Compostela: actividades destacadas dos 8 e 9 de maio na Feira do Libro 2021

O 8 de maio comeza a Feira do Libro de Santiago de Compostela (no Paseo Central da Alameda), organizada pola Federación de Librarías de Galicia, con horarios de 11:30 a 14:00 h. e de 17:30 a 21:00 h., cos seguintes actos literarios destacados dentro do seu programa para este fin de semana:

Sábado 8
12:30 h. Pregón de inauguración a cargo de Arantza Portabales.
13:00 h. Arantza Portabales asina A vida secreta de Úrsula Bas, publicada por Galaxia, e Historias de Mentes, publicada por Bululú.
13:00 h. Esther Carrodeguas asina Malcriada e 32m2, publicadas por Positivas.
18:00 h. Yolanda Castaño asina Xela quixo ser ela, publicado por Xerais.
18:00 h. Estefanía Padullés asina Leopoldo, o pequeno monstro, publicado por Hércules, e Un mundo para Maruxa, publicado por Belagua.
19:00 h. Luz Darriba asina Abril, publicado por Belagua.
19:00 h. Beatriz Busto Miramontes asina Um país a la gallega, publicado por Através.
20:00 h. Antón Reixa asina Outlet, publicado por Chan da Pólvora.
20:00 h. Andreia Costas asina Corazón de vaca e outras vísceras, publicado por Urutau.

Domingo 9
19:00 h. Carlos Negro asina Non cantan paxaros neste bosque, publicado por Xerais.
20:00 h. Manuel Gago asina Nus, publicado por Xerais.

Recital na rede arredor do Premio Victoriano Taibo

Vítor Vaqueiro: “A normativa oficial do galego é um dispositivo de espanholização”

