Entrevista a Susana Sanches Arins no Portal Galego da Língua:
“- Portal Galego da Língua (PGL): Qual foi a melhor iniciativa nestes quarenta anos para melhorar o status do galego?
– Susana Sanches Arins (SA): É difícil ter perspetiva, pois quase som os anos que eu tenho (47) e vêm-me à cabeça medidas tomadas tendo eu consciência delas, nom anteriores.
Suponho que a incorporaçom da língua galega ao ensino é a principal, uma medida falida polo boicote que os últimos governos do PP fizeram sobre ela. Eu sou das primeiras crianças que estudaram galego na escola, mesmo antes que outras da minha idade, acho que porque dei com uma escola sensível ao tema que colocou antes de ser obrigado o estudo da língua. E sou das pessoas, que existimos, galeguizadas na escola. Quer dizer, se falo galego é por essa atuaçom.
Anos depois acho que a do Xabarín Club foi uma medida que chegou de onde tinha que chegar aonde era necessária (da televisom pública para a povoaçom que menos usa a língua). Demostrou a força modelar que têm os meios de comunicaçom e como uma intervençom institucional pode mudar hábitos muito pessoais.
– PGL: Se pudesses recuar no tempo, que mudarias para que a situação na atualidade fosse melhor?
– SA: É claro que a questom do padrom. Acho que perdemos muita força e tempos e vontades ao afastarem (uns) o português das nossas vidas e ao ter (outres) que reivindicá-lo. Se desde os anos 80 tivéssemos um padrom reintegrador estou segura que a sorte do galego seria outra. Mesmo melhor.
– PGL: Que haveria que mudar a partir de agora para tentar minimizar e reverter a perda de falantes?
– SA: 1. Fazer das escolas espaços de imersom linguística na língua galega. Que esta seja a protagonista única da educaçom das futuras cidadãs.
2. Contar com um programa de galeguizaçom (legendagem, interpretaçom, produçom) de produtos culturais/espetáculos. Nom devera repetir-se o facto de a Disney estrear um filme em espanhol, euskera e catalão e que nom esteja em galego. Sei que isto se contradiz, em parte, com a minha ideia do reintegracionismo, pois podemos gozar desses produtos em português, mas nom o vejo incompatível.
– PGL: Que papel achas que pode ter ou tivo a criaçom literária em relaçom à normalizaçom linguística?
– SA: Poder ler na tua língua qualquer produto literário (de alta qualidade, clássicos, mainstream, de bolso) é um direito cultural básico. E para uma língua desprezada, ser protagonista naquilo que consideramos alta cultura é uma das maneiras de fazê-la digna para as suas utentes.
É claro que depois está quem detenta o poder nesses espaços, que modelo de cultura constrói e quais as prioridades editoras. Acontece o mesmo com a televisom. Acho que no seu momento a criaçom da TVG foi um fito normalizador, mas o modelo atual de televisom nom contribui a ela, pois nom está a intervir para desfazer preconceitos (nalguns afonda) nem programas para as faixas etárias que mais precisam o galego.
– PGL: Achas que seria possível que a nossa língua tivesse duas normas oficiais, uma similar à atual e outra ligada com as suas variedades internacionais?
– SA: Acho que neste momento é uma das poucas saídas que nos restam. Em 40 anos nom fizeram a jeito. Há que provar outras estratégias. Achegar-nos ao português devera ser uma delas. Também entendo que mudar o padrom, à brava, nestes momentos, nom seria o mais favorecedor para uma língua depauperada a nível social. Portanto, eliminar os atrancos às utentes dos padrons reintegracionistas e admitir estes como oficiais também seria uma soluçom. “
Arquivo da categoría: Lingua
Mário Regueira: “A normalizaçom jogou as cartas do sentimentalismo e a nom conflitualidade e muito pouco a do conhecimento e a exigência”
Entrevista a Mario Regueira no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Qual foi a melhor iniciativa nestes quarenta anos para melhorar o status do galego?
