, médicos tristes: Historia crítica da medicina rural en terras esquecidas, de Roberto Fernández Álvarez (Urco, 2017); Identidade e afectos patrios, de Ramón Villares (Galaxia, 2017); Rosalía de Castro. Cantos de independencia e liberdade (1837-1863), de María Xesús Lama (Galaxia, 2017); Memorias dun loitador antifranquista. O testemuño do comunista David Álvarez Carballido, de Anahí Almasía, Mariela Sánchez e Antón Santamarina (Alvarellos, 2018) e As orixes da fotografía en Galicia. Estudios composteláns do s. XIX, de Carlos Iglesias Castelao (Alvarellos Editora-Consorcio de Santiago, 2018).
O xurado reunirase en Mondoñedo o domingo, 13 de outubro de 2019, ás 12 horas, e a entrega do premio terá lugar nun acto público que acollerá o Auditorio Pascual Veiga de Mondoñedo o domingo 20 de outubro. O premio consistirá nun diploma acreditativo e unha obra artística orixinal e única, creada para esta ocasión polo artista mindoniense, José Pedro Gómez.
Forman parte do xurado: Antonio Reigosa (presidente, sen voto), cronista oficial de Mondoñedo; un vogal designado polo Consello da Cultura Galega; outro pola Real Academia Galega; outro pola Asociación de Escritores/as en Lingua Galega; outro pola Asociación Galega de Editoras; outro polo Instituto Galego de Historia; outro pola Facultade de Humanidades de Lugo (USC) e outro polo Concello de Mondoñedo. Actuará como secretario (sen voto) Fran Bouso, designado pola asociación convocadora deste premio.”
Pontevedra: Festa dos Libros 2019
Teresa Moure: “Sempre digo que não tenho vocação de linguista”
Entrevista de Valentim Fagim a Teresa Moure no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): No prólogo do livro [Linguística eco-], da autoria de Moreno Cabrera, ele começa a indicar que a autora está comprometida com a defesa da diversidade linguística sem esta inclinação afetar a fotografia da realidade que mostra. Foi uma dificuldade transitar por essa aparente corda frouxa?
– Teresa Moure (TM): Sempre digo que não tenho vocação de linguista. Em absoluto. Foram uma série de circunstâncias curiosas e o acaso que puxaram de mim para estudar filologia. Depois, já cometido o pecado, só ficava a hipótese de me afastar da literatura: estava convicta de que queria escrever e, portanto, convinha extremar a cautela com a dissecção literária e dirigi os meus passos para a linguística geral. Nesse contexto, um bocadinho de rebeldia como ingrediente psicológico, um contexto nacional construído sobre a ferida e sobre a negação de nós e o clima na faculdade nos ’90, mais abertamente político do que o atual, tornaram-me em ativista. Não tenho que balançar-me na corda bamba; as tensões fazem parte de nós, mas sou mais ativista do que fotógrafa da realidade, seguindo a imagem de Juan Carlos Moreno Cabrera.
Tenho a fortuna, porém, de que no momento atual só seja possível fazer uma fotografia digna de ser considerada realista mostrando a crua realidade que o ativismo denuncia: padecemos uma devastadora perda da diversidade linguística e cultural. Hoje é aceite o cálculo que prognosticava Michael Krauss em 1992: para o fim do século XXI, 90% das línguas da humanidade terão desaparecido. Às vezes, no âmbito dos estudos de género, indico que não sou feminista como consequência de ter nascido mulher; quero acreditar que seria igualmente feminista encapsulada em qualquer outro tipo de corpo porque para mim se trata dum assunto ético. Da mesma maneira, não sou ativista ecológica e ecolinguística movida pelo único interesse de defender a minha língua (o qual, aliás, seria perfeitamente legítimo). Acho que todas as línguas são património cultural da humanidade e a sua perda faz com que o mundo seja um lugar menos criativo e interessante; um lugar que corre o risco de ser morada do pensamento único. As pessoas que são falantes de línguas não ameaçadas também devem comprometer-se com a defesa da diversidade; é urgente que o façam.
– PGL: No livro desafias a pessoa leitora para tomar consciência da seu desempenho em geografia linguística. Somos assim tão eurocêntricas?
– TM: Acho que somos absolutamente eurocêntricas. Decidimos, por exemplo, estudar as línguas fortes dos estados próximos (inglês, francês, alemão ou italiano). Embora haja ascensões e descidas como resultado de modas, poucas vezes escolhemos línguas doutras áreas geográficas. Nas aulas peço ao estudantado para documentar as unidades ou fenómenos linguísticos que estuda em línguas não europeias porque, ao estudarmos línguas, tendemos a dar por universais os fonemas oclusivos, o género feminino ou os adjetivos qualificativos porque existem, precisamente, nas línguas europeias. Nisso não nos comportamos de maneira diferente do colonizador castelhano ou português do século XVI que, na versão erudita dos missionários, procurava as categorias do latim nas línguas aborígenes que aprendia com aquele esquisito objetivo de traduzir a Bíblia e fazer realidade o verdadeiro objetivo do imperialismo: colonizar mentalmente os povos ocupados. O corpus de dados da linguística geral ainda hoje não é ótimo. E se os fenómenos que consideramos universais só existissem nas línguas da Europa? A ideia de que o tempo é tripartito, por exemplo, materializado em passado, presente e futuro, à vista dos dados reais é bastante eurocêntrica, visto que nas famílias linguísticas não indo-europeias o tempo tem diferentes eixos ou mesmo é circular. Porém, esse suposto expande-se por via linguística e acaba assomando na filosofia ou na construção de hipóteses científicas; em lugares onde não era esperável.
Em geral, somos absolutamente eurocêntricas: temos referências claras para cidades, comidas ou símbolos culturais europeus e só numa ínfima medida para os doutras latitudes. Aliás, à medida que a globalização avança, incorporamos o outro sob a envoltura do “exótico”: viagens de turismo ao Japão, fajitas mexicanas ou pirâmides do Egito. Mas o exótico tem um ar burguês de distopia e discronia; não implica uma condição de igualdade entre os diversos espaços. Acho que continuamos temendo o outro. Doutra maneira não se explicaria que nos programas de história da arte ou de filosofia não apareçam as formas artísticas do Magrebe ou do Vietname, nem se formulem as grandes perguntas doutras civilizações, nem sejam citados pensador@s pret@s ou que escrevam em suaíli. Por acaso só interessam as catedrais ou as pinacotecas da Europa? Por acaso só o povo alemão e a Grécia clássica pensaram? Porque até poderia ser que também, como insinua com ironia Hamid Dabashi, os não europeus pensem. (…)”