Entrevista a Vítor Vaqueiro en Nós Diario:
“Vítor Vaqueiro recebe amanhã a Letra E, de escritor, que outorga a AELG (Asociación de Escritoras e Escritores en Lingua Galega). É esta uma homenagem na sua terra, Santiago de Compostela, na vigésima sexta edição dum ato que converte o autor em membro de honra da entidade.
Vítor Vaqueiro recebe com “alegria e agradecimento” a Letra E da AELG (Asociación de Escritoras e Escritores en Lingua Galega). Também o assalta uma certa sensação de volta ao passado. “Eu devo ser agora dos primeiros números, porque quando se fundou eu tinha o 25 e muitas das pessoas que me precederam já não estão”, diz.
– Nós Diario (ND): Embora estudar química e exercer como professor de matemáticas, decidiu dedicar-se à fotografia. Que o atraiu da imagem?
– Vítor Vaqueiro (VV): Foi uma série de fatores, alguns casuais. Caiu nas minhas mãos um livro de Susan Sontag sobre o tema e logo outro de Barthes, A câmara clara. Dalguma maneira, abriu-me um horizonte diferente. Recebi um encargo fotográfico duma modista, Maria Moreira, e comecei a trabalhar em moda.
Não me interessava esse mundo, mas si o feito fotográfico. Tirava imagens e, sobre tudo, lia. Fez uma exposição em 1983 e, anos depois, vim para a facultade de Santiago a fazer a tesse.
– ND: Também foi professor de matérias associadas à fotografia em Ciências da Comunicação. Acha que numa sociedade como a atual, com um peso tão grande da imagem, se lhe outorga o suficiente espaço no estudo?
– VV: Eu acho que há algo de verdade incompreensível, quer no nosso país quer no Estado espanhol, numa sociedade, como ti acabas de apontar, absolutamente atravessada pela imagem. Hoje todo o mundo já e fotógrafo, porque todos temos um telemóvel. Neste contexto, parece-me extraordinário que não exista a possibilidade de estudar fotografia, já não digo em lugares como Alemanha ou Reino Unido, onde existe a própria carreira. Estou a falar desse centro no que, se não me falhar a memória, eu fui o último professor da matéria que houve no departamento de Comunicação.
Uma pessoa pode rematar os estudos sem saber quem é Cindy Sherman ou Andreas Gursky. E alunado que rematou o grau não tinha possibilidade de continuar a formar-se no país, tinha que ir embora, a Catalunya, por exemplo. É incrível, passa o tempo e não avança. Um projeto como o Centro Galego de Fotografia, de Vigo, foi totalmente desprezado e hoje está ocupado por dependências administrativas.
– ND: Do confinamento saiu o livro Tres poetas en estado de alarma, junto a Carlos Negro e Xosé María Álvarez Cáccamo, no que você escreve “Quarentena”, uma lúcida reflexão que parte do concreto para analisar aspectos muito mais profundos da sociedade. Como nascem os poemas desta série?
– VV: Como dizia Beckett, “escrevo porque provavelmente não sirvo para outra coisa”, ainda que no meu caso diria também para cozinhar, que com humildade após 50 anos acho que o faço bem. Se uma pessoa com essas características não puder sair da casa, é lógico que escreva.
E vês diariamente uma série de questões que levam a pensar, como por uma parte se aplaude pontualmente ao pessoal sanitário enquanto há um enorme ataque ao sector. Aliás, todo isto era previsível no senso de que há uma constante agressão à natureza, vimos como doenças passam aos animais, já de velho, como a Sida.
– ND: Nesses momentos limite aparece a necessidade de deitar fora certos pensamentos, imagino.
– VV: Claro, por exemplo, quando vim essas conferências diárias de sanidade, nas que as responsáveis compareciam com três militares detrás. Lembrou-me a esse 11 de setembro de 1973, ao golpe de Estado de Chile. Perguntaste onde estás a viver, por que precisamos a presença das forças armadas. A quarentena serviu-nos, ou devia servir, para conectar a situação presente com outras do passado.
– ND: Outro dos seus interesses é a mitologia galega. Por que acha importante a reivindicação ou dignificação destes temas, que em último termo outorgam um valor negado à cultura popular?
– VV: Acostumo dizer que lhe devo tudo ao país. Acho que há duas ou três coisas de natureza universal que me movem, como a justiça, a igualdade ou a dignidade. E depois está o meu país, a sua língua ameaçada, a cultura e o território, as suas gentes. Nesse senso, a mitologia significa reivindicar o nosso.
Há coisas incríveis, como uma mulher que tem um filho sem relação sexual previa, que nos parecem o mais normal do mundo. Mas quando nos falam da Santa Companha, dizemos que é uma parvada. Essa cultura não é uma tontaria, as lendas explicam o mundo. E a diferença entre uma religião e uma mitologia é a mesma que existe entre um idioma e um dialeto, normalmente um idioma que não tem poder social.
– ND: Falando dessa situação linguística, em 2013, num artigo publicado em Sermos Galiza, manifesta a sua decisão de adotar o padrão reintegracionista. Pode lembrar-nos quais são as causas?
– VV: Eu verdadeiramente sempre fui reintegracionista. Publiquei nos anos 80 no acordo de mínimos, que era a normativa que pode ser hoje da Academia, com mais léxico e a acentuação e o traço português. Depois abandono isso como moita gente e escrevo dentro dos máximos que permitia a norma oficial, coa introdução de muito léxico que não considero português. Houve um momento em que me resulta muito difícil seguir enganando-me a mim próprio.
Um dia presento um texto e desde a editora faz-me por volta de 300 correções. Como sou de ciências e gosto de botar contas, vejo que em 86% mudam a palavra galega por outra espanhola. Isto é um dispositivo de espanholização.
— ND: Em Da identidade à norma já definia o fundamentalmente político e não filológico dessa opção.
– VV: Claro. Um linguista muito reconhecido, Miquel Siguán, admite que uma norma se decide por motivos extralinguísticos. É algo convencional. Não sei por que se escolhe uma fórmula como “man” fronte a “mão” quando a segunda é absolutamente maioritária.
Há uma tendência a pôr barreiras artificiais ao achegamento ao português. Eu non falo como uma pessoa de Valença do Minho ou de Coimbra. Há que reivindicar o léxico galego, e depois todo aquilo que exista já em português não temos por que o inventar. Sei que isto traz umas consequências tremendas, porque a editorial na que esteve durante 45 anos nega-me que possa publicar.
Até há uma sentença do Tribunal Superior de Justiça da Galiza dos anos 90 que diz que ninguém pode ser descriminado pela sua forma de escrever, um pleito da universidade de Vigo coa Xunta, que impugna os estatutos desta nos que se admite qualquer grafia. Editoras, prémios, concursos… seguem a ignorar isso.
– ND: Acha que o movimento reintegracionista está a experimentar um pulo nos últimos anos?
– VV: Sim, mas quero matizar que o amor pelo teu país é independente do número de pessoas. Se não defendermos isto, que porvir lhe aguarda, por exemplo, ao euskera? Mas a quantidade no prestígio influi muito. A outra variedade do galego que se fala no Brasil, Angola ou Moçambique chega a 50 milhões de pessoas, para alguns é a quinta língua do mundo.
Ainda que não gostemos do argumento, o número conta decisivamente. Dito isto, se fossemos poucos habitantes, devíamos defende-lo igual, mais tendo esta oportunidade, desperdiçá-la… Durante 200 ou 300 anos galego e português foram o mesmo idioma, e dalguma maneira o galego é pai do português.
Há tempo, dizia-me um catalão: “Estão totalmente tolos”. Já vês o pragmatismo, se el tivesse uma língua que cumas poucas mudanças se convertesse na quinta ou sexta mais falada, o acordo faz-se em quatro horas. Há que lançar-se! Tudo isto num contexto no que um editor de primeira magnitude me disse: “estamos num lio do que há que sair”. E mesmo uma pessoa da Académia [não diz quem] admite: “Eu penso que o reintegracionismo tem razão”. Vê-o tudo o mundo, mas parece que resulta difícil ceder.”