– Mario Regueira (MR): Ao rever quarenta anos dumha mudança que inicialmente foi tam radical no status jurídico e social da nossa língua é difícil passar por alto algumhas destas novas possibilidades. Poder termos umha rádio e umha televissom pública, a incorporaçom do galego ao ensino ou a sua normalizaçom na política autonómica fôrom sem dúvida referências muito relevantes para umha língua minorada e desvalorizada polo franquismo precedente. Sem esquecer estes factos inegáveis, gosto de ressaltar também o foco popular, umha defesa que se moveu de forma muito mais horizontal e apoiada nos movimentos sociais. Quero destacá-la por duas razons: em primeiro lugar porque da mao da movilizaçom social conseguimos cousas que nom seriam possíveis desde a oficialidade: desde a consciencializaçom individual ou o facto de ganhar espaços sociais novos para a língua até a defesa doutras alternativas históricas ou normativas. A segunda razom é que funcionou e funciona ainda como um canal de exigência política necessário e muito valioso para qualquer sociedade democrática. Como dizia, é difícil valorar um período tam longo que parte dumha mudança tam grande, gosto de pensar que umha parte importante da galeguidade nom deixou de valorizar a mudança de status que se deu a começos dos anos 80, mas também conserva a consciência da relativa precariedade desses direitos e nunca baixou a guarda à hora de exigi-los nem a vontade de ampliá-los.
Gosto de pensar que umha parte importante da galeguidade nom deixou de valorizar a mudança de status que se deu a começos dos anos 80, mas também conserva a consciência da relativa precariedade desses direitos e nunca baixou a guarda à hora de exigi-los nem a vontade de ampliá-los.
– PGL: Se pudesses recuar no tempo, que mudarias para que a situaçom na atualidade fosse melhor?
– MR: Penso que a dimensom histórica da língua galega, a que nos entronca com a lusofonia, foi umha vantagem que demorou e demora ainda em ser posta em jogo com todas as suas possibilidades. É algo que nos individualiza dentro das outras línguas do Estado espanhol, mas jogamos estes anos como se esse nexo nom existisse ou aproveitando-o só desde posiçons retóricas. Acho que umha Galiza que nestes 40 anos mirasse mais para Portugal e Brasil teria ganhado muito em termos de normalizaçom linguística e estima própria. Outro ponto é como desde praticamente todos os governos autonómicos houvo umha ambiçom muito baixa a respeito da língua e da pertinência da sua exigência legal. Atitudes que fôrom desde a irresponsabilidade e um medo estratégico pouco compreensível.
Penso que a dimensom histórica da língua galega, a que nos entronca com a lusofonia, foi umha vantagem que demorou e demora ainda em ser posta em jogo com todas as suas possibilidades. É algo que nos individualiza dentro das outras línguas do Estado espanhol, mas jogamos estes anos como se esse nexo nom existisse ou aproveitando-o só desde posiçons retóricas.
– PGL: Que haveria que mudar a partir de agora para tentar minimizar e reverter a perda de falantes?
– MR: É umha questom enormemente complexa, mas sempre penso que a normalizaçom jogou de forma exagerada as cartas do sentimentalismo e a nom conflitualidade e muito pouco a do conhecimento e a exigência. Está bem defender a língua porque a falavam as nossas avós, claro que sim, é um laço ao que nom devemos renunciar, mas também temos que ser conscientes de que a maioria das nossas avós fôrom defensoras de trincheira da nossa língua sem os recursos que hoje temos. Temos o dever de melhorar o que herdamos e recuperar a memória roubada que se perde na noite dos tempos, e aí entra de novo a dimensom histórica. Ficar com a atitude rebelde das avós é também lutar por outro status social da língua, algo que devemos fazer em âmbitos aos quais a língua nunca tivo a oportunidade de chegar mais que com enorme dificuldade. Particularmente apavora a situaçom do galego na universidade após estes 40 anos, há contextos, como Medicina ou Direito onde é quase impossível receber aulas em galego e mesmo continua a haver problemas para exercer os direitos do estudantado como falantes.
– PGL: Achas que seria possível que a nossa língua tivesse duas normas oficiais, umha similar à atual e outra ligada com as suas variedades internacionais?
– MR: Sim, acho possível e recomendável, embora países como Noruega (também com duas normas) achárom que também nom era umha soluçom mágica e continuava a haver desigualdades entre as duas variedades. Mesmo assim, penso que é importante rebaixar a intensidade da questom normativa, e nom haverá convivência possível com atitudes de marginalizaçom e mesmo criminalizaçom como as que tem sofrido o reintegracionismo durante as últimas décadas. O direito a existir e a defender com liberdade umha perspetiva de futuro para o nosso idioma deveria ser o mínimo marco de convivência.”
