Alexandre Peres Vigo: “A literatura castelá do século XVII favoreceu a aparición do autoodio entre o galegos”

Entrevista de Cilia Torna a Alexandre Peres Vigo en Nós Diario:
“(…) – Nós Diario (ND): Acaba de publicar Através Editora un libro da súa autoría titulado Do ódio à paródia, onde se analiza o estereotipo antigalego na literatura española do século XVII. Como nace este proxecto?
– Alexandre Peres Vigo (APV): Pois podemos dicir que foi unha sucesión curiosa de feitos. O tema sempre me fascinou, e de feito ese período centrou boa parte da miña tese de doutoramento que tiven a honra de que dirixise Manuel Ferreiro. Hai que dicir que o tema leva décadas sendo estudado e este libro, impulsado por Através, pretende ser unha achega máis, exhaustiva, que nos axude a coñecer mellor esa imaxe, ese estereotipo tan sumamente deformado de nós como colectividade humana, como nación.
– ND: En termos xerais como foron descritos os galegos e galegas desa época na literatura do denominado “Século de Ouro español”?
– APV: Sen dúbida, dunha forma extraordinariamente negativa, e niso hai total unanimidade entre os estudosos e estudosas do tema, dentro e fóra de Galiza. E non é fácil atopar outros casos similares na literatura española. Dun punto de vista moral, eramos acusados de sermos ladróns, traidores, falsos, malos cristiáns ou herexes. Inclusive nos imaxinaba como seres feos e grotescos, de brazos e pés desproporcionados. Algún autor mesmo nos considerou “monstruos”, xa non digamos bestas. O noso idioma, por ser noso, tamén foi tratado de zafio e ridículo. No caso das mulleres esa ridiculización foi moi acusada, negábaselles todo o que a sociedade do momento valorada da muller. Por iso as mulleres galegas sempre son descritas como obscenas, rústicas e de modais baixos. Na maior parte dos casos somos retratados como inmigrantes míseros, criadas e lacaios cobizosos, sucios e bebedores. Podemos dicir que os galegos eramos vistos como a perfecta antítese dos valores cortesáns de Castela. O tema é moi longo mais creo que está ben resumido e organizado no libro. (…)”

A Coruña: actividades do 2 de agosto na Feira do Libro 2023

Tiago Alves Costa: “Corpo, identidade e língua estão intrinsecamente ligadas na experiência humana e na expressão artística”

Entrevista a Tiago Alves Costa no Portal Galego da Língua:
“(…) – Portal Galego da Língua (PGL): A boca no ouvido de alguém, a última novidade editorial da Através, é a primeira coletánea poética da editora, e provavelmente a primeira coletánea -que tenhamos conhecimento- que incorpora autorias de até sete países de fala portuguesa incluíndo a Galiza. Como surge esta ideia?
– Tiago Alves Costa (TAC): É uma ideia que levava há algum tempo na minha cabeça e fui enriquecendo-a com as minhas vivências de 14 anos na Galiza, bem como pelas transformações que eu próprio sofri, assim como descoberta da minha própria identidade galega. Sempre senti que seria vital unir as vozes poéticas deste mapa dialogante e de afetos das várias comunidades de língua portuguesa que nos unem, mas queria fazê-lo a partir da Galiza. Penso que, dessa forma, poderia dar outro sentido a esta antologia, revigorando as línguas, descobrindo as potências libertadoras e criando um ponto de partida para um espaço galego-lusófono real.
– PGL: Angola, Moçambique, Brasil, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Portugal e Galiza. Que encontramos em comum?
– TAC: Claro que a língua nos une medularmente, mas também a amizade, a cultura, a poesia e os afetos, apesar, obviamente, das nossas diferenças, que nos unem também. No entanto, e como menciono no prefácio, acredito que esta antologia ganha outra singularidade ao partir da Galiza, capaz de descentralizar, mas também sendo inclusiva e afetiva, provocando transgressões e fissuras e produzindo novas éticas. E acredito que essa “galeguidade” a que faço referência atravessa todos esses países. Acredito que cada poeta leva consigo um pouco da Galiza consigo.
– PGL: No prologo do livro explicas que um dos critérios na escolha das pessoas participantes é geracional, todas nasceram depois de 1975. De que forma essa data marca um antes e um depois?
– TAC: 1975 é um ano repleto de acontecimentos políticos em todos estes países. É óbvio que há aqui uma data que nos marca que é o 25 de abril, que coloca um antes e um depois. Julgo que a escolha de participantes nascidos depois de 1975 para uma antologia também deve representar uma tentativa de capturar a visão e a experiência de uma geração que cresceu em contextos históricos, políticos e sociais distintos. Cada país viveu as suas próprias transições democráticas, o que torna essa seleção importante para proporcionar novas perspetivas, temas e abordagens enriquecedoras para o panorama literário. Essa abordagem oferece às/aos leitores uma visão, desde o meu ponto de vista, mais abrangente e diversificada da literatura contemporânea. (…)”