Carlos Taibo: “A língua é a mais excelsa das criações do ser humano”

Entrevista de Diego Bernal a Carlos Taibo no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): Nom é muito comum fazer autobiografias com focagens tam específicas, como surgiu a ideia de escreveres sobre a tua relaçom com as línguas ao longo da vida?
– Carlos Taibo (CT): Há um tempo que me decatei de que boa parte das histórias e das brincadeiras que conto têm uma base claramente linguística. Em realidade não proponho nessas páginas, em termos estritos, uma autobiografia que, como tal, teria um interesse reduzido. O livro é de facto um pretexto para recuperar essas histórias e brincadeiras. Na tarefa ajudou-me um corunhês um bocadinho louco que ministra aulas de galego em Madrid e que sonha com línguas e com anões de Minas Gerais.
– PGL: O Feitiço das línguas já encanta o leitor desde o próprio título. Som isso para ti as línguas, um feitiço?
– CT: São, certamente. E são também um presente que nos ofertou a natureza. Não consigo compreender aqueles que celebram, em virtude das teóricas melhoras que haveriam de produzir-se na comunicação, a desaparição de línguas. Além disso, no prólogo do livro saliento que para mim a língua é a mais excelsa das criações do ser humano, noutros âmbitos tão pouco feliz.
– PGL: Seguindo com o título, escolheche um subtítulo curioso, “uma (pseudo) (auto) biografia linguística”. Que de “pseudo” há nela?
– CT: Já disse que o meu objetivo não era, ou não era fundamentalmente, retratar-me. Agrego agora que o livro carreta uma vantagem nada desprezível: reduz sensivelmente as possibilidades de eu sentir a tentação de enfrentar uma autobiografia canónica, em visível proveito da humanidade e da sua causa.
– PGL: No mundo há mais mais de 6000 línguas. Com quais vai dar o público leitor ao debruçar sobre esta obra?
– CT: Vai dar, nomeadamente, com o galego-português e com o espanhol. Mas também com outras línguas que até agora me acompanharam, com noivados mais ou menos longos: o francês, o italiano, o alemão, o grego, o árabe, o catalão e… o russo. Mas também há observações nessas páginas sobre o africânder, o maltês ou o fan. Para parecer culto e exótico.
– PGL: Algo realmente admirável é a capacidade do autor para lidar com a diversidade linguística. Ser poliglota fai parte do teu charme?
– CT: Não quero enganar ninguém. Os meus conhecimentos em matéria de línguas são muito limitados. E falando a sério não sou um poliglota. Sou uma pessoa curiosa que procurou se embebedar ao abrigo das línguas, com razoável sucesso. Como é sabido, e além disso, o meu charme tem um caráter exclusivamente sexual.
– PGL: Tens mais de meio cento de livros publicados. Já estás a pensar em qual vai ser o próximo?
– CT: Trabalho num livrinho, que vai ser muito ameno, sobre ecofascismo. E, para castigar os olhos dos amigos e amigas da Através, há tempo que acumulo materiais para escrever uma opera-prima sobre uma cidade do norte de Portugal na que desagua o Douro. Mais esse texto magnífico ainda há de demorar.”

Luísa Villalta, a homenaxeada no Día das Galegas nas Letras 2022

Desde Nós Diario:
Luísa Villalta foi unha das escritoras chave na transición entre as xeracións poéticas dos 80 e dos 90. Pioneira da virada feminista da poesía galega da época, publicou catro libros.
A plataforma de crítica literaria A Sega vén de anunciar que o Día das Galegas nas Letras homenaxeará este ano a Luísa Villalta. “Celebrámoste desde ti, desde o teu pensar, lúcida e comprometida, sempre na construción dun pobo, dese pobo que foxe de si mesmo, dunha literatura, dunha lingua, no foro da cultura. Ti, na liberdade, da contra-ética do poder”, indican desde A Sega no manifesto. (…)
A Nosa Señora das Letras é un título creado hai xa nove anos para destacar a figura daquelas mulleres que contribuíron á cultura galega en xeral e, sobre todo, á literatura. O ano pasado a honra foi para escritora de literatura xuvenil de ficción científica e “raíña da retranca” Uxía Casal.
Esta iniciativa do colectivo comezou en 20014, cunha dedicatoria a Dorothé Schubarth. 2014, dedicándollo a Dorothé Schubarth. Ao longo dos anos foron destacadas María Victoria Moreno, María Xosé Queizán, Patricia Janeiro, Marica Campo, Imma António e Xela Arias.
Reproducimos a seguir mo manifesto da Sega:
“No mesmo lado, o compromiso.
Celebrámoste desde a complexidade da épica ao publicismo, deste ti, desde o teu pensar, lúcida e comprometida, sempre na construción dun pobo, dese pobo que foxe de si mesmo, dunha literatura, dunha lingua, no foro da cultura.
Ti, na liberdade, da contra-ética do poder.
Lémoste e sentímoste na arela dun teatro de nós que te abrigue e nos abrigue, dramaturga, que nos adentra no paseo das esfinxes e nas certezas de Ofelia.
Lémoste e aprendemos, ensaísta, que nos enreda na ecuación teatral de Don Hamlet, para nos mostrar esa obra enteiramente nova; para nos levar ao outro lado da música, para nos guiar pola poética, sobre un certo estado de conciencia e nos erguer desde a prensa o libro das columnas.
Lémoste e gozamos, narradora, da lingua coa que nos convocas, nesa teoría de xogos en que lle dás a man ás afinidades electivas, para andarmos mundo; a lingua que non se pode chamar silencio, e por iso nos legas as chaves do tempo para abrirmos ao futuro o reino que un día perdemos.
Ti, que sabes do couto á liberdade, do silencio, da banalización, das estratexias para neutralizar o discurso ético e literario.
Lémoste, poeta, e gozamos e cantamos e a música reservada estoupa e xorde o ruído e soñámoste co violín e préndensenos as túas palabras coas que vestimos minutos de poemas polo papagaio nunha rota ao interior do ollo contigo no outro lado da música, na Cidade Alta.
Ti, que reclamas a liberdade de ser escritora galega nunha Galiza viva e democrática.
Galiza, esa palabra, que pronunciaches con boca chea.
Ti, que dixeches isto é tamén unha muller que resiste.
Igual que un tigre ignora a tigritude:
Salta.
Penelopetece o tecido do regreso.
Celebrámoste, gozamos, saltamos contigo, LUÍSA VILLALTA.”

Outeiro de Rei: presentación de Unha etapa estelar e conflitiva de Galiza (a segunda metade do século XIV) Tomo I. A relevancia do reino galego medieval, de Francisco Rodríguez