“Ferramentas da educación ao servizo da normalización lingüística”, novo curso da CTNL, do 27 setembro ao 4 de outubro de 2021
Ponteareas: actos destacados na Feira do Libro 2021 para os 15 e 16 de xullo
O 15 de xullo pola tarde comeza a Feira do Libro de Ponteareas (na Praza Maior, con horario de 12:00 a 14:00 horas -só o 16-, e de 18:00 a 22:00 h.), organizada pola Federación de Librarías de Galicia, cos seguintes actos literarios destacados para estes días:
Xoves, quinta feira, 15
– 18:00 h. Beatriz Cabaleiro asina Clover, unha porquiña diferente, publicado por Aira.
– 19:00 h. Raquel Castro asina Dormente, publicado por Galaxia.
– 20:00 h. Acto de inauguración. Pregón a cargo de Pablo Prado.
– 21:00 h. Pablo Pardo e Miguel Rojo presentan Nerea, o príncipe da sorte, publicado por Xerais.
– 21:00 h. Anabel Antela Castro asina A lingua galega no sector téxtil, publicado pola Mesa pola Normalización Lingüística.
Venres, sexta feira, 16
– 18:00 h. Xosé Antonio Perozo presenta O libro das avoas, ilustrado por María Lires, publicado por Galaxia.
– 20:00 h. Nee Barros asina Identidade, publicado por Galaxia.
– 21:00 h. Santiago Lopo asina A carteira, publicado por Xerais.
– 21:00 h. Teresa Ríos asina Non estamos preparados para medrar, publicado por Urutau.
Charo Lopes entrevista Carlos Callón | Anos 2000 – A Língua em Décadas
Xurxo Souto: “Considero o binormativismo umha proposta luminosa e inteligente”
Entrevista a Xurxo Souto no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Qual foi a melhor iniciativa nestes quarenta anos para melhorar o status do galego?
– Xurxo Souto (XS): A incorporaçom do galego ao ensino, e a criaçom de meios de comunicaçom públicos -rádio e televisom- que tenhem o galego como língua veicular.
– PGL: Se pudesses recuar no tempo, que mudarias para que a situação na atualidade fosse melhor?
– XS: Em primeiro lugar, recuperar todo o trabalho que se tinha desenvido a prol da língua antes da Guerra Civil, e que se ignorou dum jeito absolutamente interessado. Falamos dum grande esforço intelectual –com epicentro, por dizê-lo rápido, na Geraçom Nós- que procurou a criaçom dum registo culto para a língua, e que tinha como referente necessário outro registo culto do nosso idioma, ou seja o português.
Em lugar disso (isto é, a tradiçom e o trabalho que representava, como figura central, Ricardo Carvalho Calero) optou-se por recorrer diretamente à fala. Oficializou-se a norma do castelhano como norma do galego, ignorando, insisto, toda a história da língua.
Este foi o grande erro: a supeditaçom do galego ao castelhano. A partir de aqui mudaria as sucessivas políticas linguísticas que foi desenvolvendo o Partido Popular. Esta formaçom nunha acreditou, ou nom lhe interessou, que o galego chegasse a se consolidar como umha língua culta. Sempre defendeu (refiro-me aos factos, nom ao discurso) umha posiçom de dependência a respeito do castelhano. E também derrubárom muitas conquistas alcançadas anteriormente, e atrevêrom-se a situar o galego no ensino –via mandato legal – diretamente como umha língua de segunda. Falo da proibiçom expressa de utilizar o galego em determinadas matérias, como as matemáticas. Tal política nefasta para a língua continua.
Os meios públicos, a Rádio e a Televisom que deveriam ser o referente dum registo culto do galego oral, renunciam definitivamente a esse mandato. Cada vez em mais programas da sua grelha escutamos um galego popular inçado de castelhanismos. Esse é o seu modelo de língua. A leitura profunda é evidente: Nom precisamos dum galego culto, para esse tipo de contextos já temos o referente dumha língua culta: o castelhano.
– PGL: Que haveria que mudar a partir de agora para tentar minimizar e reverter a perda de falantes?