Carlos Negro: “Gústame a poesía contaminada polo día a día das cousas, non perfecta, que corra o risco de ser efémera, aínda que no fondo aspire a perdurar”

Entrevista a Carlos Negro en Palabra de Gatsby:
“(…) – Palabra de Gatsby (PG): Comezamos forte. Que significa a poesía para vostede?
– Carlos Negro (CN): Como lector, significa un asombro, unha expectativa, unha válvula de escape. Un interrogante que esixe de nós un esforzo e unha apertura, saírnos de nós mesmos a través da palabra da Outra ou do Outro. Como escritor, a poesía redúcese a​o poema​: un intento concreto de poñer en tensión a linguaxe para indagar na vida sen concesións gratuítas, a través dun oficio que combina rigor, expectativa, intuición e gozo. (…)
– PG: Como definiría o seu proceso creativo?
– CN: Os procesos creativos son complexos e non sempre responden a pautas estritamente racionais. Hai, polo xeral, unha fase de inicio onde operan estímulos intuitivos, ideas inconexas e soltas, imaxes que nos afectan dun modo inesperado, un magma prelingüístico que vai collendo forma na cabeza, non aínda no papel ou pantalla. Ese magma, remexido durante tempo dun modo introspectivo, vai transformándose no lévedo primario dunha idea global, dun punto de partida para escribir un conxunto de textos que pulan na mesma dirección, aínda que non se saiba ben o destino.
Cando xorde esa idea-forza, adoito incidir en cada poema como parte dun todo, e non como unha peza solta que brille por si mesma; de aí que traballe case sempre cun conxunto de textos que interaccionan entre si, procurando unha estrutura sólida, interdependente, que sume no contraste das partes.
Logo, tras unha primeira fase de escrita bastante libre e salvaxe, onde se deixa aflorar todo o que xorde ​de dentro​, vén o oficio: construción de sucesivos borradores, recolocación de textos dentro dun conxunto dado, adicción ou supresión de versos, depuración de lingua e estilo, fase de repouso e, tras un tempo prudencial, revisión última. E, sobre todo, rigor para eliminar todo aquilo que ​o oído perciba como fanfarria excesiva. (…)
– PG: Como valoraría a situación da poesía actualmente en Galicia? Podería destacar algúns títulos de entre as publicacións máis recentes?
– CN: Unha valoración xusta do momento histórico que vive a poesía galega precisa dun distanciamento temporal e crítico que eu non son quen de facer; desconfío das idades de ouro que ás veces se establecen con certa lixeireza. De todas formas, coido que a nosa poesía goza dunha excelente mala saúde, tendo en conta que escribimos nunha lingua que subsiste con respiración asistida. Aínda así, cada ano leo dous ou tres libros de poesía dun nivel excelente, o que non é pouco para unha literatura dun país relativamente pequeno. Poño exemplos recentes: gocei moito coas ​Fosforescencias de Lupe Gómez, coa ​Feliz Idade de Olga Novo, co Atlas de ​Alba Cid ou con ​A cama do meu avó Manuel Sanmartín Méndez,​ de Celso Fernández Sanmartín, entre outros títulos.”