– XS: Acho que já respondim na pergunta anterior. Políticas linguísticas decididas que ponham em valor a língua, e que esta abranja todo o tipo de registos. Cada vez a gente nova fala menos galego, sabemo-lo. Mas ao mesmo tempo é o segmento da populaçom que mais valoriza a língua. O problema nom está pois na mocidade, está na preguiça das pessoas adultas que aceitam com indolência estas políticas galeguicidas.
– PGL: Achas que seria possível que a nossa língua tivesse duas normas oficiais, uma similar à atual e outra ligada com as suas variedades internacionais?
– XS: Considero-a umha proposta especialmente luminosa e inteligente. Por desgraça a possibilidade dum achegamento entre a posiçom isolacionista e a reintegracionista é mui pequena. Sobretudo porque o debate intelectual está mediatizado polo poder político que atualmente nos governa, e que apoia dum jeito decidido a primeira das posiçons. Portanto o que procede, já que devemos conhecer essa norma por “imperativo legal”, é que podamos chegar a dominar também a norma do galego internacional, isto é, a norma portuguesa.”
I Encontro sobre a Língua na Galiza
Camilo Nogueira: “É evidente que o galego nom vai desaparecer”
Entrevista a Camilo Nogueira no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Qual foi a melhor iniciativa nestes quarenta anos para melhorar o status do galego?
– Camilo Nogueira (CN): Nom há nada que melhorar, melhor refere-te a fala-lo. A luta que temos que dar é ir contra a ideia de o galego ser umha cousa pequerrechinha. O galego nom é pequerrechinho. Fala-se na Galiza, sabe fala-lo a maioria da populaçom galega, e ademais é internacional. A mim, estando num táxi no Brasil, perguntou-me o chofer: “e você, de que parte do Brasil é?”
O galego nom está potenciado, mas nom é que a gente decida nom falar galego. A mesma gente que nom o fala, entende-o perfeitamente, e a maioria, definitivamente, fala galego, ainda que nom seja habitualmente.
– PGL: Se pudesses recuar no tempo, que mudarias para que a situação na atualidade fosse melhor?
– CN: No franquismo a maioria dos galegos falavam galego. Sempre. Franco fodia-nos, mas a gente falava galego. Agora como algumhas crianças nom estudam galego na escola e isto nom vai mais alá… pois claro, o decreto do ensino é insuficiente, o galego deveria ser a língua veicular, como já é em muitos centros. Nom há que ficar centrado em que as crianças aqui som obrigadas a falarem em castelhano. O galego é mui falado.
Eu penso que se fala mais galego que castelhano. Em Compostela fala-se em galego, e em Ponte Vedra e em Vigo… E no Brasil também.
– PGL: Que haveria que mudar a partir de agora para tentar minimizar e reverter a perda de falantes?
– CN: Eu nom colocaria nesses termos a questom, aqui as crianças nascem falando já galego e castelhano, e essa é a melhor forma para aprenderem a falar inglês e francês. A chave é que se fale galego, e que haja umha identificaçom com o português e o brasileiro. A gente que está interessada polo galego nom tem umha dimensom real do que é, é evidente que o galego nom vai desaparecer. (…)”
Lugo: fin de festa da I edición #EnredandoCoGalego, concerto de Verto e entrega de premios
O xoves 10 de xuño foi un día moi especial. As entidades organizadoras desta actividade, a Área e Cultura do Concello de Lugo e a AELG, acompañamos a rapazada do IES Leiras Pulpeiro e IES Muralla Romana que participou en EnRedando co galego, actividade de normalización da nosa lingua, creación literaria e afectos, cunha sorpresa moi especial que lle encantou ao alumnado: o concerto dos VertoTemazos. #Enredamos un pouco e parolamos coas rapazas e rapaces participantes canda Antonio Reigosa, e entregamos canda Fer e Verto, o tenente de alcalde Rubén Arroxo e Felipe Rivas, concelleiro de Educación, os agasallos e premios do certame. É xusto sinalar que encontramos novísimas escritoras cun futuro moi prometedor e intuímos que esta iniciativa pode ser o comezo de algo moi bo para a nosa lingua, a mocidade e tamén para Lugo, cunha actividade potente e de referencia. E debemos agradecerlle finalmente ás profesoras e profesores o seu traballo, esforzo e apoio para que todo saíse ben.
Aquí pode verse unha pequena crónica fotográfica, a cargo de Alba Díaz. Pode accederse nesta ligazón á crónica completa.